Wajngarten pede perdão à direita após queda das sanções, enquanto Bolsonaro segue preso
Após decisão dos EUA que retirou sanções contra Moraes, ex-secretário de Bolsonaro faz mea-culpa pública e cobra memória sobre prisão do ex-presidente
247 - O ex-secretário de Comunicação Social da Presidência Fabio Wajngarten publicou neste sábado uma mensagem de tom confessional dirigida à direita brasileira, na qual pede perdão aos apoiadores do campo político após a revogação, pelos Estados Unidos, das sanções impostas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. No texto, divulgado em seu perfil na rede social X, Wajngarten faz um balanço crítico de decisões passadas e menciona a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem se refere como preso e isolado.
A manifestação ocorre um dia depois de o governo dos Estados Unidos anunciar a retirada do nome de Moraes da lista de pessoas sancionadas com base na Lei Magnitsky, decisão comunicada oficialmente pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), do Departamento do Tesouro norte-americano. O anúncio também excluiu da lista a advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro, e o Instituto Lex, ligado à família do magistrado.
Na publicação, Wajngarten expressa arrependimento e faz autocrítica ao afirmar: “Que dia triste…. Quanta coisa eu faria diferente se pudesse voltar no tempo…. Deveria ter tido mais firmeza e contundência e não desistido de enfrentar os BOSSAIS, BUROCRATAS, BAJULADORES e OPORTUNISTAS.” Em seguida, ele avalia o impacto acumulado de escolhas equivocadas: “Erros sucessivos e banais podem parecer sem importância, mas em quantidade levam à derrota.”
Dirigindo-se diretamente aos apoiadores da direita, o ex-secretário pede desculpas em termos duros e assume responsabilidade pelos acontecimentos recentes. “Eu peço perdão aos apoiadores da DIREITA pela enorme desfaçatez, injustiça, cinismo e ingratidão inerentes e relativos aos últimos acontecimentos”, escreveu. Na sequência, faz um apelo à memória política do grupo: “Peço-lhes além das desculpas que não se esqueçam jamais que temos um Presidente numa sala 3x2 trancado e isolado.”
Wajngarten conclui o texto com uma mensagem de resistência e julgamento moral do cenário atual. “Hora de resistir e superar as horas, as redes, os fatos. Tudo passa. Quem fez sabe o que fez. O holofote, o palco oco de hoje é o desprezo e a insignificância do amanhã”, afirma, antes de encerrar com uma declaração pessoal: “A minha consciência é reta e limpa. O meu caminho idem. Eu durmo no travesseiro tranquilo, e vc?”
A decisão do governo norte-americano que serve de pano de fundo para a manifestação foi divulgada em comunicado oficial na sexta-feira (12). As sanções contra Alexandre de Moraes haviam sido impostas no fim de julho, durante o governo de Donald Trump, e ampliadas em setembro para incluir Viviane Barci de Moraes. A medida tinha como base a Lei Magnitsky, mecanismo da legislação dos Estados Unidos usado para punir, de forma unilateral, supostos violadores de direitos humanos no exterior.
Entre as penalidades previstas pela lei estão o bloqueio de contas bancárias, bens e interesses em bens sob jurisdição norte-americana, além da proibição de entrada nos Estados Unidos. Ao aplicar a sanção ao ministro do STF, o órgão do Departamento do Tesouro acusou Moraes de violar a liberdade de expressão e de autorizar “prisões arbitrárias”, citando decisões relacionadas ao julgamento da tentativa de golpe de Estado e medidas contra empresas de mídia social dos EUA.
