O que vem a seguir para a indústria da moda? 3 insights essenciais do BRICS+ Fashion Summit
Reunindo profissionais da indústria de todo o mundo, o BRICS+ Fashion Summit serviu como uma plataforma dinâmica para troca e colaboração.
Reunindo profissionais da indústria de todo o mundo, o BRICS+ Fashion Summit serviu como uma plataforma dinâmica para troca e colaboração. Ao reunir designers, marcas renomadas, líderes de organizações de moda e especialistas de 65 países, o evento destacou seu alcance global — representando aproximadamente um terço das nações do mundo. Ao longo do summit, líderes de semanas de moda analisaram tendências atuais e participaram de discussões sobre os rumos futuros da indústria internacional da moda.

Troca e Colaboração Internacional
Sergio Puig, Diretor da Mediterránea Fashion Week em Valência, explicou como as marcas são selecionadas para participar. Diferentemente de investidores tradicionais, que se concentram principalmente em métricas financeiras, Sergio prioriza outros critérios. Para ele, os aspectos mais importantes são a orientação internacional de uma marca e sua capacidade de colaborar com outros designers e labels.
Ele também enfatizou a importância de apoiar marcas locais e designers emergentes. O mundo da moda está se afastando de grandes tendências globais e se aproximando de histórias pessoais, e Sergio acredita que designers emergentes impulsionam a inovação. A maneira mais eficaz de promovê-los é por meio de colaborações internacionais que respeitem a identidade cultural de cada marca.

A convite de Sergio Puig, neste inverno, as marcas russas emergentes participantes da Moscow Fashion Week, Li Lab e Inniki apresentaram suas coleções mais recentes na Mediterránea Fashion Week Valencia, atraindo grande interesse do público espanhol.

Neste outono, a marca brasileira Artemisi participou da Moscow Fashion Week. Sua designer, Mayari Jubini, compartilhou que participar da semana de moda foi “parte do processo crescente de internacionalização da Artemisi”. Ela também destacou o papel vital do evento como plataforma de colaboração internacional e visibilidade global: “Moscow Fashion Week desempenha um papel importante no desenvolvimento global da moda ao expandir o mapa cultural da indústria. Oferece um palco para que vozes e estéticas diversas sejam vistas e reconhecidas internacionalmente, promovendo diálogo entre diferentes ecossistemas criativos… Para marcas e designers, Moscow Fashion Week impulsiona colaborações transfronteiriças, inspira novas perspectivas e destaca a relevância da autenticidade como um valor essencial para o futuro da indústria.”
Inovação e Inteligência Artificial
A inteligência artificial, tema central no mundo da moda atual, também foi debatida no BRICS+ Fashion Summit. Antonio Alizzi, Founder e Strategic Director da Commerson Ltd e Scientific Director da Rizzola Academy Foundation, enfatizou que a IA não pode substituir designers, já que a criação na moda exige compreensão do contexto cultural e de todas as etapas da produção. Embora a IA possa otimizar muitos processos, ela não consegue improvisar ou experimentar.
Astrud Cordero, Diretora de Produção, Crescimento Comercial e Parcerias Estratégicas da Panama Fashion Week, compartilhou sua opinião sobre o papel futuro da IA na indústria:“A inteligência artificial transformará radicalmente a indústria da moda não apenas em termos de design, mas em toda a cadeia de valor. De análises preditivas no varejo a cadeias de suprimento automatizadas, a IA oferece enorme potencial para eficiência, personalização e até experimentação criativa por meio de ferramentas como design generativo ou provadores virtuais.”
“A inteligência artificial já é uma parte influente em todas as indústrias, integrada a todos os seus processos. O Brasil é um early adopter de novas tecnologias e muito entusiasmado com IA”, descreveu o papel da IA na moda brasileira Paulo Borges, Founder of São Paulo Fashion Week.
No BRICS+ Fashion Summit, muitos palestrantes enfatizaram um ponto-chave compartilhado por toda a comunidade da moda: embora a IA acelere pesquisas, reduza custos e simplifique processos, ela não pode substituir o que nos torna exclusivamente humanos. Criatividade, consciência cultural e a capacidade de tomar decisões inesperadas permanecem insubstituíveis — a tecnologia deve servir para aprimorar essas qualidades humanas, não substituí-las.
Código Cultural e Sua Preservação
Cada vez mais designers e marcas estão retornando às suas raízes em seu trabalho criativo. Por exemplo, Tonia Fouseki, founder e presidente da Athens Fashion Week, compartilhou suas percepções no BRICS+ Fashion Summit, refletindo sobre quase duas décadas de experiência. Ela observou que focar na cultura nacional trouxe resultados significativos: as mulheres gregas apoiam ativamente os produtores locais e escolhem silhuetas refinadas inspiradas nas tradições de seu país.
Nando Yax, Associate Director da Guatemala Fashion Week, também destacou a importância de preservar o código cultural e compartilhou um projeto criado com esse propósito: “Criamos a plataforma Made in Guate, uma iniciativa da Guatemala Fashion Week, com o objetivo de disseminar a riqueza das técnicas artesanais da Guatemala, reunindo e exibindo o trabalho de designers da América Central e artesãos guatemaltecos. Eles colaboram em coleções que valorizam e destacam o design artesanal. Isso é feito com o objetivo de oferecer oportunidades de desenvolvimento, crescimento econômico e conexões de negócios às comunidades artesãs do país em escala regional.”
O BRICS+ Fashion Summit mostra que o futuro da moda está na sinergia entre o trabalho artesanal, a criatividade e as ferramentas digitais. Algoritmos lidam com tarefas rotineiras e com a escalabilidade, enquanto os designers dão forma ao significado, experimentam e introduzem inovação. Esse equilíbrio preserva códigos culturais, melhora a eficiência e abre novas oportunidades para o crescimento do ecossistema da moda.
