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Brasil

Um curioso João Cavalcanti

Um dos 20 homens mais ricos do Brasil, o empresrio dono de um lado mstico que surpreende a quem no o conhece

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Camila Vieira_247 - Certa vez, sentado numa mesa repleta de empresários num restaurante galante de Salvador, o geólogo João Cavalcanti conversava sobre negócios, investimentos internacionais e todo o tipo de assunto que envolve o meio empresarial quando, subitamente, parou. Pegou o celular, ligou para a esposa Renilce e disse mais ou menos seguinte: "Olha, eu vinha pela Paralela e vi um cachorro magrinho próximo ao viaduto ali do CAB. Vai lá com fulano, recolhe ele porque o cachorro pode ser atropelado".

Antes desse episódio, enquanto passava de carro pela Estrada do Coco, ao encontro de empresários, JC já havia telefonado a Renilce para que ela fosse retirar um cavalo atropelado próximo ao posto da Polícia Rodoviária. Ele mesmo ligou para os policiais e pediu informações para poder amparar o animal que estava ferido na pista. "Depois, liguei para um veterinário, ele me pediu quase R$ 20 mil, imagine... é uma falta de amor pelos animais dos veterinários, assim como muitos médicos não têm amor pelas pessoas".

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Este é o empresário João Cavalcanti, que está entre os 20 homens mais ricos do Brasil. É místico, espiritualista e defende o equilíbrio com o cosmo para que os seres humanos construam um mundo melhor. Costuma fechar e piscar freneticamente os olhos durante sua fala. Com voz grossa, meio embolada, mas compreensível, o empresário demonstra serenidade enquanto proseia sobre a vida, o universo cósmico e os animais. Tem um gato há 15 anos, batizado de Felicidade, com quem dorme e conversa. "É, ele se expressa, mia".

Ele é dono de uma fundação instalada próximo à capital baiana que cuida de dois mil cachorros, mais de 500 gatos e outros animais. Além disso, banca mais de 40 funcionários, 10 veterinários, casa de hóspedes, centro cirúrgico e até acupuntura, o que gera um custo de cerca de US$ 100 mil mensais. "Eu chamo isso de investimento, o que não me faz falta". Parafraseia Leonardo da Vinci, afirmando: "No dia em que o ser humano respeitar os animais, o mundo vai mudar". Defensor dos bichos, JC afirma que os abriga porque são seres que não sabem pedir, não têm livre arbítrio como o ser humano tem. "Quando você faz um trabalho para esses seres, tira esses seres das dores – os animais têm diabetes, câncer, Aids – quando você tira esses seres das dores, o cosmo fala: 'esse é o cara'. Porque você está compartilhando. O grande problema do ser humano, baixinha, é o egoísmo".

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Apesar de sereno, JC usa vestimenta preta há mais de 30 anos, o que simbolicamente remete a algo sombrio, e usa óculos escuros. Entretanto, depois que começou a vestir essa cor – só de camisas são mais de 200 – passou a ser mais respeitado por indianos, árabes, chineses e japoneses. "Preto é o absoluto. Sabe o que significa o preto? Poder. Comecei a conviver com grandes empresários, fui sócio de grandes empresários e, observando, vi que todos os homens usavam preto". Alguns "otários", diz, pedem para ele cortar o cabelo e a barba que conserva há mais de 40 anos. "A turma que procurou o Bel (referência à multinacional fabricante de aparelhos de barbear) já me rondou. Não tiro, não vou tirar nem por R$ 1 milhão, nem por R$ 20 milhões, porque não vão me dar", cai na gargalhada. E completa, inesperadamente: "Se me dessem eu doaria para as filantrópicas".

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'É preciso despertar a espiritualidade no seu interior'

Com cerca de 10 anos de idade Cavalcanti começou a ter visões de pessoas falecidas, ficava ouvindo vozes. Chegou a frequentar reuniões mediúnicas e dos 10 aos 14 anos dormia no meio do pai e da mãe, pois não entendia o que estava acontecendo. Conheceu depois o candomblé, frequentou também a Ordem Franciscana, quando foi batizado de João Francisco. Foi lá que aprendeu a ter a disciplina que o guia até os dias atuais. Depois, descobriu o budismo...

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"Fui chegando à conclusão de que eu não precisava de um intermediário, não precisava de um guru, como a maioria da humanidade que fica atrás de guru, de yoga, aquele negócio de meditação om, om, om. Você pode orar deitada na sua cama, você não precisa estar ajoelhada, não precisa ir para a Igreja, não precisa de padre, de bispo, de santo, nem pai de santo, o que você precisa é despertar no seu interior a espiritualidade".

