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Não tem espaço para 'muro' nesta eleição, diz Boulos

O líder do MTST e candidato derrotado à Presidência da República no primeiro turno, Guilherme Boulos (PSOL), disse, ao programa Entre Vistas, que vai ao ar nesta terça-feira (16), a partir das 21h, na TVT, que esta eleição é atípica e não há espaço para "ficar em cima do muro"; "Não tem espaço para 'muro' nessa eleição. É um momento histórico", disse; para ele, "temos uma elite que vai fazer de tudo para o Bolsonaro ganhar e depois vai silenciar diante das atrocidades que ele vai cometer"

Não tem espaço para 'muro' nesta eleição, diz Boulos

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Luciano Velleda, Rede Brasil Atual - Uma cena vista na porta do estádio do Pacaembu, em dia de jogo do Corinthians, despertou no então menino Guilherme Boulos o sentimento de revolta contra as injustiças do mundo. Levado pela mão do pai, a criança que estava sendo "iniciada" na paixão futebolística viu um vendedor de amendoim, um homem negro, ser agredido por um policial militar diante do próprio filho, que chorava desesperado. A cena chocou o garoto Boulos que viria a se tornar um corintiano fiel e, segundo ele próprio, acabou tendo relação com seu desejo de lutar contra a desigualdade social, mais tarde expressa na militância por moradia dentro do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Candidato à Presidência da República pelo Psol, Guilherme Boulos contou essas e outras histórias durante o programa Entre Vistas, apresentado pelo jornalista Juca Kfouri e que vai ao ar nesta terça-feira (16), a partir das 21h, na TVT.

Durante quase uma hora de programa, Boulos reconheceu que sua votação no primeiro turno da disputa presidencial foi aquém do esperado, mas ponderou que os votos obtidos não podem ser a "única régua" para avaliar a candidatura do Psol. Isso porque sua campanha tinha o objetivo de tocar em temas difíceis, como a própria crítica à esquerda brasileira, pautar a questão racial e LGBT, discutir um novo modelo de segurança pública, o direito da mulher sobre o próprio corpo e o papel dos bancos no país, entre outros assuntos.

"Nossa candidatura tinha essa missão e acho que fez isso, ajudou a elevar o nível do debate público", afirmou Guilherme Boulos. Sobre a conjuntura política que coloca Jair Bolsonaro (PSL) na liderança das pesquisas de intenção de voto no segundo turno, ele acredita que a elite econômica brasileira ainda tem o DNA da "Casa Grande" e por isso apoia um candidato de extrema-direita. Para Boulos, tal comportamento é consequência do país nunca ter alcançado uma democracia plena e ter mantido, ao longo do tempo, práticas estruturais atrasadas.

"Temos uma elite que vai fazer de tudo para o Bolsonaro ganhar e depois vai silenciar diante das atrocidades que ele vai cometer", projeta o candidato do Psol.

Todavia, Boulos avalia como um equívoco achar que a maioria dos eleitores de Bolsonaro são fascistas como o candidato do PSL. "Alguns são mesmo, os tais 'bolsominions', um grupo pequeno e barulhento, mas o grosso (dos eleitores) é o povo brasileiro que não aguenta mais corrupção, um sistema político em que não se vê representado, e vê no Bolsonaro alguém de fora do sistema."

No programa, Boulos ainda fala de sua expectativa para as últimas duas semanas de disputa eleitoral e comenta sobre o apoio ao candidato Fernando Haddad (PT). "Não tem espaço para 'muro' nessa eleição. É um momento histórico."

Participam também do Entre Vistas a socióloga e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Esther Solano e a professora de literatura e história africana da UneAfro Adriana de Cássia Moreira.

 

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