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No mensalão, quem se deu bem foi Silvinho Pereira

Segundo Elio Gaspari, ele “sentiu o cheiro de queimado”, fez acordo com a Justiça, prestou serviços comunitários e agora está livre, leve e solto

No mensalão, quem se deu bem foi Silvinho Pereira (Foto: Montagem/247)
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247 – De todos os réus iniciais da Ação Penal 470, apenas um preferiu não apresentar a sua defesa e fazer um acordo com a Justiça. Foi Silvinho Pereira. Resultado: ele prestou serviços comunitários e hoje, ao contrário dos antigos companheiros, está livre, leve e solto. Leia na coluna de Elio Gaspari:

Silvinho, o gênio da raça petista

Ex-secretário-geral do partido sentiu o cheiro de queimado, teve sorte e escapou da lâmina do mensalão

Em 2003, Silvio Pereira, secretário de Organização do PT, tornou-se um dos homens mais poderosos do país. Centralizou os registros de candidatos a cargos no governo e, depois da posse de Lula, comandou o Grupo de Trabalhos Eleitorais. Ele foi um dos primeiros petistas a ver em Marcos Valério um gênio das finanças. Quando ia ao Planalto, despachava numa sala próxima à do comissário José Dirceu. Tinha 42 anos e viera de Osasco, onde trabalhara na lanchonete da família, a Cebolinha. Tornou-se uma estrela promissora da nova ordem.

O PT tinha dois propinodutos. Um ficou conhecido como mensalão, o outro, apelidado de "gibi", remunerava companheiros a cargos que pareciam mal remunerados. Conta a lenda que "Silvinho" jogou no lixo as 150 cadernetas de anotações de seus primeiros tempos de poder.

Em 2005 explodiu o escândalo do mensalão e ele foi acusado de formar um triunvirato com José Dirceu e Delúbio. Meses depois, apanharam-no com uma Land Rover de R$ 74 mil, presenteada por um empreiteiro. Deixou o cargo e o partido. Em maio de 2006 deu uma entrevista à repórter Soraya Aggege com a mais detalhada narrativa petista do mensalão. Temia até mesmo ser assassinado. Foi dado por louco. Seus advogados informavam que ele passava por "visível transtorno de adaptação à realidade". Era o contrário, o governo é que transtornava a realidade, como se viu no Supremo.

Silvio Pereira foi um homem de sorte. Não teve cargo público nem há registro de que tenha tocado em dinheiro do Banco Rural. Com isso, o Supremo excluiu-o da denúncia por peculato e corrupção ativa. Sobrou-lhe uma acusação de formação de quadrilha, mas ele foi clarividente: fez um acordo com o Ministério Público e aceitou uma pena de 750 horas de serviços comunitários.

Silvinho protegeu o arquivo de sua memória. Fez um curso de gastronomia e, em julho passado, planejava o cardápio do restaurante de sua irmã, ao lado da sua lanchonete, a Tia Lela, próxima à Prefeitura de Osasco.

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