E é isso o que ele faz. Acorda todos os dias por volta das 3h, fica em silêncio, bota uma música clássica, ou uma orquestrada, e medita. Fica mais de três horas entrando em contato com o seu eu interior e o mundo cósmico. Por que na madrugada? "É quando os bandidos, os marginais, as gentes maléficas estão proliferadas na noite, cometem os crimes. O dia vai clareando e eles vão voltando para suas casas, seus covis e as coisas vão ficando mais serenas e o ar fica menos denso", explica, referindo-se a Jesus Cristo que costumava orar em lugares altos, onde a densidade atmosférica fica menor. "Para se aproximar das entidades mais evoluídas é preciso estar menos denso".

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Para viver tão equilibrado, evita bebidas alcoólicas muito pesadas, mas não despreza um bom vinho acompanhado de bons queijos. Quase não come carne. Segundo ele, nossos dentes são quadrados, somos feitos para comer frutas, grãos e verduras. Alimenta-se muito de peixe, mas pretende parar. "Não bebo, não fumo e não como comida pesada. Essa barriga vem de queijos bons, e bons vinhos e muito guaraná Antártica. Sou igual criança com refrigerante". Além da boa alimentação, conserva amor próprio, tem autoestima e perseverança. "Se você disser assim: 'eu só vou ser feliz se alguém me amar' você tá lenhado. Nunca coloque sua vida e sua felicidade na mão de ninguém", aconselha.

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Apesar da correria que enfrenta no dia a dia, vivendo quase que na ponte aérea, entre Londres, São Paulo, Salvador, Índia, França, China, tem disciplina e vive bem. Adora Paris, acha uma cidade muito alegre. Se é poliglota? "Só preciso de cartão de crédito sem limites. Essa história de você falar inglês... o povo vem pra cá, chinês vem para cá e não sabe falar português", comenta sem mudar o tom da voz.

'Minha coleção são os carros que não pude ter'

Nascido em Caculé (sudoeste baiano), em 1948, descobriu que profissão seguiria com cerca de 10 anos de idade. Começou a observar geólogos alemães e espanhóis na cidade natal, até que perguntou para eles o que o profissional fazia. Ficou sabendo que é responsável por procurar jazidas, viaja o mundo e ganha mais de U$ 10 mil. Foi nessa época que também começou sua paixão pelos carros.

Estudou na Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (Ufba), em meados da década de 1970, e teve que dormir várias vezes no Campo Grande. Claro que isso acontecia numa época em que a cidade não estava cheia de assaltantes. Adorava os bambuzais, onde se deitava para descansar. "Eram os anos dourados. Foram os anos mais bonitos do mundo todo", diz, nostálgico. Depois, chegou a dormir em uma mesa de ping pong e num sofá do Diretório Acadêmico da Ufba até que foi expulso do lugar.

No primeiro ano do curso, era trainee num grande grupo de mineração da época. Não satisfeito em apenas procurar jazidas, queria também planejar e tirá-las de lá, entender todo o processo, ser autônomo. Foi aí que ingressou no curso de engenharia de minas. Aplicou seus conhecimentos e astúcia na descoberta de reservas imensas de ferro e outros minérios. No ano de 2004, descobriu uma imensa reserva de ferro na Bahia, a gigantesca companhia de mineração Vale, proprietária de uma reserva nas proximidades. Graças a outros geólogos que deixaram o depósito de minério passar despercebido, João acabou descobrindo o tesouro.

Ao comentar sobre as décadas de 1950 e 60, conversamos sobre sua coleção de carros antigos cuja paixão vem desde a infância. Para ele, seus Cadilacs e Opalas são verdadeiras obras de arte. Possui um Cadilac de 1956, que pertenceu à coleção de Elvis Presley, uma picape Ford de 1959. Em todos, coloca motor novo, e mantém a estrutura antiga. Fala com entusiasmo. "Minha coleção são os carros que não pude ter". No entanto, não gosta de motos. "Acho muito perigoso". Seus automóveis - Ferrari, Maserati, Porsche e BMWs –, valem cerca de US$ 1 milhão. Tamanha coleção, claro, é objeto de cobiça de muita gente. Tem quem não esconda a inveja, como aconteceu recentemente quando ele estacionava uma BMW. Sua reação? Deu risada.

Quando o assunto é futebol, a resposta "sou Vitória!" vem antes mesmo de eu concluir a pergunta. "Fui convidado há dois anos – dei risada – a ser presidente do Bahia. Você imagina... Meu pai, que era Vitória fanático, iria ressuscitar do túmulo se eu fosse ser presidente do Bahia". Por falar em esporte, JC foi procurado para investir na área e já está estudando um projeto para apoiar crianças e jovens carentes.

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