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O PSL de Bolsonaro reedita o PRN de Collor trinta anos depois

O cientista político Rafael Moreira afirma que o partido de Bolsonaro, o PSL, reedita a trajetória do PRN, partido de Fernando Collor, presidente que sofreu o único impeachment com crime de responsabilidade no país. Ele diz: "o partido-chefe da atual coalizão governista (...) encontra dificuldades para se tornar uma sigla orgânica"

O PSL de Bolsonaro reedita o PRN de Collor trinta anos depois

247 - O cientista político Rafael Moreira afirma que o partido de Bolsonaro, o PSL, reedita a trajetória do PRN, partido de Fernando Collor, presidente que sofreu o único impeachment com crime de responsabilidade no país. Ele diz: "o partido-chefe da atual coalizão governista (...) encontra dificuldades para se tornar uma sigla orgânica."

Em artigo publicado na Revista Fórum, Moreira destaca relembra: "para quem não compreendeu a comparação com o PRN (ou não conhece nossa história política recente), explico. No ano de 1989 seriam realizadas as primeiras eleições presidenciais diretas após nosso processo de transição democrática, e sendo aquela uma eleição “solteira”, ou seja, para apenas um cargo eletivo, nenhum partido viu motivos para deixar de apresentar seu próprio candidato [1]. Este fato também estimulou todo e qualquer aventureiro político que buscasse ter uma projeção nacional, caso de Collor, que conseguisse encontrar uma sigla que proporcionasse espaço para uma candidatura presidencial. Nesse sentido, o então governador de Alagoas, que já havia passado por três siglas, ARENA, PDS e PMDB (qualquer semelhança com a trajetória de Bolsonaro, que já foi filiado a sete partidos, também não é mera coincidência), filiou-se ao Partido da Juventude (PJ), que a partir de então seria renomeado para PRN."

O cientista político ainda destaca que "com a vitória de Collor nas eleições presidenciais daquele ano e conforme se aproximavam as eleições legislativas de 1990 (ainda não havia concomitância na data dos pleitos naquela ocasião) sua sigla passou a atrair todo tipo de oportunistas políticos dispostos a surfar na onda “Collorida”. Nesse sentido, o PRN elegeu naquele ano uma ampla bancada, composta por 40 deputados federais e 5 senadores, que dariam sustentação ao breve mandato do presidente eleito. Nada mal para uma sigla que praticamente estreava na nossa política nacional, mas a bancada teve vida curta. Conforme o governo Collor começava a afundar em popularidade e com a conclusão do seu impeachment em 1992 seu partido “murchou”, evidenciando sua baixa coesão, com boa parte de seus parlamentares abandonando a sigla."