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Brasil

Ricardo Bellino ao 247: “De louco o Trump não tem nada”

Seu ex-sócio e o brasileiro que melhor conhece Donald Trump, a quem foi apresentado por John Casablancas, há 14 anos, o carioca Ricardo Bellino, hoje residente em Miami, garante que "de louco ele não tem nada"; nessa entrevista exclusiva ao 247, Bellino repele a "lenda" criada pela imprensa sensacionalista americana de que Trump seria trapaceiro; "Eu nunca soube que o Donald Trump tenha feito alguma pirâmide financeira! Que tenha roubado alguém"; para Bellino, "ele no mínimo deveria estar no conselho do FED, para dar opinião para os banqueiros safados, sem-vergonhas que, porra, corrompem o sistema todo"; Trump e João Dória, a quem também conhece, têm, em comum, para ele, "uma relação quase patológica com o trabalho"

Seu ex-sócio e o brasileiro que melhor conhece Donald Trump, a quem foi apresentado por John Casablancas, há 14 anos, o carioca Ricardo Bellino, hoje residente em Miami, garante que "de louco ele não tem nada"; nessa entrevista exclusiva ao 247, Bellino repele a "lenda" criada pela imprensa sensacionalista americana de que Trump seria trapaceiro; "Eu nunca soube que o Donald Trump tenha feito alguma pirâmide financeira! Que tenha roubado alguém"; para Bellino, "ele no mínimo deveria estar no conselho do FED, para dar opinião para os banqueiros safados, sem-vergonhas que, porra, corrompem o sistema todo"; Trump e João Dória, a quem também conhece, têm, em comum, para ele, "uma relação quase patológica com o trabalho" (Foto: Gisele Federicce)
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Por Alex Solnik, do 247 - Seu ex-sócio e o brasileiro que melhor conhece Donald Trump, a quem foi apresentado por John Casablancas, há 14 anos, o carioca Ricardo Bellino, hoje residente em Miami, garante que "de louco ele não tem nada", nessa entrevista exclusiva ao 247.

Bellino, que também foi sócio de Casablancas, criador de uma geração de modelos cuja estrela maior é Gisele Bundchen, na agência Elite, repele a "lenda" criada pela imprensa sensacionalista americana de que Trump seria trapaceiro: "vamos parar de palhaçada, porque se ele, de fato, tivesse quebrado qualquer regra ele estaria não de paletó azul marinho e gravata vermelha, mas com uniforme laranja, atrás das grades, vendo o sol nascer quadrado".

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"Eu nunca soube que o Donald Trump tenha feito alguma pirâmide financeira! Que tenha roubado alguém"! Para Bellino, "ele no mínimo deveria estar no conselho do FED, para dar opinião para os banqueiros safados, sem-vergonhas que, porra, corrompem o sistema todo".

E só não vai tomar uma vodka com Putin, caso seja eleito presidente dos Estados Unidos porque não bebe álcool, só coca diet: "Sua dieta preferida é diet coke, meat balls e ceasar's salada".

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Trump e João Dória, a quem também conhece têm, em comum, para ele, "uma relação quase patológica com o trabalho". Paulo Coelho, amigo que visita anualmente, assim como Trump deixou de ser apenas um escritor, agora é um mito.

"Nós não somos avaliados pelas obras só e sim pelo mito que criamos. As pessoas não se dão conta disso e vaiam Trump e amanhã se ele ganhar elas vão aplaudir". "Donald Trump é o Walt Disney dele mesmo".

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Você acha que Trump pode explodir o mundo?

Mas de maneira nenhuma!

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Não vai brigar com Putin?

Não vai brigar com ninguém.

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Vai tomar uma vodka com Putin?

Ele não bebe nada. Só diet coke. Diet coke... a receita preferida dele é: diet coke, meat balls...almôndegas... e cesar salad! Essa é a dieta preferida dele. Não tem perigo de perder a cabeça em tomar porre. Não fuma. Também não fuma charuto, então não vai ter problemas, também, lá na sala oval...de querer enfiar o charuto em ninguém...porque ele não fuma...

