Vorcaro nega irregularidades e afasta hipótese de delação à PF
Banqueiro falou sobre insolvência do Master, pediu sigilo de conversas e não indicou intenção de colaborar como delator nas investigações
247 - O depoimento prestado pelo banqueiro Daniel Vorcaro à Polícia Federal (PF), nesta terça-feira (31), reforçou a avaliação de que o executivo não pretende firmar acordo de delação no inquérito que apura fraudes financeiras bilionárias envolvendo o Banco Master. Segundo apuração da CNN Brasil, a oitiva teve como foco central a situação de insolvência da instituição e não avançou para qualquer narrativa de colaboração ampla com as autoridades.
De acordo com fontes que tiveram acesso ao conteúdo do depoimento, a postura adotada por Vorcaro e por sua defesa foi de cautela e defesa estrita. Os advogados demonstraram preocupação com um eventual vazamento de dados obtidos a partir do telefone celular do banqueiro, o que, na avaliação de investigadores, indica resistência a uma colaboração que extrapole os limites do interrogatório formal. A informação foi revelada pela CNN Brasil.
A defesa solicitou expressamente que conversas mantidas por Vorcaro com autoridades públicas, sem relação direta com a investigação sobre a compra de títulos considerados problemáticos, sejam preservadas sob sigilo. O pedido foi interpretado como um esforço para delimitar o alcance da apuração e evitar a ampliação do inquérito para outros temas ou personagens.
Durante o depoimento, Vorcaro reconheceu que tinha acesso a pessoas públicas, mas negou que essas conversas tenham tratado de problemas financeiros do Banco Master. O banqueiro afirmou que não discutiu a situação econômica da instituição fora dos canais oficiais, afastando qualquer sugestão de articulação política ou administrativa paralela.
As oitivas foram conduzidas pela delegada da Polícia Federal Janaína Palazzo. Vorcaro foi o primeiro investigado a depor e permaneceu cerca de duas horas e meia prestando esclarecimentos. Segundo fontes próximas à investigação, o conteúdo apresentado não indicou disposição para fornecer informações que caracterizem colaboração premiada ou delação.
O banqueiro é investigado por suspeitas de fraudes financeiras de grande porte, relacionadas à suposta formação de uma carteira de crédito falsa utilizada na tentativa de venda do Banco Master ao BRB. A identificação dessas irregularidades levou à deflagração de uma operação da Polícia Federal contra Vorcaro e outros envolvidos.
Além da investigação criminal, o Banco Central decretou, no final de novembro, a liquidação do Banco Master. A medida administrativa confirmou a gravidade da situação financeira da instituição e encerrou definitivamente suas operações no mercado.
Relembre o caso do Banco Master
As investigações sobre o Banco Master começaram em 2024, após requisição do Ministério Público Federal (MPF) para apurar a possível fabricação de carteiras de crédito consideradas insubsistentes.
Segundo as apurações, esses títulos teriam sido vendidos a outra instituição financeira e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por ativos sem avaliação técnica adequada, o que levantou suspeitas de fraude contábil e financeira.
Em 18 de novembro deste ano, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master e de sua corretora de câmbio, decisão que inviabilizou o processo de venda da instituição anunciado no dia anterior.
Antes da intervenção, o Banco Master já chamava a atenção do mercado por seu modelo de negócios considerado arriscado, baseado na emissão de papéis garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), com taxas superiores às praticadas pelo mercado, o que aumentava os alertas sobre a sustentabilidade da operação.
