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      Professora agredida por aluno denuncia mensagens de ódio

      Além das agressões físicas causadas por um aluno de 15 anos, a professora Márcia Friggi, de Indaial (SC), está sofrendo uma avalanche de mensagens de ódio nas redes sociais depois de sua postagem; muitas pessoas escreveram a ela dizendo que ela merecia as agressões por ser feminista e esquerdista: "Já atingiram o meu olho, mas não vão me calar. Nas redes sociais tenho todo o direito de me expressar", disse Márcia, que tem dois empregos para sustentar a família

      Além das agressões físicas causadas por um aluno de 15 anos, a professora Márcia Friggi, de Indaial (SC), está sofrendo uma avalanche de mensagens de ódio nas redes sociais depois de sua postagem; muitas pessoas escreveram a ela dizendo que ela merecia as agressões por ser feminista e esquerdista: "Já atingiram o meu olho, mas não vão me calar. Nas redes sociais tenho todo o direito de me expressar", disse Márcia, que tem dois empregos para sustentar a família (Foto: Charles Nisz)
      Charles Nisz avatar
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      247 - Os ferimentos causados no rosto da professora Marcia Friggi, de 51 anos, professora de língua portuguesa e literatura de Indaial, em Santa Catarina, ganharam as redes sociais. Mas não foram as únicas agressões sofridas pela docente. 

      Muitas pessoas escreveram a ela dizendo que ela merecia as agressões por ser feminista e esquerdista. "Já atingiram o meu olho, mas não vão me calar. Nas redes sociais tenho todo o direito de me expressar", afirmou Márcia, que tem dois empregos para sustentar a família. 

      "Exerço uma das profissões mais dignas do mundo, com um salário miserável", disse a professora, com voz embargada, em entrevista à BBC Brasil. Para Márcia, os professores foram abandonados por sucessivos governos e reféns de famílias incapazes de educar seus filhos. De acordo com ela, "esta é a geração de cristal: de quem não se pode cobrar nada, que não tem noção de nada", lamenta.

      Conforme relatou em uma postagem no Facebook, já compartilhada mais de 321 mil vezes, Márcia pediu que o aluno colocasse um livro que estava entre as pernas sobre a mesa. Após xingar a professora, o jovem de 15 anos jogou o livro em direção a ela. Ao encaminhar o jovem para a diretoria da escola, ela levou socos.

      Pesquisa realizada em 34 países no ano de 2014 revelou que 12,5% dos educadores brasileiros sofreram agressões verbais ou intimidações de alunos ao menos uma vez por semana. A média entre todos os países foi de 3,4%. A polícia de Indaial registrou ocorrência na manhã desta segunda-feira (21). O adolescente deverá depor ainda nesta semana por lesão corporal. 

      Em 2016, o mesmo jovem já havia sido denunciado por lesão corporal contra a própria mãe e, em 2017, por ameaça contra um Conselheiro Tutelar, que acompanha o desenvolvimento do rapaz. Na ocasião, o jovem havia afirmado que daria um soco no rosto do profissional, tal como acabou fazendo com Friggi.

      Junto com manifestações de solidariedade, a professora foi alvo de mensagens de ódio de pessoas que a culparam pelo incidente. Os internautas acusaram-na de ter feito comentários elogiosos à uma ovada recebida peloo deputado federal Jair Bolsonaro.

      Nos comentários, ela leu que "apanhou pouco" e que "se a senhora e vários outros professores se preocupassem em ensinar ao invés de imbecilizar os alunos, cenas como essa não existiriam nas escolas. Você é culpada por incentivar o desrespeito, a falta de educação, o vitimismo e o coitadismo".

      Além da violência, os professores brasileiros são mal-remunerados. Levantamento da OCDE, de 2016, mostrou que os docentes dos ensinos fundamental e médio do país recebem menos da metade do que a média dos profissionais da educação dos 35 países membros da organização.

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