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Brasil

“Temer, Bolsonaro e Cunha são o que há de mais nefasto na política brasileira”

Autora da ovada em Jair Bolsonaro, a militante do PCdoB Gabrielle Van Pelt conta que vem recebendo inúmeras ameaças pelas redes sociais; "Esses crimes de ódio não podem ficar impunes. E, se depender de mim, não vão mesmo", diz, em entrevista a Lucas Vasques, na Revista Fórum

Autora da ovada em Jair Bolsonaro, a militante do PCdoB Gabrielle Van Pelt conta que vem recebendo inúmeras ameaças pelas redes sociais; "Esses crimes de ódio não podem ficar impunes. E, se depender de mim, não vão mesmo", diz, em entrevista a Lucas Vasques, na Revista Fórum (Foto: Gisele Federicce)
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Por Lucas Vasques, da Revista Fórum

Um dos assuntos mais comentados na última semana foi a ovada recebida pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PEN), em visita a Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Quem seria a garota que teve a iniciativa de realizar uma ação de protesto contra o discurso de ódio e homofóbico do parlamentar?

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Aliás, muito se falou sobre ela, mas pouco, de verdade, veio à tona. Surgiram tantas notícias falsas, absurdas a respeito da autora do protesto, chegando ao ponto de divulgarem que ela teria sido presa em Ribeirão Preto, suspeita de infectar homens e mulheres com o vírus HIV, da Aids.

 

A prova de que nada disso é verdade é que Gabrielle Van Pelt concedeu entrevista à Fórum, com exclusividade, contando quais foram as motivações que a levaram a tomar essa atitude. Além disso, ela detalha as ameaças que vem recebendo e o que pretende fazer a partir de agora.

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Fórum – Depois do episódio, muita coisa foi falada sobre você. Então, aproveite e revele quem é Gabrielle Van Pelt?

Gabrielle Van Pelt – Vamos lá. Eu sou Gabrielle Van Pelt. Completei 23 anos de idade neste sábado (19).  Sou filiada ao PCdoB há cerca de três anos. Milito organicamente na UJS (União da Juventude Socialista) há seis anos e, atualmente, faço cursinho pré-vestibular. Trabalho informalmente, nada fixo. Meu desejo é estudar Ciências no próximo ano. Sou de Palmas, no Tocantins, mas moro em Ribeirão Preto há dois anos.

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Fórum – O que motivou você a tomar essa iniciativa de jogar um ovo no deputado federal Jair Bolsonaro? Você se inspirou na ovada que o João Doria levou na Bahia?

Gabrielle Van Pelt – Foi, sim, inspirado no ovo que foi jogado no João Doria. Na verdade, me encorajou muito. Essas duas figuras, aliás, só estão a serviço do ódio. Doria, o prefeito playboy, que tira dos mais pobres e tem coragem de se autodenominar “João Trabalhador” de São Paulo. Jair Bolsonaro é inimigo das mulheres, dos gays, das minorias, do lado de cá. Duas figuras horripilantes.

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Fórum – Foi uma coisa premeditada ou você pensou pouco antes de executar a ação?

Gabrielle Van Pelt – Não foi premeditado. Eu soube da chegada uma hora antes dele estar lá. Inclusive, eu soube por um engraxate. Então, foi meio às pressas, tanto que só estavam eu e mais quatro amigos na hora. Compramos o ovo ali mesmo nas redondezas e fomos para lá. Nada muito planejado.

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Fórum – O que aconteceu logo em seguida? Os seguranças do Bolsonaro foram violentos com você?

Gabrielle Van Pelt – Os seguranças foram absurdamente violentos. Eu fiz o corpo de delito na sexta-feira (18). Eles me bateram, me deram gravata, puxaram meus cabelos. Não só comigo, mas com meus amigos que foram me defender. Eles também foram agredidos.

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Fórum – O que acha das mensagens violentas que tem recebido em suas redes sociais, inclusive com ofensas graves e ameaças? O que pretende fazer em relação a isso?

Gabrielle Van Pelt – Recebi ameaças e não foram poucas. Foram muitas. Elas não param de chegar. Inclusive, vários amigos e familiares também foram ameaçados. Eu estou printando tudo, guardando tudo, e vou encaminhar todo esse material aos advogados na próxima semana. Esses crimes de ódio não podem ficar impunes. E, se depender de mim, não vão mesmo.

Fórum – Você não tem medo de represálias, uma vez que os seguidores do Bolsonaro têm um perfil bem violento?

Gabrielle Van Pelt – Medo de represálias, eu tenho. Mas esses últimos dias estou mais reservada. Eu, inclusive, recebi ameaças de uma pessoa que dizia saber meu endereço e que me pegaria de surpresa. Não sei se é verdade, mas, na dúvida, não arrisco. Quando tenho de sair à rua tem pessoas que me reconhecem e até já recebi parabéns. No entanto, tem gente que olha feio, imagino que seja por isso. Mas nunca estou desacompanhada. Eles são malucos, fascistas.

Fórum – Você recebeu alguma informação sobre a possibilidade de ser processada pelo Bolsonaro?

Gabrielle Van Pelt – Ele disse que me processaria, não sei. Ainda não fomos notificados.

Fórum – Que balanço você faz disso tudo? Teve mais apoio ou críticas?

Gabrielle Van Pelt – Recebi muito apoio, mas também muita crítica acompanhada de ofensas terríveis. Na verdade, não encaro como críticas, pois essas são bem recebidas. O problema é que são mensagens violentas. Mas diria que recebi mais apoio mesmo. Tudo na rede social. Pessoalmente mesmo só recebi elogios.

Fórum – Como você observa o atual momento político que o Brasil atravessa?

Gabrielle Van Pelt – Eu estou plenamente convencida de que o Brasil atravessa um dos piores momentos políticos de sua história, tal como ocorreu de 1964 a 1985. Saíram de cena os tanques e entraram as togas. Eu chamo isso de ditadura do Judiciário. Não tenho dúvida. Michel Temer, Jair Bolsonaro, Eduardo Cunha e suas companhias golpistas são o que há de pior e mais nefasto na política brasileira. Temer, por exemplo, tomou a presidência da República por meio de um golpe parlamentar. E um governo não eleito nas urnas não tem compromisso com o povo. O resultado disso é o desmonte do Estado, do bem-estar social. Trata-se de uma equipe de governo inteira que só tem um compromisso: servir ao capital financeiro, ao imperialismo. São tempos sombrios. Bolsonaro, no meio disso tudo, tentando emplacar sua candidatura, sem projeto, na base de discursos repletos de ódio. É perigoso. Ele precisa ser combatido com muita veemência.

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