Aegea inicia operação no Pará com maior projeto de saneamento privado da Amazônia
Com quase R$ 19 bi em investimentos, projeto visa universalizar água e esgoto para 5,5 milhões de pessoas, mirando a meta de 99% de atendimento até 2033
A Aegea, operadora de referência em saneamento básico no Brasil, deu um passo decisivo para expandir sua atuação no Norte do país. Após vencer a concessão dos serviços de água e esgoto em 126 municípios do Pará em 2025, a companhia antecipou em quatro meses o início das operações nas cidades mais populosas do estado: Belém, Ananindeua e Marituba. O contrato, que prevê quase R$ 19 bilhões em investimentos ao longo de 40 anos, representa o maior investimento privado da história do setor na Amazônia Legal e beneficiará mais de 5,5 milhões de pessoas.
O desafio é grande. O abastecimento de água atinge 63% da população paraense, com perdas de 58% na distribuição. Já o esgotamento sanitário chega a 8,7% dos habitantes. Na capital, Belém, sede da COP30, o atendimento de água é de cerca de 75% e o de esgoto, de 15%, segundo o BNDES. Esses índices refletem diretamente na qualidade de vida, com Belém figurando entre as cinco capitais com pior desempenho no Índice de Progresso Social do Instituto Imazon.
Expertise da Amazônia como legado
Para enfrentar esses desafios, a Aegea trará a experiência bem-sucedida de sua operação em Manaus, capital amazonense que compartilha características geográficas e sociais semelhantes. Após sete anos de atuação na cidade, a Águas de Manaus universalizou o abastecimento de água, levando o serviço pela primeira vez para 200 mil pessoas em áreas vulneráveis, como becos e palafitas. Esse conhecimento em gestão de saneamento em um bioma complexo como a Amazônia será um legado valioso para a operação no Pará.
“A intenção da Aegea no Pará é manter o olhar atento às populações vulneráveis e garantir o acesso ao serviço. Para isso, a concessionária desenvolve soluções para atender nos mais diferentes cenários, como moradias em palafitas, por exemplo, sujeitas às subidas e baixas dos rios. O saneamento tem que ser para todos”, afirma André Facó, diretor-presidente da Águas do Pará.
Universalização inclusiva e caso de sucesso em Barcarena
O projeto paraense tem como meta atingir 99% de atendimento de água até 2033 e 90% de coleta e tratamento de esgoto até 2039. Um dos pilares é a inclusão: a previsão é de que a Tarifa Social beneficie 1,6 milhão de paraenses de baixa renda, cerca de 30% da população atendida, com cobrança adequada às suas condições socioeconômicas.
A capacidade da empresa em cumprir prazos ambiciosos já foi demonstrada no estado. Em Barcarena, na Região Metropolitana de Belém, a Aegea concluiu a universalização dos serviços de saneamento em 2025, oito anos antes do prazo estabelecido pelo Marco Legal do Saneamento, tornando a cidade a primeira do Pará a atingir a meta e beneficiando 120 mil pessoas.
Vila da Barca: o símbolo da transformação em Belém
Um dos símbolos concretos do novo momento em Belém é a intervenção na Vila da Barca, considerada uma das maiores comunidades sobre palafitas da América Latina. A Águas do Pará já concluiu, no início de outubro de 2025, as obras de abastecimento de água potável para mais de 5 mil moradores. A engenharia adotou redes de água elevadas para evitar contaminação durante os alagamentos, com 2,3 km de redes implantadas.
Em outubro, também foram iniciadas as obras de esgotamento sanitário, que incluem 1,7 km de redes e previsão de conclusão para abril de 2026. O relacionamento com a comunidade é feito por meio do programa Afluentes, que mantém diálogo com as lideranças locais. Paralelamente, o projeto “Barca Saneada” capacita 20 jovens da comunidade para pensar em soluções de geração de renda a partir da redução do descarte inadequado de resíduos. A empresa atua ainda com uma estratégia de contratação de pessoas na própria comunidade.
Com um modelo operacional consolidado, a Aegea posiciona sua atuação no Pará não apenas como uma expansão de negócios, mas como um vetor de transformação social e ambiental, alinhando o desenvolvimento da infraestrutura de saneamento aos compromissos climáticos que ganharam evidência durante a COP30.
