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PF engaveta investigação sobre morte de um de seus melhores

Na manh de 5 de janeiro de 2011, no Recife, o agente Jorge Washington Cavalcanti de Albuquerque, o Careca, prendeu um traficante, com 17 kg de pasta-base de cocana; minutos depois, o carro onde estava foi alvejado por policiais civis

PF engaveta investigação sobre morte de um de seus melhores (Foto: DIVULGAÇÃO)
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Claudio Julio Tognolli _247 - Ciosa em montar operações espetaculares, com homens de preto invadindo lares e empresas, em ações na maioria das vezes não contempladas pelas cortes superiores, a Polícia Federal tem comportamento diverso quando trata da própria carne. Nesta quinta-feira completa-se um ano do assassinato, por policiais civis, de um dos agentes mais experientes da PF. E o caso só não vai para a frente porque, creia, a própria PF sentou em cima do inquérito.

Um ás no combate ao narcotráfico, o agente federal Jorge Washington Cavalcanti de Albuquerque, o “Careca”, contava 30 anos de corporação e 57 de idade. Na manhã de 5 de janeiro de 2011, no Recife, o Careca prendeu um traficante, com 17 kg de pasta-base de cocaína. Careca e seu parceiro, o agente Sílvio Romero Moury Fernandes dos Santos, meteram o acusado num taxi. Os três seguiram rota, já que os policiais buscavam o contato daqueles que comprariam os 17 quilos de pasta-base de cocaína. Mas, quando entraram na BR-232, policiais civis que também estariam investigando o mesmo caso, abriram fogo contra os dois. Jorge Washington morreu logo após dar entrada no hospital. O outro policial também foi alvejado, mas sobreviveu.

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Inquérito Policial nº 013/2011, instaurado pela Superintendência Regional da Polícia Federal em Pernambuco, está parado. São dezenas de depoimentos, laudos não terminados.

Alguns desdobramentos ainda jogam sombras sobre o caso. Segundo relato do motorista do táxi que transportava os dois policiais federais, o Gol branco que os levava os policiais civis parou logo à frente do táxi. Súbito, o carro dos policiais civis teria dado marcha ré, eles desceram e começaram a abrir fogo contra o carro onde estavam os policiais federais. O motorista disse que, em nenhum momento, os policiais civis se identificaram.

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Algumas barbarides não esclarecidas: os policiais civis se preocuparam em recolher cápsulas deflagradas no local; um dos policiais, identificado como delegado da Polícia Civil de Pernambuco, recolheu a arma do agente morto; o local não foi preservado até a chegada dos peritos.

A Polícia Federal abandonou a família do agente Careca à própria sorte, sem dar satisfações mínimas sobre como anda o caso. Nada parecido com as mega-operações que você assiste na televisão. Só para lembrar: as operações da PF aumentaram quinze vezes durante o governo Lula. Pularam, por exemplo, de 16 em 2003 para 143 até agosto de 2009. De 2003 para 2010 o número de funcionários da PF pulou de 9.231 para 14.575, um crescimento de 58%. Lula botou nas ruas, 1.244 operações, o que representa 25 vezes mais do que as 48 tocadas pela PF no governo Fernando Henrique Cardoso.

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No caso da própria carne, a PF não é clara sobre sua própria omissão. A Polícia Civil de Recife sustenta que não pode esclarecer o caso enquanto a PF não fizer a sua parte nas diligências.

No caso do agente Careca, passado um ano do crime uma das diligências importantes que ainda não foi concluída no inquérito é um laudo do Instituto Nacional de Criminalística (INC), da própria PF, em Brasília. Outro laudo que estaria pendente, a cargo do Núcleo de Identificação (NID) da superintendência da PF em Pernambuco, teria sido juntado recentemente aos autos do inquérito.

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A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, cujo titular é o delegado federal Wilson Salles Damázio, à época, divulgou uma nota à imprensa informando que tudo seria apurado com rigor no âmbito administrativo- disciplinar, pela Corregedoria Geral da Polícia Civil.

O processo administrativo disciplinar instaurado pela Polícia Civil depende das conclusões do inquérito da Polícia Federal. As autoridades pernambucanas aguardam o resultado das investigações da PF para encaminhar a apuração interna sobre a conduta dos policiais civis.

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O presidente do Sindicato dos Policiais Federais de Pernambuco (Sinpef/PE) e diretor parlamentar da Fenapef, Marcelo Pires Teixeira, informou que a entidade tem feito gestões junto ao Ministério Público Federal e ao Superintendente Regional da PF no estado, com objetivo de cobrar a conclusão das investigações. “Perdemos um valoroso colega e até agora a Polícia Federal, que era sua casa, não conseguiu concluir o IPL e elucidar as circunstancia dessa tragédia”, lembra Marcelo.

As pressões feitas pelo sindicato começam a surtir efeitos. De acordo com o presidente do Sinpef/PE, o atual superintendente da PF, delegado Marlon Jefferson de Almeida, há pouco mais de cinco meses no cargo, está adotando providências para acelerar o caso. Não está descartada a possibilidade de substituição do delegado responsável pela condução do inquérito. Em seu lugar, assumiria outro delegado, de São Paulo, que no início das investigações atuou no caso, de forma mais célere.

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O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Marcos Vinício Wink, frisa que a morosidade da PF em apurar as circunstâncias e eventuais responsabilidades em relação à morte de um colega, durante uma operação policial, constrangem os policiais federais de todo o País. “Essa situação revela descaso e incompetência, além de burocratização e ineficiência do inquérito policial. Se essa inércia existe na investigação sobre a perda de um agente da própria casa, o que pensar de tantos outros inquéritos que tramitam há anos sem solução", critica Wink.

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