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Brasil

Os descendentes de Adolf Hitler

O racismo no Brasil, é nojento e velado. Se ao menos as pessoas fossem um pouco mais transparentes, saberíamos melhor quem é quem

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No último final de semana, eu estava saboreando um canelone em um certo restaurante,quando no recinto do mesmo entrou um casal jovem, aparentando ter uns vinte e poucos anos.

Esse casal era constituído por uma louraça belzebu,como diz o escritor Fausto Fawcett (olhos azuis,cintura fina, quadril largo, enfim, uma gostosa tipicamente brasileira) e um negro alto, de mais o menos 1,80 de altura, com o cabelo no estilo rastafári. Até aí nada demais na cena presenciada, se não fosse um comentário de um senhor bem vestido,que estava sentado na mesa ao lado da minha.

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O cidadão (tipinho classe média alta brasileira,ou seja,o dono do mundo)não teve a discrição de guardar o seu comentário para si mesmo,dizendo como um bobo da corte,em alto e bom som,para agradar os puxa-sacos que estavam com ele em sua mesa:"Como pode",fitando os olhos de condenação moral (ou sua falta de capacidade de ter uma mulher daquela se não pagar), ao casal que acabara de chegar.

Dessa hora em diante,eu não admirava mais a linda mulher, mas sim, estava possesso, com vontade de voar no pescoço do cidadão, já que me senti ofendido por ser negro também (tem aquela conversinha fiada das pessoas quando dizem para mim: "não você não é negro, é mulato") como se tivesse uma grande diferença entre um e ou outro,como faz o Censo ano a ano,ou as fichas de emprego e pesquisa escolar (nem sei se usa isso ainda). É claro, pedi a conta, não aguentei.

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O racismo no Brasil, é nojento e velado. Se ao menos as pessoas fossem um pouco mais transparentes, saberíamos melhor quem é quem, mas isso já seria demais, pois o racista, é um covarde de marca maior, que se faz sentir e não ouvir, pela sua "superioridade"étnica, e não por outra aptidão, é um jumento funcional, digamos assim. Ano retrasado, estava lendo um jornal de grande circulação nacional,mas precisamente na página de esportes que tratava do tema 'Racismo no Futebol'. Uma torcedora do Palmeiras, estava assistindo ao jogo da sua equipe na arquibancada, e tendo um orgasmo (exagerando) ao olhar o atacante Vágner Love, nessa época atleta do time alviverde.

Perguntada pelo repórter se teria um caso com o mesmo,ela respondeu:"lógico",mas depois perguntada novamente se o namoraria,respondeu na lata: "Claro que não".

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Na cabeça dessa mulher, que por motivos óbvios não teve o nome revelado, o negro só serve para ser um Porfírio Rubirosa, um brinquedo sexual, o homem objeto, qua sacia o seu desejo sexual mais íntimo, mas desfilar ao lado do "cidadão de cor" nos bairros da grã-finagem paulista, nos shopping centers dos bacanas e na festas badaladas da hay society, já é demais, e mamãe e o papai não gostaria de ter um mulatinho na família, pega mal para um sangue azul!

Às vezes eu fico imaginando, que por volta de 1910, o pintor austríaco Adolf Hitler, que ainda não imaginava que seria o Führer (líder) do Deutsches Reich (Império Alemão) e estorricaria 6 milhões de judeus, deve ter dado uma voltinha por essas bandas, transando e engravidando várias donzelas que sentiam uma tara secreta por pintores como Monet (como não tinha cão....), fazendo que gerações de neonazistas se perpetuassem como na época de Abraão.

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Acho que para os racistas de plantão,figuras como o abolicionista Luiz Gama, o líder dos quilombolas Zumbi dos Palmares, o atleta do século Pelé, o geográfo Milton Santos, os cantores Martinho da Vila e Gilberto Gil, a apresentadora Glória Maria, os ativistas Abdias do Nascimento e José Júnior, e tantos outros que eu poderia aqui escrever, deveriam ser extirpados da vida e da história nacional, já que não foram "convidados para o baile", mas assim mesmo, entraram pela porta da frente, sem pedir licença para os seguranças das elites constituídas, seja ela cultural, política, esportiva e etc.

No Brasil não temos negros como presidentes de Vales e Petrobrases da vida. Alguns certamente vão dizer que isso se deve a falta de capacidade,mas como ter capacidade, numa sociedade que não tem nem mesmo consciência do que é, e da sua dívida histórica, que não se pagará nem mesmo, com vários vintes de novembros (Dia da Consciência Negra). Nos EUA (por mais que muitos digam que se trata de um império, aquele velho papo de stalinista decadente como sempre)temos figuras grandiosas como Ursula Burns presidente da Xerox,a diplomata Condoleeza Rice (o fetiche secreto do ex-ditador líbio Muammar Gaddafi), Richard Parsons,o poderoso chefão do Citigroup e porque não dizer Barack Obama, afinal ele é até esse momento (que o Hu Jintao não nos ouça),o homem mais poderoso planeta.

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A cantora Elza Soares, está certa quando diz que a carne mais barata do mercado é a carne negra. A raça ocupa sempre (salve raras exceções) as piores posições na sociedade brasileira em todos sentidos possíveis.

Acredito que existe no Brasil, infelizmente, uma segregação racial invisível, um Apartheid dos Trópicos. Ás vezes ela se manisfesta de uma forma mais escancarada, como na recente propaganda da Caixa Econômica Federal, na qual o maior literato de todos os tempos do país-Machado de Assis-é apresentado como um quase nórdico,ou de forma mais sútil,como no restaurante em que eu estava.

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Lamento muito que o nosso país,em pleno século XXI, que está vigoroso e cada dia mais próspero para a terra-mãe (e mais desigual na repartição dos seus bens,eu disse bens e não esmolas dadas por todos os governos até aqui), traga o espelho babaca da superioridade ariana tão latente em suas veias. O saudoso ator Grande Otelo disse em uma certa oportunidade:"Em alguns brancos existe o senhor de engenho;em alguns mulatos existe o capitão-do-mato;e em todos os negros ainda existe o escravo maltratado em sua senzala".

Não sou tão cruel como Otelo, mas dizer que a escravidão no Brasil acabou com a assinatura da Lei Áurea, é uma mentira que muitos ainda acreditam. As piadinhas (picolé de piche, macacos e tais), o trabalho doméstico por falta de opção (afinal quem vai lavar as privadas dos manatas!), a música do nobre deputado Tiririca (Veja, veja, veja, veja, veja os cabelos dela.. Parece bombril de ariar panela....), a entrada no crime pela humilhação passada em uma loja cheia de clientes que acham que os negros não podem pagar pelos seus bens de consumo, e o olhar perverso com os vitoriosos da raça "inferior", são sinais que a coisa está muito distante de ter um final feliz como a novela das 9 mostra sempre em seus últimos capítulos.

Eder Fonseca é fundador,editor e diretor-geral do portal Panorama Mercantil; www.panoramamercantil.com; eder@panoramamercantil.com; www.twitter.com/_ederoficial

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