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Brasil

Raio-x do trânsito: brasileiro culpa "o outro"

Pesquisa do governo obtida com exclusividade por 247 mostra que trs entre quatro motoristas acreditam no fazer nada de errado ao volante; mas ndice de acidentes crescente; campanha nacional de conscientizao ser lanada na quarta-feira

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Rodolfo Borges_247, de Brasília – Três em cada quatro brasileiros se enxergam como solução em vez de problema no trânsito. Essa proporção explica a dificuldade que as autoridades nacionais enfrentam para modificar o comportamento de motociclistas, motoristas e pedestres do país, avalia o Ministério das Cidades. Responsável por coordenar as ações de educação no trânsito, o Ministério encomendou um estudo sobre o comportamento do brasileiro nas estradas e, baseado em seus resultados, planeja uma grande mobilização nacional a ser lançada até julho.

O grande desafio da campanha é fazer as pessoas considerarem que elas podem ser o problema. Dos mais de 2 mil entrevistados na pesquisa, 75% não consideram que precisam mudar suas atitudes. “Observa-se que a maioria dos problemas é atribuída às práticas dos ‘outros’ atores, e quase nunca à própria conduta ao volante, nas ruas e calçadas”, conclui o levantamento feito pela Checon Pesquisa a pedido do Ministério das Cidades e obtido com exclusividade pelo Brasil 247. “Apenas quando indagados de forma objetiva sobre certas atitudes (como o uso do cinto no banco traseiro, o respeito aos limites de velocidade, a preocupação em beber e dirigir, o uso da faixa de pedestre, etc.) é que alguns reconhecem falhas e passam a se ver mais como problema do que como solução”, diz o texto.

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O raciocínio fica bem claro no trecho da pesquisa em que cada ator do trânsito é questionado sobre quem considera a principal ameaça nas ruas. Apenas os motoristas de carro veem em seus iguais o “principal adversário”. Ciclistas e motociclistas acham que a culpa costuma ser dos motoristas de carro. Já os motoristas profissionais culpam os ciclistas. Outro dado curioso do levantamento: 66% dos brasileiros acreditam que as multas melhoram o trânsito. Quando se trata apenas de jovens de 16 a 17 anos (que não têm carteira de motorista), o percentual é de 85% - e esse percentual vai caindo de acordo com a elevação da idade.

As novas informações vão embasar as campanhas de educação do trânsito do país de agora em diante, consideradas limitadas pelo próprio governo. Para o Ministério das Cidades, o problema está na desarticulação dos esforços e na falta de longevidade das campanhas. “Nossa estratégia para este ano é ter uma mobilização constante para enfrentar o problema e envolver a sociedade nos esforços. Só com persistência e longevidade se alcança mudança no comportamento”, resume Marcier Trombiere, chefe da comunicação do Ministério das Cidades e responsável por articular as ações. Segundo ele, o Ministério se prepara para lançar uma grande campanha até o fim do semestre e, nesta semana, propõe um pacto nacional para a redução da violência no trânsito.

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Na próxima quarta-feira, os ministérios das Cidades e da Saúde lançam, junto com as Nações Unidas (ONU), a meta de reduzir os acidentes do país pela metade até 2020. O pacto está em consonância com a campanha prevista para começar até julho no Brasil. No caminho do Ministério, apenas a limitação dos recursos. O orçamento da campanha é de R$ 120 milhões, mas dois terços do valor estão contingenciados, reservando apenas R$ 40 milhões para 2011. Para bancar a diferença, os organizadores estão atrás de montadoras, concessionárias e toda e qualquer entidade social disposta a colaborar com os esforços. “Tem de ser uma mobilização robusta, senão não vai funcionar”, considera Trombiere.

Estratégias

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O plano do Ministério das Cidades é sustentar as campanhas de educação no trânsito para além de vésperas de feriado – a que elas se restringem hoje – e se valer intensamente das redes sociais da internet. Os dados coletados na pesquisa pelo Checon também indicam a necessidade de simplificar o conteúdo das mensagens, já que uma em cada cinco pessoas pertencentes às classes D e E (ou com até o primeiro grau) não foram atingidas pela última campanha.

A pesquisa aponta ainda os jovens como “escolha natural” como principal alvo da campanha, pois eles demonstram menos preocupação com o assunto e só se sensibilizam depois de acidentes, sustos ou a perda de algum parente ou amigo. Os motociclistas questionados também apontaram os acidentes como principal fator de mudança de comportamento. Somado ao fato de que os motoristas não se enxergam como problema, o relatório constata que “não paira sombra de dúvida sobre a necessidade das campanhas de trânsito adotarem um tom bem mais contundente e agressivo na forma de se comunicar.”

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Quando questiona a população sobre as soluções para combater a violência nas estradas, a pesquisa faz um corte regional. Para os moradores das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a melhor forma de melhorar o trânsito é investir em campanhas de TV, rádio e outdoors. Os moradores do Sudeste defendem “punições mais severas” como a melhor estratégia. No Sul, a população acredita no investimento em educação (querem mais rigor nas autoescolas). “Multar e fiscalizar” ficou com o último lugar em todas as regiões entre as cinco sugestões de melhoria apresentadas.

Campanhas

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A campanha de educação no trânsito do ano passado, que destacou a utilização da cadeirinha para crianças e do cinto de segurança no banco traseiro, não surtiu grande efeito. Apesar de 76% dos brasileiros lembrarem da campanha sobre a importância de utilizar o cinto e 85% dos pais motoristas terem recebido a mensagem de que seus filhos devem trafegar nas cadeirinhas para estarem em segurança, as ações do governo só foram capazes de alterar o comportamento de metade daqueles que lembram das propagandas.

A pesquisa constatou que apenas 37% dos brasileiros lembravam da última campanha de trânsito do país, mas a proporção subiu para 76% quando os participantes foram indagados sobre um dos principais motes da campanha, o uso do cinto de segurança no banco traseiro. Apesar da aparente eficiência na passagem da mensagem desejada, apenas 30% dos brasileiros dizem usar o cinto no banco de trás. No caso das cadeirinhas de bebê, 85% dos pais motoristas (com crianças até 7 anos) foram atingidos pela campanha, e apenas 11% admitiram já fazer uso do equipamento.

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