Semanas de Moda como Plataformas para Colaboração Internacional
As semanas de moda e outros grandes eventos do setor ao redor do mundo estão em constante evolução, avançando rumo à internacionalização.
Por Dário Correia Oliveira
Um ótimo exemplo é a London Fashion Week, que mostra um foco global claro ao recrutar ativamente designers do mundo todo. Sob a nova liderança do British Fashion Council, dirigido por Laura Weir, os investimentos em iniciativas para participantes internacionais dobraram em 2025. Como resultado, a participação global na LFW em setembro de 2025 aumentou 18%, indicando um novo entusiasmo pelo cenário da moda londrina. A importância da cooperação internacional também foi destacada no BRICS+ Fashion Summit deste outono, que se tornou uma das principais plataformas globais, atraindo economias emergentes do mundo inteiro. O Summit também desperta o interesse de países europeus e dos EUA, que veem os mercados da Ásia, África e América Latina como vias promissoras de crescimento nos dias de hoje.
Claudia Tome, Diretora-Geral da Asunción Fashion Week e participante do Summit, destaca o evento como “uma plataforma de comunicação inestimável para que países emergentes amplifiquem suas vozes, talentos e identidades culturais no cenário global”. Ela também observou que “ao reunir profissionais de origens diversas, o Summit se torna muito mais do que um evento, ele se torna um catalisador de diálogo, desenvolvimento e integração global dentro da indústria da moda”.
As discussões no Summit também abordaram como os formatos de semanas de moda estão mudando, como atrair investidores e como trabalhar de maneira mais eficaz com designers. Além das capitais tradicionais como Paris, Berlin, London, Milan e New York, novos centros de moda estão surgindo ao redor do mundo, cada um com sua identidade cultural própria. É essencial que os organizadores desses novos polos se encontrem, compartilhem estratégias e promovam suas indústrias locais de moda.
Os palestrantes do Summit reforçaram a importância da colaboração intercultural. Aurea Yamashita, Diretora de Promoção de Comércio Internacional da ABEST, apontou que “para países emergentes, é essencial construir conexões com outras nações que possibilitem a troca de experiências, para que ambos possam crescer juntos”.
Bruno Simões, Curador da APEX Brazil, reforça essa visão e destaca a importância da cooperação na moda, observando que o BRICS+ Fashion Summit é “uma oportunidade importante — e rara — de troca entre criativos e empreendedores que, apesar de coexistirem na mesma indústria, na maioria das vezes enfrentam um distanciamento patológico causado por vícios de mercado que impedem a troca de informações. É um contexto que favorece essa colaboração, que é crucial para o setor.”
Um evento marcante que reforça essa troca internacional é a Moscow Fashion Week, que aconteceu simultaneamente ao Summit. O evento destaca tanto o talento nacional — incluindo designers regionais e emergentes — quanto a cooperação internacional. Nesta temporada, marcas de 13 países participaram, incluindo Espanha, Brasil, Itália e Nicarágua. Enquanto isso, designers russos se encaixam naturalmente nos calendários de grandes semanas de moda na Índia, China, Tunísia, Turquia e Espanha, promovendo troca de experiências e fortalecendo laços no setor. Por exemplo, a marca russa Za Za participou da Costa Rica Fashion Week como parte do programa de intercâmbio com a Moscow Fashion Week, enquanto Solangel apresentou suas coleções na Soweto Fashion Week, na África do Sul.
A moda hoje se torna um ecossistema cada vez mais interconectado e globalizado, onde o sucesso depende menos da localização ou tamanho do mercado e mais de parcerias internacionais estratégicas e expressão cultural autêntica. Com os mercados emergentes crescendo três vezes mais rápido que as economias desenvolvidas — e representando até 2025 mais de 55% do mercado global de moda feminina — as semanas de moda estão evoluindo de vitrines regionais para plataformas essenciais de definição de tendências globais e criação de alianças comerciais. O futuro da indústria será moldado por organizadores capazes de unir a promoção das identidades culturais locais com a construção de comunicação internacional eficaz, transformando a moda em uma ferramenta de desenvolvimento sustentável e troca cultural global.
