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Santa Maria terá velório coletivo de jovens

Município não tem estrutura para velar tantos corpos ao mesmo tempo; parentes ainda buscam sobreviventes e jovens que estiveram na boate Kiss relatam ter presenciado "zona de guerra" com mortos pisoteados; incêndio foi causado por integrante de uma das bandas que se apresentaram no local; fogo consumiu tudo em apenas três minutos

Santa Maria terá velório coletivo de jovens

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Do Diário de Santa Maria (RS)

Prefeitura e órgãos de segurança que estão no Centro Desportivo Municipal (CDM), onde serão identificados os corpos das vítimas do incêndio, já cogitam a possibilidade de que seja realizado um velório coletivo, nos quatro ginásios do complexo esportivo. O motivo é que não haveria estrutura na cidade para velar dezenas de corpos ao mesmo tempo. Essa é a discussão que está ocorrendo no momento: como fazer isso.

O grupo que coordena os trabalhos no CDM diz que já está em busca de cadeiras para acomodar tantos caixões. As funerárias já pediram ajuda a outras empresas de cidades vizinhas e cogitam até a possibilidade de que sejam feitos enterros, inclusive, durante a noite.

'Amigo que conseguiu sair da boate disse que o espaço parecia uma zona de guerra', conta caxiense que mora em Santa Maria

O caxiense Matheus Luz, 19 anos, mora em Santa Maria há pouco mais de um ano e esteve na boate Kiss na sexta-feira, noite anterior da tragédia que matou mais de 240 pessoas.

O jovem está cursando o terceiro semestre de engenheria química e conta que está abalado com a tragédia. Alguns amigos estavam na boate na noite de sábado e seguem desaparecidos.

— Um amigo que estava lá e que conseguiu sair disse que a boate parecia uma zona de guerra. Meus vizinhos estão chorando, desesperados. Muitas pessoas estão indo para os hospitais para doar sangue ou para procurar amigos. É desolador — diz.

Luz esteve na boate Kiss na noite de sexta-feira. Ele confirma que o espaço contava apenas com uma porta:

— O lugar é porte médio, comportava 1,5 mil pessoas. Sempre tinham festas lá, não só no final de semana. Não sei como eram os sinalizadores que causaram o incêndio. Na sexta, quando eu fui lá, não vi isso.

Fogo teria tomado conta da boate em três minutos

De acordo com Ingrid Goldani, 20 anos, que trabalhava na boate há 45 dias, o fogo teve começo depois que um integrante de uma banda — durante a noite, duas bandas se apresentaram — acendeu uma espécie de sinalizador que acabou por incendiar parte da estrutura do palco. Segundo ela, o fogo teria tomado conta da boate em cerca de três minutos.

— A segunda banda chegou a tocar por 10 a 15 minutos. Ele (da banda) começou a brincar com uma espécie de um pequeno artifício de fogo. Ele ficou brincando com isso por cerca de três minutos. Foi o tempo suficiente para que tudo mudasse. Eles (da banda) tentaram apagar o fogo com água, mas não conseguiram. Depois disso, tentaram com o extintor de incêndio. Não sei se eles não conseguiram manusear (o extintor). Só sei que foi tudo muito rápido — relata a servidora.

Jovens e pessoas que conseguiram escapar do incêndio da boate Kiss relataram às autoridades pessoais que, no momento do incêndio, alguns seguranças teriam tentado impedir a saída das pessoas. De acordo com relatos de jovens, os seguranças teriam trancado as portas por entender que os jovens estariam tentando sair sem pagar. Os proprietários da boate não foram localizados para falar sobre o assunto.   

Segundo o capitão da Brigada Militar (BM) Edi Paulo Garcia, a boate Kiss teria apenas uma saída. De acordo com Garcia, 90% dos corpos estariam nos dois banheiros da boate — um feminino e outro masculino. Ainda conforme Garcia, aqueles que não morreram pelo fogo, foram vítimas de asfixia (em função da forte fumaça) ou  pisoteados.

Defensoria Pública do Estado monta plantão para prestar assessoria jurídica às famílias das vítimas

A Defensoria Pública do Estado tem um telefone de plantão para prestar assessoria jurídica gratuita às famílias das vítimas da tragédia em Santa Maria. Quem necessita de auxílio com informações para identificação, traslado e liberação dos corpos, pode ligar para (55) 8428-3162.

O plantão da Defensoria Pública foi montado especialmente para ajudar famílias de fora da cidade, que necessitam realizar traslado de corpos para as cidades de origem.

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