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Mas gosta de mulher bonita.

E quem não gosta? Desculpa...me desculpem as feias... beleza não põe à mesa...mas ninguém gosta de comer no chão, não é mesmo?

Tem homem maluco que prefere mulher feia para ninguém cobiçar...

Não é o caso dele...

Acordar ao lado de mulher feia todo dia deve ser duro...

Ninguém merece! E chata! E chatas em grande maioria elas já são. Imagina feias! Aí, realmente ia ser insuportável...

Você teve uma convivência boa com ele?

Convivência normal, de acordar, tomar café na casa...

Ficou hospedado na casa dele?

Já, em Palm Beach. É um palácio, uma casa, dele, que ele transformou num clube privado, mas ele tem um apartamento dele lá e eu várias vezes passei um fim de semana com ele lá, íamos pro clube depois, ele dirigindo comigo do lado, coisas de gente normal, ele é um cara normal...

É um cara bem-humorado ou raivoso como apareceu na campanha?

Olha, ele é um sujeito que tem uma personalidade muito forte. Mas ele é um cara normal, ele faz piadas, conversa... agora, se ele está sob holofotes, sob pressão muito forte e tem que defender posições muito fortes ele realmente assume um papel, um personagem agressivo e contundente que vai realmente tratar de reforçar a sua opinião. Ele é um cara de opiniões muito fortes. Ele não tem dúvidas sobre as opiniões dele. Ele prefere cometer um erro, mas expor a sua opinião. E, se ele tem algum problema, ele vai pedir desculpas. Ele vai rever esse problema e vai corrigir, como qualquer pessoa.

Ele volta atrás?

Claro, se ele fizer alguma coisa que está completamente errada. Não dá para olhar o Donald Trump só no tempo da campanha presidencial. Ele tem uma história de anos. Pelo menos trinta anos. Tem que olhar o todo. Esse homem nunca construiu fortes para fazer guerra. Ele construiu castelos. De sonhos. Que as pessoas pagam 20, 30, 40, 50 por cento a mais pelo pé quadrado para comprar um apartamento no prédio dele. Porque tem um aspiracional. Ele constrói sonhos.

Há quanto tempo você conhece Donald Trump?

Eu conheço Donald Trump desde 2002, há 14 anos.

Você acha que ele é maluco?

