Paulo Guedes gostaria que o Estado não existisse, afirma economista
A economista e professora da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP), Leda Paulani afirma que "o economista Paulo Guedes é aquele que gostaria que o Estado não existisse". Segundo ela, até admite-se a existência do Estado, mas ele tem que se meter o menos possível no jogo do mercado", afirma
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Do Brasil de Fato - A economista e professora da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP), Leda Paulani analisou as propostas do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, conhecido como o "guru econômico" de Jair Bolsonaro (PSL).
"O economista Paulo Guedes é aquele que gostaria que o Estado não existisse. Então admite-se o Estado, mas ele tem que se meter o menos possível no jogo do mercado", afirma. A especialista alerta que Guedes é um indicativo de que o programa neoliberal abraçado pelo governo Temer irá se aprofundar ainda mais, com amplas privatizações.
De acordo com Leda, o Brasil vai ter a partir de janeiro um governo fascista, mas que foge do fascismo clássico. Para ela, Bolsonaro mantém um nacionalismo de fachada, já que "o nacionalista não bate continência para bandeira estadunidense". Ela ainda comenta que "nos governos do PT, com o fortalecimento do Mercosul e países da América Latina, foi se criando uma força que começou a incomodar os interesses dos EUA. O governo Bolsonaro claramente se aliou aos EUA e voltou a ser uma política inerte e subserviente", conclui.
A reforma da Previdência é outro ponto importante que indica a política neoliberal de Bolsonaro. Paulani explica que existem dois tipos de sistema previdenciário. O regime de repartição é um deles. Baseado na ideia de que a sociedade é responsável por seus cidadãos, é este sistema que está por trás do INSS. Neste sistema, ela explica que o discurso sobre déficit não faz sentido pois a repartição funciona em esquema de tripé, onde há contribuição dos trabalhadores, Estado e empresas. Esse regime cresce quando o emprego cresce.
Já o outro é o regime de capitalização. Segundo a economista, esse sistema é o oposto e está totalmente associado com mercado financeiro. Há um vínculo muito restrito entre contribuidor e empresa, que vai gerando um volume de riqueza financeira que gera os recursos para pagar, no futuro, o benefício de quem contribuiu. Esse regime é perigoso porque "pode acontecer tragédia na gestão desses fundos", afirma Leda. "O discurso era de: 'vamos salvar a Previdência', mas desse jeito nós vamos matar a previdência. Porque se o Estado sai da cena e não garante mais, quem ocupa? O mercado privado. O mercado financeiro privado está de olho nisso desde o final dos anos 70".
Sobre as fake news e a onda de desinformação que protagonizou as eleições de 2018, Leda alerta sobre o poder do WhatsApp. A economista lamenta que os grupos fechados "formam bolhas de informação tão forte que nem a razão consegue vencer". "A pessoa escolhe o que ela quer que seja verdade, mesmo que você prove que aquilo foi construído e é uma mentira, ele escolhe, não é um processo racional e isso assusta muito. É uma evidência de que a razão está em baixa no mundo", analisa a professora.
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