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Brasil

"Na medida em que puder, Bolsonaro vai radicalizar a sociedade civil”, diz pesquisador

Para o historiador e professor adjunto de Teoria Política e Pensamento Político Brasileiro da UFPE Diogo Cunha, "a radicalização favorece Bolsonaro. Na medida em que ele puder tensionar a política, radicalizar a sociedade civil, ele fará, porque é algo que o beneficia"

(Foto: ADRIANO MACHADO - REUTERS)
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Paloma Varón, da RFI - Diogo Cunha é professor adjunto de Teoria Política e Pensamento Político Brasileiro na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É doutor em História pela Universidade Paris 1 e tem um pós-doutorado em Ciência Política pela UFPE. Em entrevista à RFI, ele fala sobre a comunicação do primeiro ano do mandato de Bolsonaro e o que podemos esperar para este ano de 2020.

“Bolsonaro deu seguimento a uma forma de se comunicar e a um tipo de discurso e de retórica que precede a eleição dele. Antes de ser eleito presidente, foi um deputado que se fez conhecer por uma retórica extremamente agressiva, radical de direita, de defesa da ditadura. Isso se intensifica com a sua campanha, sobretudo com a difusão das redes sociais, que é como ele tenta estabelecer um elo direto com os seus eleitores, e continua ao longo do mandato”, afirma.

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“Ao contrário do que alguns podiam apostar, ele não mudou de estratégia para se adaptar à liturgia do cargo, deu prosseguimento a este tipo de comunicação. É uma forma de se comunicar tipicamente populista, diretamente com o eleitorado dele, com o mínimo de mediação possível”, pontua.

Fake news

Cunha faz questão de lembrar que o fenômeno das fake news não acontece só no Brasil, “mas aqui ganhou uma dimensão extraordinária com Bolsonaro”. “Qualquer notícia que desagrade ao presidente e a seu grupo é tratada como fake news”, explica.

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Ao mesmo tempo, diz o professor de Teoria Política, a difusão de fake news funcionou claramente durante a campanha: “A gente viu como elas foram difundidas, e isso continua funcionando pós-eleição. Para um determinado eleitorado, eu acho que funciona”, analisa.

Sobre o jornalismo declaratório, que reproduz as frases de efeito do presidente e seu ministro ipsis litteris sem muita análise, o pesquisador acha que existe uma pressão cada vez maior para se ter mais cuidado com o que se difunde.

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“Os grandes jornais, que querem ter uma respeitabilidade, estão começando a ter cada vez mais cuidado com as fake news, alguns deles criaram serviços de checagem de informação. Houve problemas, mas acho que, da parte da grande imprensa, se procura corrigir isso, porque a credibilidade destes grandes meios depende disso”, sinaliza.

“Mas os grandes difusores de fake news não estão nestes jornais já estabelecidos, há uma grande quantidade de blogs e grupos de whatsapp, páginas de internet que não são muito controladas que são os principais vetores das fake news, o que é mais ameaçador”, diz o cientista político.

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Frases de efeito

O primeiro ano de mandato de Bolsonaro foi marcado por frases de efeito como “meninas vestem rosa e meninos vestem azul (Damares), “fazer cocô dia sim, dia não (Bolsonaro)” e outras. Para Cunha, as frases de efeito do presidente e de seus ministros servem tanto de cortina de fumaça quanto para se comunicar diretamente com o povo, o que, segundo ele, também faz parte da estratégia populista.

“É muito característico deste tipo de liderança populista a capacidade que eles se atribuem de ‘falar em nome do povo’. Em geral, o populista se coloca como aquele que tem a capacidade de ouvir o povo e transmitir realmente o que o povo quer, sem muita elaboração, sem muita discussão, sem debate de ideias”, analisa.

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Cunha acha que este tipo de comunicação – “tentativa de contato direto com o eleitorado e retórica agressiva” – deve continuar sendo a tônica não só para 2020 como para os próximos três anos do mandato.

“Eu não acredito que isso venha a mudar agora. A tendência é a continuidade deste comportamento ao longo do mandato. A radicalização favorece Bolsonaro. Na medida em que ele puder tensionar a política, radicalizar a sociedade civil, ele fará, porque é algo que o beneficia”, conclui.

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