É curioso, porque realmente existem essas histórias fantasiosas que eu acho que, não acidentalmente, e obviamente nascem na forma como ele expõe as suas ideias e que dá margem a determinadas especulações. Mas eu conhecendo ele tão bem como eu conheço, primeiro posso te dizer com total segurança que de louco ele não tem nada. Um cara que tem a trajetória que ele tem não é porque é louco. Acho que é mais gênio do que louco. E gênio do bem, porque ele tem feito coisas extraordinárias. Construiu um império que se sustenta há várias décadas. Se fosse uma coisa superficial, baseada em especulações vazias já teria sido implodido na primeira crise que ele teve e aconteceu o contrário. De todas as crises que ele teve, profundas, ele saiu fortalecido. De todas elas! Ele construiu uma marca, mas não é só uma marca de um desenvolvedor imobiliário de sucesso, que construiu landmarks, como o Trump Tower na Quinta Avenida, referências na skyline, vamos chamar, no perfil da cidade mais importante do mundo. Ele construiu uma marca mais importante do que essa. Que para mim chama-se resiliência. Ele é um exemplo e uma prova contundente de que um ser humano, seja ele um empreendedor ou não, precisa aprender com seus erros e com seus recomeços. Ele fez isso e faz isso na vida dele o tempo todo. Ele saiu do topo às cinzas, quando ele teve aquela crise na década de 80 quando ele tinha um endividamento de 5 bilhões de dólares. Ele teve a habilidade de renegociar tudo isso e, sim, aproveitar da regra, escrita não por ele, mas por legisladores, pelos lobistas, pelos que estão no Congresso, esses que criaram regras, as regras que permitiram e permitem que o sistema capitalista americano se recicle, se reinvente e saia das suas crises. O Donald Trump não tem nenhuma vocação para legislador. Ele não escreveu nenhuma lei. Não criou nenhuma regra contábil. Se ele tivesse infringido qualquer regra contábil ele estaria atrás das grades. Nos Estados Unidos, se você deixa de cumprir com as suas obrigações fiscais você vai para a cadeia. E eu não conheço nenhuma passagem dele pela cadeia. Nenhuma! OK? Então, vamos parar de palhaçada, porque se ele, de fato, tivesse quebrado qualquer regra ele estaria não de paletó azul marinho e gravata vermelha, mas com uniforme laranja, atrás das grades, vendo o sol nascer quadrado. E, muito ao contrário, ele está no spa do sol redondo. Viajando o mundo inteiro no seu avião. Desculpa, eu acho que tem um limite para esse tipo de sensacionalismo que se faz a respeito do apocalipse que pode vir advindo das suas iniciativas. Desculpe. Agora, eu acho que ele, de fato, é o antipoliticamente correto. Ele fala aquilo que as pessoas, na grande maioria das vezes, pensam, mas não têm os culhões pra falar. Não têm coragem de falar. Mesmo correndo o risco de estar errado! E esse é um compromisso que ele não tem, que é o não errar. Ele não tem esse compromisso! Ele aceita o fato de que ele pode errar, e erra, como qualquer ser humano, mas ele aprende nesse erro. Ele se reforça, ele se fortalece nesse erro. Ele pra mim, pessoalmente, profissionalmente, empresarialmente e eu acho que para muitas pessoas que ele vem influenciando por meios dos seus livros, por meio das suas conferências, por meio dos seus empreendimentos é um exemplo não do sucesso pelo sucesso, do enriquecimento pelo dinheiro. Não! É uma lição de resiliência! Ninguém fala nessa porra! Do sujeito que, sim, pode pegar um país que está tecnicamente falido... a América está tecnicamente falida...o problema é que a América é “to big to fail”, é muito grande pra quebrar, porque provocaria um tsunami mundial! Vamos parar de palhaçada! Dívida interna de trilhões de dólares! O sistema financeiro quebrado, falido! As maiores bolhas, as maiores pirâmides financeiras aconteceram na América! Eu nunca soube que o Donald Trump tenha feito alguma pirâmide financeira! Que tenha roubado alguém! Você pode gostar dele, pode não gostar dele; pode achar ele cafona, pode achar ele não cafona; pode querer se hospedar num hotel dele, pode querer não se hospedar num hotel dele; pode querer comprar um apartamento dele, pode não querer comprar um apartamento dele, isso é uma decisão sua que tem a ver com o seu apetite. Com o teu estilo, com o teu sentimento. Tudo bem. Agora, queridão, para! Eu acho, sim, que um cara que já conseguiu se reinventar tantas vezes, que já conseguiu tirar a sua empresa do estado pré-falimentar, com dívidas bilionárias e reinventar essa empresa e transformar essa empresa em referência no mundo, como uma das bandeiras de luxo, de empreendimentos imobiliários e hoteleiros dos mais importantes, eu acho que ele tem alguma coisa para nos ensinar. No mínimo deveria estar no conselho do FED. Para dar opinião para os banqueiros safados, sem-vergonhas que, porra, corrompem o sistema todo. E eu sou capitalista, não tem nenhum problema, não. Não tenho nenhuma tendência de esquerda, não tenho nenhum viés socialista, não, não, não! Gosto de dinheiro, trabalho pelo dinheiro, trabalho pela qualidade de vida, prosperidade, tá tudo certo. Só que não dá, querido! Não dá pra comprar esse sensacionalismo barato que a mídia americana tem feito de forma feroz. Pra tentar destruir o cara. Destruir a reputação do cara. Porque é sempre assim. Um dia é herói, no outro dia é vilão. Agora, obviamente ele coloca em risco muitas dessas instituições que vivem de preservar o status quo, que pra mim é mais o status cu. Por isso que o mundo tá uma cagada! Desculpa, alguém tem que romper, alguém tem que criar algo desruptivo de fato. E questões como essas, profundas, de mudança que a América precisa, que o mundo precisa, que o sistema precisa... precisa de choque! Precisa de alguém que tenha coragem de falar aquilo que a maioria das pessoas não fala.

