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      Somos tudo o que eles odeiam, diz líder indígena

      Lideranças indígenas veem como um retrocesso a mudança de competência da demarcação das terras indígenas da Funai para o Ministério da Agricultura, comandado pelos ruralistas; para a socióloga e líder indígena Avelin Buniaca, do povo Kambiwá, o agronegócio tem matado os líderes dos povos e pressionado contra a demarcação de novas áreas

      Somos tudo o que eles odeiam, diz líder indígena (Foto: Arquivo pessoal/Avelin Buniaca)
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      Por William De Lucca - A decisão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de mudar a competência da demarcação de territórios indígenas da Fundação Nacional do Índio (Funai) para o Ministério da Agricultura foi duramente criticada por lideranças e organizações dos povos tradicionais. Na prática, a medida coloca nas mãos de uma ruralista, a ministra Tereza Cristina (DEM), decisões que podem pender em favor do agronegócio em detrimento aos direitos dos povos indígenas.

      Para a socióloga em gênero e raça e líder indígena Avelin Buniaca, do povo Kambiwá, a mudança é um ataque ao modo de viver dos indígenas e as conquistas históricas.

      "Os ataques começarem pelos povos indígenas é muito simbólico, pois somos tudo o que eles não querem para o nosso país, esta raiz indígena, esta mãe indígena que eles negam e sentem vergonha. Eles querem ser gringos, norte-americanos, eles não querem ser índios, negros, quilombolas, gays, a liberdade de existir. Eles querem que todos sejam padronizados. Somos a raiz deste país, que ninguém arranca", disse Avelin.

      "Passar para os agro-assassinos, uma bancada de assassinos que tem matado nossas lideranças por séculos, desde a invasão, e vem acabar com nosso futuro, porque sem terra demarcada não tem o bem viver. Em seus discursos integracionistas, dizem nós queremos chuveiro quente, ir ao shopping, não é nada disso, queremos manter nossa cultura vida, terra para plantar, água limpa para beber, comer comida sem veneno, sem ter de morrer por causa disso", completou.

      Ela, que é fundadora do Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas, disse ainda que os povos não irão desistir dos direitos conquistados por seus ancestrais, e que a revisão das terras indígenas já demarcadas causa muito sofrimento.

      "Estas terras foram demarcadas a sangue, nossos Encantados, aqueles que tombaram na luta para que nós pudéssemos hoje chamar nossos territórios de nossos, para que nos pudéssemos pensar que nossos filhos tenham futuro. A Nação Indígena depende de seu território para manter a ancestralidade vida, então estou com o coração muito triste, mas estou pedindo muita força ao nosso pai tupã nhaderu, que não nos abandona", contou, emocionada, em entrevista ao Brasil 247.

      "É hora de todas as nações indígenas, as grandes organizações e lideranças convocarem o nosso povo à luta, os 38% dos nossos que vivem nas cidades e os demais que vivem nas aldeias, porque não podemos abrir mão de nossa ancestralidade", finalizou.

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