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Brasil

Parabéns aos grandes anti-heróis brasileiros

O trabalhador brasileiro é um novo Macunaíma. Nada da indolência própria do personagem de Mário de Andrade, mas pela astúcia e persistência do anti-herói

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O brasileiro é ou não é Macunaíma, o anti-herói preguiçoso? O trabalhador brasileiro é, sim, mas um novo Macunaíma. Nada da indolência própria do personagem de Mário de Andrade, mas pela astúcia e persistência do anti-herói. A maioria dos brasileiros nasce pobre, sem saúde; se estuda, é sem livros e sentado no chão. Mesmo assim, muitos se tornam doutores. O trabalhador fica desempregado, pega o FGTS, abre uma portinha e nasce ali um grande e próspero negócio. A mulher com seus quatro filhos, sem marido, trata de todos e ainda os banca na faculdade, lavando roupas, fazendo pastel, vendendo pelas ruas. Esses são alguns retratos de nossa realidade.

Não temos a figura clássica do herói. Mas o brasileiro – o nosso trabalhador brasileiro da miséria – faz miséria. Ele faz falhar todas as teorias de sucesso alardeadas pelos renomados pensadores e torna-se, de cabeça para baixo, autor de sucesso de sua própria vida.

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E, por isso, o Brasil é um gigante. Em pouco mais de 500 anos de história, estamos erguendo o maior país do mundo. O mais rico em histórias de provação e ação. Devagar, infelizmente devagar – pois nem todos vestiram a capa do novo Macunaíma –, estamos a alcançar patamares econômicos que têm superado EUA, China e o que vier pela frente. Eles estarão na retaguarda. O primeiro será este gigante com a força de um negro nascido índio. Que foi capaz de eleger um operário sem curso superior e uma mulher, condenada – ainda na campanha – a todo tipo de preconceito.

Brasileiros do “jeitinho”. Mas não da trapaça. Da improvisação pelo advento da inteligência e circunstâncias. Até porque quem não tem cão caça é com gato mesmo. O trabalhador–macunaíma resolve com a perícia e a astúcia dos gatos, conferindo-lhe sete vidas ou mais. Talvez muito mais. Morre e renasce, ressurge dia após dia, diante de toda e qualquer dificuldade. O jeitinho brasileiro nada mais é, e talvez sempre foi, do que a nossa imensa capacidade de criar diante das dificuldades. É usar a inteligência nata no esforço de conter a falta de sorte, que em verdade são as coisas adversas.

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E como têm fatores desfavoráveis. As leis trabalhistas vão se adequando à realidade moderna, da internet e da tecnologia. Porém muitos patrões ainda, se pudessem, botavam brutas correntes nos pés de seus operários. Faz-se necessária a mudança de cultura dentro das organizações empresariais. Afinal, estamos todos numa mesma selva, e todos podem ganhar. É possível notar uma tímida atitude, mas quase sempre na linha da responsabilidade social, que muitas vezes é mais para inglês ver. Claro, há exceções. Contudo, infelizmente, o comum é a falta de consciência de muitos patrões – leia-se aqui também governos –, que não investem nos seus colaboradores com escola, cursos, prevenção de acidentes, graduação, pós-graduação e outros inúmeros recursos humanos, de crescimento intelectual ou emocional. Investir no funcionário é fundamental para a empresa, para si, para o outro e para o Brasil.

E nossas mulheres trabalhadoras... Heroínas, macunaímas maiúsculas. Quantas dificuldades enfrentam. Desde a tão dolorosa dupla, talvez tripla, jornada de trabalho. Muitas chefes sozinhas, a provedora da maioria dos lares. Investem tempo de 48 horas por dia, sangue e suor na própria profissionalização, na educação dos filhos, na valorização da família como fonte de amor e sucesso; é sem dúvida o futuro deste País.

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Encerro com um tributo e um alerta a respeito de um trabalhador extremamente marginalizado, em todos os sentidos. Muitos jovens estão se profissionalizando no mundo do crime. Meninos e meninas se tornam empregados do tráfico ou da prostituição, pela falta de oportunidades ou pelo sonho de uma vida fácil. Morrem trabalhando na venda de entorpecentes que vão matar mais tantos. São aliciados pela máfia e se tornam reféns. Muitos, ingênuos, entram pensando ser um trabalho, uma forma de ajudar a família pobre. É preciso tomar medidas urgentes para conter a matança de inocentes nessa grande empresa do tráfico.

Sim, somos capazes de superar tudo. Até isso. Afinal, somos novos macunaímas e vamos caminhando, sorrindo, chorando, cantando, mas seguindo em frente. “Brasil! Mostra tua cara. Quero ver quem paga. Pra gente ficar assim. Brasil! Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confie em mim”. Neste mês dos trabalhadores, parabéns a todos nós, os grandes anti-heróis brasileiros!

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