Por exemplo?

Desculpa, a questão da imigração é um problema, é um caos mundial! Nós estamos vendo o mundo ser invadido! E não é a América, é a Europa. O Brasil. Essa questão das fronteiras é um problema gravíssimo. O politicamente correto vai acabar com o mundo! Vai ser uma grande loucura! As pessoas perderam a noção dos valores. Ontem eu vi uma história que realmente é incrível. Um policial foi queimado vivo dentro de um carro. Os grupos de Direitos Humanos não falaram nada. Agora, mata um bandido! Os Direitos Humanos gritam, levantam bandeira. Desculpa, a gente tá no mundo do politicamente correto.  Dos direitos humanos para os bandidos. Para os ilegais. E os legais, que pagam imposto? E que se preocupam na preservação de suas empresas, na preservação das suas famílias, no seu emprego, na construção da sua aposentadoria? Não vai ter, meu amor! Não vai ter, porque vai quebrar! Porque o sistema previdenciário, do jeito que está hoje está completamente quebrado. Só não explodiu ainda porque realmente vai levar o mundo inteiro. Agora, você acha que tem alguma hipótese de que com o envelhecimento da sociedade, com a longevidade do ser humano que hoje, do momento em que foi criada a regra da previdência, pra hoje, certamente o homem já sobrevive mais 30 anos tem condições de pagar aposentadoria por mais 30, 40 anos para alguém? Não tem a menor hipótese, querido! Vai quebrar! E quem vai pagar essa conta? Você que trabalhou até 60 e tantos anos e vai ficar sem dinheiro pra comer. Sem dinheiro pra comprar seu remédio. Porque o rico não vai ficar sem. Porque ele tem fortuna pra poder bancar essa conta. Então, é um discurso demagógico demais!

O Trump foi generoso com você?

Não, ele não foi generoso comigo, ele simplesmente respondeu a uma carta que recebeu de um amigo, o John Casablancas, que foi meu mentor, meu melhor amigo da minha vida e, ao receber essa carta, era uma carta de reconexão entre eles, porque eles deixaram de se falar por mais de uma década – na época em que eram solteiros, depois o John se casou, vendeu a empresa, foi morar na Flórida e o Trump continuou sua vida, - enfim, eles se distanciaram num determinado momento e essa carta foi uma espécie de reconexão. E nessa carta de reconexão o Casablancas me apresenta, o motivo dessa carta era me apresentar para que eu pudesse apresentar ao Trump um projeto imobiliário no Brasil. E, enfim, esse fax acabou gerando um contato, o próprio Trump me telefonou, eu estava aqui em São Paulo, tivemos uma conversa muito simpática por telefone e ele basicamente queria saber notícias do amigo, que ele não via há muito tempo e estava curioso para saber que projeto era esse que eu queria apresentar para ele. Eu expliquei rapidamente, já tinha mandado pra ele um e-mail com uma apresentação preliminar, ele gostou do conceito e me convidou para uma reunião. E essa reunião acabou virando essa grande lenda que virou a minha história com ele, a dos 3 minutos, porque no dia em que nós marcamos a reunião, numa segunda-feira às 9 da manhã ele estava numa reunião complicada com advogados etc, enfrentando alguma de suas batalhas diárias e, enfim ele naquele estado de humor abalado ou não favorável a uma conversa sobre um novo projeto ele me disse literalmente o seguinte: “olha, eu não estou de fato em condições ou espírito para poder ouvir ou participar criativamente de novos projetos, então, para não dizer que você perdeu a sua viagem, você tem 3 minutos”. E aí, naquele momento eu tinha duas opções: chorar e sair correndo ou enfrentar o desafio. E eu preferi enfrentar o desafio.

