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Irmã de Adriano da Nóbrega diz em escuta da polícia que Planalto ofereceu cargos em troca da morte do miliciano

"Já tinham dado cargos comissionados no Planalto pela vida dele, já. Fizeram uma reunião com o nome do Adriano no Planalto", diz a irmã do miliciano em uma escuta policial

Adriano Magalhães da Nóbrega e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução | REUTERS/Adriano Machado)
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247 - Uma escuta telefônica feita pela Polícia Civil do Rio de Janeiro mostra Daniela Magalhães da Nóbrega, irmã do ex-policial e miliciano  Adriano Magalhães da Nóbrega, morto durante um suposto tiroteio em operação policial na Bahia, afirmando que o Palácio do Planalto teria oferecido cargos comissionados em troca da morte do ex-capitão da Polícia Militar. As escutas teriam sido gravadas há dois anos.

De acordo com os áudios divulgados pela Folha de S. Paulo, durante uma conversa com uma tia dois dias após a morte do miliciano, Daniela diz que Adriano teria ficado sabendo da existência de uma reunião “envolvendo seu nome no palácio e do desejo de que se tornasse um ‘arquivo morto’” apenas dois dias antes de sua morte.

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"Ele já sabia da ordem que saiu para que ele fosse um arquivo morto. Ele já era um arquivo morto. Já tinham dado cargos comissionados no Planalto pela vida dele, já. Fizeram uma reunião com o nome do Adriano no Planalto. Entendeu, tia? Ele já sabia disso, já. Foi um complô mesmo", diz Daniela na gravação autorizada pela Justiça. "Ele falou para mim que não ia se entregar porque iam matar ele lá dentro. Iam matar ele lá dentro. Ele já estava pensando em se entregar. Quando pegaram ele, tia, ele desistiu da vida”, afirma ela em outro trecho da escuta. 

Adriano da Nóbrega, que era ligado ao Clã Bolsonaro, foi morto em 9 de fevereiro de 2020 durante um cerco policial na Bahia. Ele também era suspeito de envolvimento no esquema da "rachadinha" no antigo gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

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Procurados, o Palácio do Planalto e a defesa de Daniela não se posicionaram sobre o conteúdo das escutas.

Leia matéria do Brasil de Fato que faz retrospectiva do caso do assassinato de Marielle, no qual Adriano da Nóbrega é citado:

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Brasil de Fato - Nesta segunda-feira (14), a execução da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, completa quatro anos. Neste período, a apuração do crime ainda não deu conta de encontrar o mandante do assassinato. No mapa da investigação, porém, milicianos, ex-policiais e políticos do Rio de Janeiro figuram como suspeitos.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) já negou, por diversas vezes, que tenha ligação com milicianos. “Sou ex-capitão do Exército brasileiro e muitos policiais militares do Rio de Janeiro são bons amigos meus. Por coincidência um desses supostos assassinos de Marielle morava do lado oposto da minha rua", disse, em março de 2019, à emissora Fox News.

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Em fevereiro de 2020, voltou a ser questionado sobre o assunto e respondeu: “Eu não conheço a milícia do Rio de Janeiro, não existe nenhuma ligação minha com a milícia do Rio de Janeiro, não existe nenhuma ligação minha com milícia no Rio de Janeiro, zero, zero”.

Nesta reportagem, o Brasil de Fato mostra qual a relação dos citados no caso da morte de Marielle Franco e Anderson Gomes com a família Bolsonaro.

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Um dos acusados do assassinato de Marielle é vizinho do presidente

No decorrer das investigações do assassinato de Marielle Franco ficou constatado que o policial reformado Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora do Psol, era vizinho de Bolsonaro. Ambos moravam no condomínio Vivendas da Barra, na mesma rua, no Rio de Janeiro. “Não lembro desse cara. Meu condomínio tem 150 casas”, disse o presidente segundo a Folha de S.Paulo, em café da manhã com alguns jornalistas.

Namoro de filha de acusado do assassinato com Jair Renan Bolsonaro

Em 2019, o delegado Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro e um dos responsáveis pelas investigações da execução de Marielle Franco, confirmou que a filha de Ronie Lessa, preso sob acusação de ser um dos autores do homicídio, namorou um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o caçula Jair Renan Bolsonaro.

