Tsitsina Xavante diz que a violência contra os índios recrudesceu
Filha de Mário Juruna, primeiro deputado indígena do Brasil, e nova liderança nacional da causa indígena, Tsitsina Xavante aponta um recrudescimento sem precedentes da violência contra o índio; para ela, as comunidades estão gravemente ameaçadas pela nova lógica predatória do governo federal, tanto no que diz respeito à natureza quanto no que diz respeito ao patrimônio público e às ancestralidades culturais de um país continental; ela aponta o Parecer 001/2017 – apelidado de Parecer Antidemarcação – como retrocesso abominável
Diego Mendonça, Le Monde Diplomatique – (...) Ao analisar a difícil conjuntura do país em que se tem recrudescido a violência e a criminalização contra os movimentos sociais e o movimento indígena, Tsitsina vê como um dos maiores desafios atuais a garantia dos direitos originários dos povos que vêm sendo ameaçado tanto pelo poder executivo, vide o Parecer 001/2017, chamado de Parecer Antidemarcação, assinado em julho do ano passado por Michel Temer, quanto pelo Congresso Nacional, em especial a tríade das bancadas “BBB” (Boi, Bala e Bíblia).
A revogação do Parecer 001/2017 foi um dos alvos das ações realizadas pelos indígenas durante o Acampamento Terra Livre deste ano, que teve como lema principal “unificar as lutas em defesa do Brasil Indígena – Pela garantia dos direitos originários dos nossos povos”. Além deste ato que aconteceu na Advogacia Geral da União (AGU), no último dia do acampamento ocorreu uma marcha até o Congresso Nacional que contou com mais de 3 mil indígenas das 5 regiões do país.
A respeito da união dos povos e das lutas, Tsitsina Xavante se diz otimista e vê com bons olhos a atual mobilização do país, que tem como resultado concreto o sucesso da realização de 15 encontros nacionais como o Terra Livre.
É uma conquista de sua geração na esteira e diálogo direto com as conquistas da geração de seu pai, que ainda segue presente na luta, como é o caso de Raoni e Álvaro Tukano, dentre outros. A pauta das políticas públicas e dos direitos constitucionais seriam inviáveis para os povos indígenas hoje sem a garantia mínima dos artigos 231 e 232 da Constituição (que garantem o direito ao território), além dos demais direitos sociais e culturais presentes na Carta Magna, garantias conquistadas pelos movimentos do tempo de Mário Juruna.
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