Começamos um diálogo, eu em pé e ele sentado, um anticlímax, obviamente você chega numa reunião para a qual foi convidado pela pessoa, um personagem como esse, naquele ambiente, e o sujeito está sentado na mesa, nem se levanta pra te cumprimentar e te diz, sentencia sua morte, você tem três minutos, na verdade não é para me explicar nada, ele queria três minutos para eu ir embora, largar ele livre para uma conversa em que ele estava com os executivos dele. E eu acho que consegui, na minha ousadia, na minha cara de pau enfrentar aquele desafio com bom humor e o que eu fiz foi criar uma inversão daquela dinâmica do nosso diálogo e colocá-lo numa situação desconfortável. Basicamente fazendo algumas perguntas que eu sabia que ele não saberia responder. Que tinham a ver com a realidade da indústria do luxo no Brasil. Porque o Brasil é conhecido por esses contrastes. Um país pobre e ao mesmo tempo com uma concentração muito grande no topo da pirâmide, com perfil de consumo de luxo compulsivo – o brasileiro rico, o novo rico principalmente tem uma necessidade compulsiva de consumir marcas que transfiram prestígio e ascensão social, então, ele é capaz de comprar uma Ferrari e pagar três vezes mais caro aqui em São Paulo, mas ele pode chegar no restaurante com a Ferrari. Então, uma Ferrari que custe, vamos dizer, 500 mil dólares nos Estados Unidos, aqui no Brasil custa 1,5 milhão de dólares. E tem fila de espera. E as pessoas compram à vista. E muitas vezes levam dinheiro em sacos de papel. O Brasil foi durante muitos anos o país do caixa 2, do dinheiro frio, o país foi construído assim, hoje a gente está vivendo uma espécie de limpeza, de caça às bruxas, mas é um país que foi construído com essas facilidades, vamos chamar assim. E eu questionei a ele, basicamente, se ele conhecia as estatísticas das vendas das Ferraris no Brasil, quanto custava a mais uma Ferrari no Brasil por conta dos impostos absurdos que se pagava aqui, e que se paga até hoje; se ele conhecia as vendas das marcas de luxo, como Louis Vuitton, as vendas por pé quadrado... porque o Brasil só perde pra China, depois dos Estados Unidos em venda por pé quadrado... fenômenos que só existem aqui, a mulher vai na loja da Louis Vuitton e paga com cartão em dez vezes sem juros, então a conta dela não é quanto a mais essa bolsa custaria em Paris, que certamente custa muito mais caro, mas aqui ela pode comprar no cartão de crédito e quem sabe até tapear o marido e jogar na conta do final do mês. Ele não sabia que só tínhamos a segunda maior frota de jatos privados do mundo. Em São Paulo só perde para Nova York o número de helipontos. O trânsito aéreo de São Paulo é o maior do mundo.

Então, quando ele se viu, assim, entre curioso e ao mesmo tempo incrédulo daquela realidade, entendendo que existia um fenômeno de consumo e um ambiente, um ecossistema já muito maduro com essas marcas já estabelecidas aqui... São Paulo foi o único lugar do mundo em que a Tiffany’s abriu duas lojas. Em Nova York não tem duas lojas da Tiffany’s. Ou pelo menos naquele momento não havia. Então, eu disse pra ele no final dos três minutos que eu entendia que o mercado imobiliário a exemplo das outras indústrias, - dos carros, dos acessórios, das roupas – estava pronto pra receber um empreendimento com a marca Trump. Essa abordagem causou uma tensão nele. E uma tensão positiva. Ele desconstruiu aquele muro que nos separava, abriu um sorriso, dispensou os executivos, me apertou a mão, tiramos uma foto e ele me falou antes mesmo de assinarmos: “você não vai sair desse escritório sem antes assinarmos um acordo”.

