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Brasil

Não há verdade que se esconda para sempre

Uma grande parte de nossa história ainda precisa ser reconstruída. Os responsáveis pelas barbaridades cometidas durante as ditaduras civil e militar ainda não foram julgados e condenados

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Em nosso país, acontecimentos recentes comprovam que não há verdade que alguém possa esconder para sempre. Não há silêncio absoluto para a memória. Em algum momento, ela se fará ouvir. Em algum momento ela fará soar aquilo que quiseram calar.

Este é um processo que toca fundo muitas fibras tensas – inclusive as da dor, da humilhação e do esquecimento. Essas são as cicatrizes que poderão impedir novas feridas, novas sangrias. Querer calar o que aconteceu torna-se, cada vez mais, impossível. Pretender negar a memória e adormecer a justiça é anular o presente. Represar essas águas é inútil: elas saberão retomar o seu fluxo. Também dessas águas é feito o presente. São essas águas que conduzirão ao futuro.

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Ao longo do tempo e dos processos judiciais que buscam restabelecer a verdade, resgatar a memória e aplicar a justiça em nosso país. Os desaparecimentos começam a ser explicados. Os responsáveis se tornam conhecidos. A justiça, embora lenta, poderá se concretizar.

Uma grande parte dessa história ainda precisa ser reconstruída. Os responsáveis pelas barbaridades cometidas no período da ditadura civil e militar ainda não foram julgados e condenados. Recentemente, tivemos a publicação do livro "Memórias de uma Guerra Suja", com base em depoimentos de Cláudio Guerra, um policial com participação ativa no período da ditadura. Este policial foi responsável pelo assassinato de inúmeros combatentes nas luta contra o regime ditatorial durante vinte anos, em período recente de nossa história.

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Neste momento, assistimos ao lançamento do livro do amigo e companheiro Renato Dias. Trata-se do livro "Luta Armada/ALN-Molipo/As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz". O livro conta a história não só da mulher que dá nome à obra, mas também de seu companheiro Márcio Beck, do Movimento de Libertação Popular (Molipo) e de outros momentos e episódios da ditadura militar brasileira.

O livro traz a história do assassinato destes combatentes contra a ditadura, ocorrido no estado de Goiás. Considero uma contribuição significativa do amigo e companheiro Renato Dias. Todos nós sabemos do desaparecimento de um irmão do Renato Dias ocorrido em nosso estado. Tenho fé de que mais dias ou menos dias este desaparecimento também será elucidado.

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Acredito seriamente que continuaremos a tropeçar com novas histórias desses tempos tenebrosos. A Comissão da Verdade, criada pela Presidenta Dilma Rousseff, tem uma missão histórica importantíssima: a missão de elucidar inúmeras situações ainda não explicadas. Vários sobreviventes certamente contarão os seus calvários. O seu papel será sacudir o passado e reconhecer alguns de seus algozes ainda não inteiramente identificados ou contribuir para a punição dos responsáveis por crimes hediondos. Os torturadores e assassinos, os ladrões de bebês e os violadores de mulheres deverão ser julgados. Eles deverão ter o direito elementar que negaram às suas vítimas: o direito de defesa. A memória deverá voltar ao seu rumo. A verdade deverá sair do silêncio infame ao qual quiseram que fosse condenada. A justiça deverá se impor.

Não há presente sem passado. Não há presente sem memória. Não há futuro sem presente. Dessa simplicidade, é feita a história. Desse princípio é feita a vida. Nestes momentos, somos tocados pela voz da memória. Há aqueles que se incomodam. Estes sons da liberdade e da justiça incomodam muito a todos os que até o momento tiveram o benefício do silêncio da história. No entanto, é natural que as vítimas resgatem o direito fundamental de saber exatamente o que aconteceu com os seus entes queridos. É natural que seja assim!

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Ainda existem documentos do período da ditadura que até agora continuam secretos. Estes documentos poderão revelar a vasta rede de informações da ditadura. Junto com as atividades da rede, deverão ser revelados nomes de informantes ainda não descobertos.

Muitos preferem o silêncio dos tempos. Este silêncio recobre os seus crimes. No fundo, todos nós sabemos que eles (nem ninguém) não conseguirão esconder a verdade para sempre. Esse é o medo dos infames criminosos que sacrificaram inúmeros patriotas e lutadores pela justiça. Esse pesadelo sacode as suas noites. Eles sabem que sua impunidade está perto de acabar. Em alguma hora a voz da verdade e da memória poderá se fazer ouvir. Quando isto ocorrer, os responsáveis pelo horror e pelo esquecimento perderão de vez sua pequena e miserável vitória, sua única conquista: a impunidade.

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Fausto Jaime trabalha na Secretaria de Estado da Saúde de Goiás como médico sanitarista e gestor público

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