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Foto de Elcio Queiroz com o então candidato Jair Bolsonaro

Após a prisão, foi revelado que o cúmplice de Lessa na execução, o ex-PM Elcio de Vieira Queiroz, publicou uma imagem em que aparece lado a lado com Bolsonaro em 4 de outubro de 2018, às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial. Dias antes, em 25 de setembro, o mesmo perfil postou uma gravação de um show de Paulo Ricardo com a legenda "Homenagem de Paulo Ricardo (RPM) ao Capitão Bolsonaro!"

Passaporte diplomático para família Brazão

João Vitor Moraes Brazão e Dalila Maria de Moraes Brazão, filho e esposa do deputado federal Chiquinho Brazão (Avante-RJ), receberam do Itamaraty o passaporte diplomático em 9 de julho deste ano. O parlamentar, que também possui o documento, é irmão de Domingos Inácio Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) acusado de obstruir as investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, ocorrido em março de 2018, e suspeito de ser um dos mandantes do crime. Os integrantes da família Brazão estão em uma lista com os 1694 passaportes diplomáticos emitidos pelo governo Jair Bolsonaro (PSL), a qual o Brasil de Fato teve acesso por meio da Lei de Acesso à Informação.

Adriano da Nóbrega: morte suspeita

O miliciano Adriano da Nóbrega, ex-oficial do Bope, é apontado como chefe da organização criminosa Escritório do Crime. Assassinado no dia 9 de fevereiro de 2020, após uma operação policial que tentava capturá-lo na Bahia, depois de um ano foragido, ele é figura-chave para compreender diversos crimes, mas também para entender a relação do clã Bolsonaro com as milícias cariocas.

Flávio empregou mãe e esposa de miliciano

No mandato do então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), trabalharam a ex-esposa e a mãe de Nóbrega, Danielle Mendonça da Costa e Raimunda Veras Magalhães, respectivamente. Elas receberam um total de R$ 1.029.042,48 em salários e repassaram R$ 203 mil para Fabrício Queiroz, respeitando o esquema estabelecido no gabinete para beneficiar o parlamentar, de acordo com a denúncia do MPE.

Homenagem de Flávio e amizade com Queiroz

A amizade também é a natureza da relação entre Adriano da Nóbrega e Queiroz, que se conhecem desde 2003, quando serviram juntos no 18º Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ). Justamente neste ano, Nóbrega recebeu a primeira homenagem de Flávio Bolsonaro na Alerj. A segunda viria em 2005, ano em que o ex-agente do Bope foi julgado e condenado por um júri popular, por conta de um homicídio.

Apoio de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados

Durante o seu julgamento, Nóbrega recebeu um apoio importante, do então deputado federal Jair Bolsonaro. Após a audiência que culminou na condenação do miliciano, o atual presidente da República foi até a tribuna da Câmara dos Deputados e defendeu o militar. “Ele sempre foi um brilhante oficial”.

Vereador citado no caso é autor de PL que favoreceu Michelle e Jair

Em maio de 2021, o vereador Marcello Siciliano foi mencionado por uma testemunha, por suposto envolvimento na morte de Marielle. Siciliano chegou a ser preso, mas pouco tempo depois seu envolvimento foi descartado. Empresário da construção civil e cumprindo seu primeiro mandato na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Marcello Siciliano se elegeu em 2016, com votação expressiva na zona oeste do município, em regiões controladas pelas milícias, como Rio das Pedras.

Em dezembro de 2018, a Câmara Municipal aprovou um projeto de Marcello Siciliano, em parceria com os vereadores Felipe Michel (PSDB) e Inaldo Silva (PRB), que autorizava a Igreja Batista Atitude, na Barra da Tijuca, a construir uma templo novo e maior, que já foi inaugurado. A igreja é frequentada por Michelle Bolsonaro e Jair Bolsonaro, que receberam, inclusive, uma festa de despedida dos fieis quando foram morar em Brasília.

Citado também foi homenageado por Flávio Bolsonaro

Outro importante personagem do Escritório do Crime, o major Ronald Paulo Alves, apontado por uma testeminha como responsável por organizar o grupo de assassinos que executariam Marielle Franco e Anderson Gomes, também foi homenageado por Flávio Bolsonaro na Alerj. Em 2004, o filho do presidente celebrou uma ação comandada por Alves que terminou com três mortes. Um ano antes, em 2003, o major teria participado da chacina de cinco jovens dentro da boate Via Show, em São João de Meriti. Quatro policiais já foram condenados pelo caso e somente o agente condecorado por Flávio Bolsonaro ainda não foi julgado.

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