Ficamos horas conversando, foi muito simpático, depois eu tive oportunidade de conversar com seu advogado, que era a pessoa responsável por formalizar os acordos dele, ele não tinha nenhum acordo de licença ainda da marca dele fora dos Estados Unidos, a nossa seria a primeira, e aí passamos horas discutindo. Vinte e quatro horas depois eu já tinha uma proposta por escrito e menos de 48 horas depois assinamos uma carta de intenções e eu voltei pro Brasil e enfim comecei a fazer minha jornada do herói, de buscar os investidores, de construir o projeto, projeto esse que originalmente como foi acordado não chegou a ser concluído, houve mudanças no rumo do negócio, do nosso próprio grupo de investidores, que optou por alguns outros caminhos e que me levaram a ter uma oportunidade no meio dessa crise interna, uma crise muito civilizada, muito amigável, de vender minha participação, eu tinha construído uma participação relevante no capital do fundo da empresa que foi constituída para o desenvolvimento desses projetos, com esse impasse surgiu uma oportunidade de os meus investidores comprarem minha participação e eu, feliz da vida, com o apoio do Banco Pactual acabamos estruturando a operação que me permitiu antecipar os recebíveis, enfim...foi toda uma equação muito bem azeitada e equacionada... todos ficaram felizes... eles por  que tinham a oportunidade de comprar o controle e tomar decisões que quisessem fazer com o projeto e o levaram para um outro caminho, o Trump também porque, enfim, acabou concluindo um ciclo, nós criamos uma relação muito boa, enfim, de amizade, confiança, nossa história virou um livro, um best-seller que foi publicado originalmente pela McGraw Hill nos estados Unidos, depois em mais 13 países, 13 idiomas, então esse “fair tale”, esse conto de fadas, quase que parece a história da Cinderela, Cinderela Homem, que consegue um gato borralheiro brasileiro ser, vamos dizer, ameaçado, quase pelo titã americano, não se deixar abater, não se render àquela postura arrogante daquele primeiro momento, enfrentar o desafio, e ele é uma pessoa muito competitiva e eu acho que essa é uma das grandes virtudes dele, ele é um homem que tá sempre pronto pra brigar, pra disputar, pra vencer e, enfim, de forma criativa, colocando a sua força, a sua personalidade, a sua criatividade, a sua capacidade de venda, porque ele é um grande homem de vendas, é um grande homem de comunicação, acho que isso ninguém nega...o que ele fez pela audiência da televisão americana é histórico! Desde a primeira experiência dele como apresentador de programa de televisão chamado “The Aprendice” que aqui no Brasil foi reproduzido com imenso sucesso pela Record e interpretado pelo Roberto Justus no papel do comandante-em-chefe que demitia os jovens que não tinham a capacidade de entregar suas missões, e aquele projeto foi um dos maiores êxitos dos formatos de reality show da televisão americana na NBC, que foi um dos maiores sucessos da história, mas hoje, como contraparte dos debates políticos emissoras como a CNN obtiveram audiências que nunca na história da CNN eles conseguiram imaginar nem próximo, nem quando as Twin Towers foram derrubadas, nem a caça a Bin Laden, nada disso superou a audiência proporcionada pelos debates. Desculpa, não foi pela Hillary Clinton, porque se ela estivesse disputando com outro político de primeira grandeza certamente não chamaria tanta atenção como o fato de ter um empreendedor serial, um empresário que se pode amá-lo ou odiá-lo, mas que em a sua história de sucesso e que gerou uma atração tão violenta que estourou qualquer parâmetro histórico de audiência. Isso comprova que o público está interessado, que o público está procurando uma mudança, um novo interlocutor, alguém que possa de fato representar seus interesses sem todo esse discurso politicamente correto, essa tradição falida desses discursos prontos.  Eu voto aqui, não tenho direito de voto nos Estados Unidos, embora seja residente, mas, certamente, se pudesse declarar meu voto o faria a seu favor. Eu gravei um vídeo de apoio à sua trajetória.

