Preto Zezé: 'o milionário que quer colonizar outro planeta poderia resolver o problema da fome'
"O milionário que quer colonizar outro planeta poderia resolver o problema da fome com um percentual mínimo de sua fortuna", diz o presidente da Central Única das Favelas
247 - O presidente nacional da Central Única das Favelas (Cufa), Preto Zezé, diz, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, que “a economia talvez seja o terreno mais hostil” para posicionar as favelas “no cenário do capitalismo dependente, erguido sob anos de escravidão e monopólio da riqueza. Um projeto de país que cria desigualdade e injustiça não condiz com a prometida divisão do bolo nem com o padrão de consumo insustentável”.
“Na favela moram 15 milhões de trabalhadores sem acesso a políticas públicas mesmo pagando impostos e produzindo R$ 137 bilhões por ano. Está na hora de apresentar nossa conduta frente a essa realidade”, ressalta.
“Esperar o bolo crescer para dividi-lo é uma possibilidade antiga; não cola mais. Poderíamos alimentar sete planetas com a comida que produzimos. O milionário que quer colonizar outro planeta poderia resolver o problema da fome com um percentual mínimo de sua fortuna”, afirma o ativista em referência aos projetos do bilionário sul-africano Elon Musk.
Para ele, “não dá para esconder que estamos por conta própria, e nosso discurso social enquanto movimento precisa evoluir para um lugar longe da misericórdia e da responsabilidade social. Precisamos falar sobre poder e economia, que definem tudo. E, como somos a massa que produz, não podemos aceitar que nosso lugar seja sempre no cativeiro das desgraças e tragédias”.
“Aos políticos, em ano eleitoral, que se preparem para encontrar uma favela mais exigente, que ressurge no precário para viver em um país diferente e inclusivo. Concedendo segunda chance para o Brasil se constituir como nação e não nesse amontoado de mágoas, desigualdades e racismo por todos os lados”, finaliza.
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