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Preto Zezé celebra ação do BNDES Periferias e destaca potência econômica das favelas

Novo programa reduz contrapartida, abre R$ 235 milhões em editais e reconhece comunidades como protagonistas do desenvolvimento nacional

Preto Zezé, presidente da Cufa-RJ, destaca que a favela deve ser vista como espaço de potência e investimento, e não apenas de carência (Foto: Reprodução/GOV CE | Agência Brasil )

247 - Por muito tempo, a favela foi retratada apenas como território de carência e violência, associada a políticas assistenciais de curto prazo. Essa visão, no entanto, não traduz a realidade. Como destaca o ativista e presidente da Central Única das Favelas (Cufa-RJ), Preto Zezé, em artigo publicado no jornal O Globo em 1º de setembro de 2025, essas comunidades são centros de criatividade, consumo, inovação e redes de solidariedade que movimentam bilhões de reais na economia brasileira.

Segundo ele, a criação do programa BNDES Periferias marca uma mudança de paradigma. “Pela primeira vez, o principal banco de desenvolvimento do país reconhece que a favela não é problema, mas solução”, afirma. A iniciativa reduz drasticamente a exigência de contrapartida: de 50% para apenas 10%, permitindo que o BNDES financie até 90% do valor de projetos de até R$ 5 milhões por CNPJ. Acima desse limite, permanece a regra tradicional de 50%.

Na prática, coletivos, organizações e empreendedores periféricos passam a disputar recursos em condições mais justas. Ao todo, serão R$ 235 milhões distribuídos em quatro frentes: Periferias Verdes (focada em economia circular, agricultura urbana e resiliência climática), Periferias Fortes (com capacitação e governança), Polos Periferias (espaços comunitários de inovação e empreendedorismo) e Periferias Empreendedoras (voltada à transformação da economia de sobrevivência em negócios sustentáveis).

Mais do que um edital, o programa reposiciona o papel do banco público. O BNDES, antes restrito ao financiamento de grandes empresas, passa a se apresentar como parceiro direto do desenvolvimento nas bordas urbanas. “O papel do BNDES Periferias é ser catapulta, não coleira. Apoiar sem domesticar. Estimular sem impor modelos prontos”, defende Preto Zezé.

O ativista ressalta que investir na favela não deve ser visto como filantropia, mas como estratégia de desenvolvimento. Os impactos vão além da geração de emprego: fortalecem cadeias produtivas, aumentam o consumo local, fazem circular renda e fortalecem a autoestima coletiva. “Cada real investido se multiplica em impacto”, afirma.

O programa também abre precedente para que outras instituições financeiras e investidores privados sigam o mesmo caminho. Ao simplificar o acesso ao crédito e direcionar recursos significativos para as mãos periféricas, o BNDES inaugura um ciclo de políticas públicas mais conectado à vida real, menos centralizado e mais sustentável.

Para Preto Zezé, apostar na favela é apostar no futuro do Brasil. “A favela como lugar de investimento não é apenas conceito, é o futuro que o país precisa construir”, diz. A mensagem é clara: sem o desenvolvimento das periferias, não há desenvolvimento nacional.