O Trump não te enganou em nenhum momento?

Nunca!

Ele não foi um tubarão com você?

De forma nenhuma; ao contrário, foi um cara respeitador, amigo, parceiro, mentor, zero, não me enganou em nada. Nada. E, verdade seja dita, ele não foi investidor do nosso projeto, ele licenciou uma marca. E eu sempre fui um grande advogado de defesa da nossa relação, porque quando as pessoas perguntavam “mas ele não entrou com nada, só com a marca?! Eu dizia “não, meu querido, você não está entendendo, a marca é o maior ativo desse negócio, a marca vale mais do que o dinheiro, porque a marca... e hoje você pode verificar as grandes companhias, Coca-Cola, General Motors, Facebook estão contabilizados nos seus ativos as marcas. A marca às vezes vale mais do que todo o ativo imobiliário e equipamentos de uma empresa. Pra mim, primeiro tem a marca, que é o que representa a instituição, as pessoas, o capital humano e depois os ativos imobiliários, enfim, os equipamentos...Ele jamais tirou proveito, jamais enganou ninguém, ao contrário: cumpriu com tudo o que foi combinado, apoiou tudo o que podia apoiar, mesmo depois de termos superado essa mudança de rumo do projeto brasileiro na sua primeira fase, que hoje existe um hotel no Rio de Janeiro, cinco estrelas lá na Barra... tem um projeto importantíssimo no Rio também, as torres do porto Maravilha que hoje estão “on hold” por conta da crise do mercado imobiliário brasileiro, então, obviamente, a cautela sugere que essas coisas sejam adiadas por algum tempo, porque o momento não é favorável a incorporações de grande vulto, mas ele foi, inquestionavelmente um cara... inclusive sempre me convida para novas prospecções, como o projeto da Miss Universo, que ele era o proprietário, eu tive a oportunidade de participar da prospecção da Miss Universo, que inclusive foi...

O Trump nesse aspecto é parecido com John Casablancas...

Casblancas tinha o concurso da Elite...

Há semelhanças entre Trump e John?

Eu acho que essa postura agressiva que poderia muitas vezes ser interpretada como intransigente, mas o empreendedor tem essa característica da personalidade mais agressiva, de romper com os limites, então ele tem que ter agressividade, se ele não tiver essa energia, essa agressividade, ele não vai avançar, então, eles tinham essa coisa muito parecida e, principalmente, essa resiliência.

E Doria tem alguma semelhança com Trump?

Conheço o Doria muito bem e acho um cara extraordinário. O que eles podem ter de traços em comum é que eles não são políticos, são administradores. E que tiveram trajetórias de ups e downs, de reinvenção.

Como o Doria fez a fortuna dele?

Trabalhando muito.

Mas em que? Ele não é industrial, não é fazendeiro...

Ele tem um negócio de serviço, de relacionamento, de eventos, que as pessoas pagam “premium” para poder fazer parte dessa rede de relacionamento.

É daí?

É daí, lógico, é da publicidade dos negócios, dos patrocínios dos eventos que ele faz...se você fizer a conta e multiplicar você vai chegar rapidinho ao número...se existe algum paralelo entre Trump e Doria é que são trabalhadores compulsivos. Têm quase que uma relação patológica com trabalho. Extrapolam o limite das horas normais que alguém trabalha. Eles trabalham mais do que a média das pessoas. Eles se dedicam mais aos negócios. Não existe vida sem trabalho. Você não conhece na história da Trump Organization que Trump tenha colocado um CEO como executivo e ele foi pro Conselho. Não, ele é o CEO da empresa dele. Vai passar pro filho, que é o Don Jr. e ele vai ter que se desligar durante os quatro anos da presidência. Mas ele nunca, em algum momento, delegou a um terceiro a função de ser o comandante-em-chefe da sua organização.

Tem visto Paulo Coelho?

