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Brasil

Salvador violentada

Bahia 247 mapeia o vandalismo na capital baiana; ao de bandidos causa prejuzos de R$ 2,5 milhes anuais prefeitura, que promete lanar campanha 'Cidado Vigilante' em fevereiro

Salvador violentada (Foto: Divulgação)
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Por Rebeca Bastos_Bahia247 - Bancos de praças, semáforos, jardins, brinquedos públicos, bustos de heróis... Nada está imune à ação dos vândalos que agem em Salvador. Ok, o vandalismo não é uma realidade exclusiva dos soteropolitanos, e está presente em metrópoles do país. Mas aqui, a depredação do espaço público ultrapassa a medida do aceitável e ganha a cada dia mais notoriedade: os prejuízos são calculados em R$ 2,5 milhões anuais.

Para o gestor da secretaria Municipal dos Transportes Urbanos e Infraestrutura (Setin), Euvaldo Jorge, a situação pode ser comparada a uma endemia. Por sua vez, o sociólogo Joviniano Neto diz que a situação não tem explicação fácil. Segundo ele, o aumento dos casos pode ser motivado por diversos fatores como a insatisfação com a administração da cidade, ou mesmo um desejo oculto de deixar sua marca. O fato é que a certeza da impunidade e a falta de cidadania são fortes motivadores.

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Jovens e homens

Em entrevista ao Euvaldo Jorge considerou o vandalismo em Salvador um caso de segurança pública. Segundo ele os depredadores, geralmente jovens do sexo masculino, sempre aproveitam a falta de vigilância e segurança do local para poderem agir. "É um grupo pequeno de grandes marginais que saem de casa todos os dias com a intenção de destruir o patrimônio público e privado. "O caso em Salvador é tão grave que acho o vandalismo aqui já trata de uma doença endêmica", resumiu Jorge. O gestor se contraria com a ação dos vândalos e lembra que os mais de R$ 200 mil empregados na limpeza, conserto e troca do patrimônio destruído poderia ser aplicado na criação de novos espaços de lazer para os cidadãos.

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Motivações

O sociólogo Joviniano Neto explica que, além da falta de cidadania, a fragilidade da sociedade como um todo pode motivar um indivíduo a depredar um patrimônio que também é dele. "Quando o sujeito encontra uma sociedade fragilizada e não tem como canalizar os seus desejos e frustrações de forma socialmente positiva, pode acabar por cometer atos socialmente condenáveis, como quebrar bancos e pichar paredes, por exemplo".

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Protestar e marcar o mundo

Segundo Neto, todas as pessoas gostam de deixar a sua marca no mundo. "Sempre foi assim, desde os desenhos nas pedras da pré-história", compara, ao falar sobre as pichações que depredam o patrimônio público. O professor também cogita a possibilidade de o vandalismo ser uma forma de protesto, até inconsciente, de pessoas inconformadas com a condução administrativa da cidade. Para exemplificar, o professor citou uma pesquisa feita na cidade de São Paulo: quando o metrô da cidade funcionava bem, o índice de vandalismo era mínimo; mas quando a gestão do transporte ficou ineficiente, o índice de depredação cresceu consideravelmente na cidade.

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E os valores, ó!

Para Neto, assim como as causas que levam ao vandalismo são diversas, as formas de prevenção também não tem uma formula mágica. "Para que haja uma mudança de comportamento é preciso que haja mudança de valores, a solidariedade e o sentimento de coletividade têm que ser internalizados pela população", opinou.

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Fiscalização? Hein?

Para Jorge, a falta de fiscalização constante do patrimônio público facilita as ações, tanto que à noite, quando tem menos pessoas circulando na rua, é que acontecem as piores depredações. "Não temos efetivo (da Guarda Municipal) para fiscalizar a cidade inteira 24 horas por dia. A população também precisa contribuir e intervir em casos de vandalismo, denunciando o caso à Setin", alerta. O número para denúncias é (71) 2109-3600.

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Só segurança resolve...

Na opinião do salva-vidas Marcos Mendes, que trabalha na orla da praia de Ondina, Salvador já está no limite suportável de sujeira e depredação: "De imediato só a segurança resolve, porque educação é uma ferramenta de médio prazo; agora não dá mais. Bonito vai ficar é na Copa de 2014, vai ser horrível", prevê.

Casos

O alvo preferidos dos vândalos é o canteiro principal da Avenida Mário Leal Ferreira (Bonocô), cujos refletores já foram trocados dezenas de vezes. Outra modificação que teve que ser feita por conta do vandalismo foi a retirada do gradil de proteção, que tinha a finalidade de evitar o acesso dos pedestres pela avenida. Depois de ser diversas vezes destruído e refeito, os gestores decidiram retirá-lo. Outro alvo constante dos marginais é a Estação da Lapa. No terminal, eles arrancam e quebram as lixeiras, roubam as torneiras do sanitário e picham as paredes insistentemente.

Ainda é pouco...

Para reconstruir tudo é necessário juntar a força de trabalho de diversos órgãos da prefeitura, como a Empresa de Limpeza Urbana (Limpurb), a Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Desal), e a Secretaria de Serviços Públicos (Sesp) entre outras. Mas o serviço desses órgãos não têm sido suficientes para lidar com o problema.

Locais mais depredados:

1. Avenida Mário Leal Ferreira (Bonocô)
2. Lapa
3. Barra Avenida Centenário
4. Ondina
5. Imbuí
6. Periperi
7. Ribeira (Largo do Papagaio/Dendezeiros)
8. Pituba
9. Praça Wilson Lins (Antigo clube Português)
10. Estação Mussurunga

Fonte: Setin

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Campanha

A prefeitura promete que vai tomar a iniciativa de lançar uma campanha de conscientização sobre cidadania em breve. De acordo com Jorge, a ação educativa vai envolver diversas secretarias municipais e tem o nome provisório de Cidadão Vigilante. No entanto, esta promessa já tinha sido feita ao Bahia 247 no final de junho quando o fizemos a matéria Marcas do vandalismo (http://www.bahia247.com.br/pt/bahia247/salvador/66/Marcas-do-vandalismo.htm). Pelo menos agora, a promessa tem uma data certa para começar: na volta às aulas da rede municipal de ensino, ou seja, lá para fevereiro de 2012. Daqui até lá, será que ainda existirão banco de praça inteiros e parede para pichar?

Vandalismo é crime!

Só campanha e promessa de punição não vão resolver o problema, mas não custa lembrar que vandalismo é crime. Quem for pego em delito pode pegar pena de reclusão de um a seis meses, além de multa prevista no artigo 163 do Código Penal brasileiro.

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