Vou estar com ele em novembro, em Genebra. Será um jantar de arrecadação de fundos para o Instituto Paulo Coelho, um projeto que ele apoia no Morro do Pavão, no Rio. Vai ser a primeira vez que nosso grupo, que já vínhamos nos reunindo uma vez por ano com ele, nos reunimos em torno dessa proposta. Dia 15 eu vou estar lá com ele. Grande figura!

Como você o conheceu?

Eu o conheci por força daquele projeto de arte que eu fiz reciclando milhares de cápsulas de Nespresso e uma das figuras iconográficas que nós homenageamos com essa coleção de arte foi ele. E eu tive a oportunidade de conversar com ele, ele ficou muito empolgado com o quadro e estava de mudança para o novo apartamento de Genebra e, enfim, eu doei o quadro para o Instituto para que gerasse renda e o quadro está na casa dele hoje, na sala de jantar dele. A partir daí ele me convidou para fazer parte desse grupo de amigos que já há mais de trinta anos o acompanha e uma vez por ano se reúne em algum lugar do mundo para celebrar o Dia de São José, que é o santo padroeiro dele, e é sempre muito agradável, ele e a esposa, Cristina Oiticica, que é um amor, uma artista plástica, muito carinhosa, então, é sempre um prazer estar com ele. Ele é um cara que fala desse resgate da autoestima das pessoas...de uma maneira lúdica ele acaba sendo porta-voz desse processo de “psicologia positiva” que eu chamo.

Como é que um cara que mora num país onde pouca gente lê se torna um escritor de sucesso mundial? Será que foi um pacto que ele fez, como se suspeita? (Risos)

Se foi, foi muito bem feito! É porque não é a obra, é o personagem. As pessoas não entendem: não é o livro, é ele. Ele virou o mago. Ele é a comprovação cabal do poder do mito.

Tanto Paulo Coelho quanto Trump...

Lógico! É a construção do mito! Você se atrai pelas pessoas. Pelo que elas representam. Pelo que elas emanam. Um cara como ele passou a ser porta-voz da felicidade. Com aquele personagem, com aquela figura...com a história de Compsotela... querido, é tudo perfeito! Mas porque ele também fez valer toda essa sua visão, toda essa mensagem que ele transmite na vida dele. Ele tinha tudo pra dar errado. Pra se suicidar, pra morrer de overdose. Ele é um clássico exemplo do sujeito marcado pela vida para dar errado. Mas ele conseguiu buscar uma inspiração, seja nessa caminhada, seja um santo que caiu, eu não sei, isso é a realidade dele, o que importa é que ele conseguiu. E ele virou um fenômeno. Porque ele virou um mito. E ele preserva o mito. Muito bem. Tem uma personalidade tremenda! Mas está aí, simples, ele e a esposa, não têm centenas de empregados...

Eles não moram num castelo?

Moram num apartamento, em Genebra. Tem uma agente literária em Barcelona...

Ele não vive faustosamente?

Não...

Agora, a conta bancária é incalculável...

Mas isso é mérito dele. Porque ele vende para caralho! Porque ele é um mito! Nós não somos avaliados pelas obras só e sim pelo mito que criamos. As pessoas não se dão conta disso e vaiam Trump e amanhã se ele ganhar elas vão aplaudir. O que importa é não desistir jamais. E foi essa frase que Trump disse na última vez que a gente esteve junto. Eu entrei para dar um presente pra ele que é um quadro da Nespresso que está lá no escritório dele e ele disse: “Bellino, you never give up”! Essa foi a última frase que ele me falou. Merecia até ser o título do próximo livro. Isso é a minha vida também. Pautada na crença de não desistir jamais. O Trump é um personagem fodido, como o Mickey Mouse!

Ele é o Donald Duck, na América todos os Donalds são Donald Duck.

Eu sempre digo o seguinte: tem pessoas que se transformam em personagens, pelo seu estilo, pela sua personalidade. E tem outras que nascem do personagem. Foram criados na prancheta e ganharam vida. Eu te diria que ele é certamente um personagem que ele sabe conduzir como ninguém. Ele é o Walt Disney dele mesmo.

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