Barco movido a hidrogênio verde da Itaipu começa a operar em Belém
Em parceria com o Itaipu Parquetec, embarcação BotoH2 é usada na coleta seletiva das ilhas de Belém e marca avanço da transição energética na Amazônia
247 - O primeiro barco totalmente movido a hidrogênio verde da América Latina já está em operação nos rios de Belém (PA). O BotoH2, desenvolvido pela Itaipu Binacional em parceria com o Itaipu Parquetec, foi lançado oficialmente nesta quarta-feira (12) durante a COP30, conferência mundial do clima realizada na capital paraense. A informação é da Itaipu Binacional.
A cerimônia de lançamento ocorreu na ilha do Combu e reuniu diversas autoridades, entre elas o ministro do Turismo, Celso Sabino, o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, o diretor-geral paraguaio, Justo Zacarias Irún, e o diretor-superintendente do Itaipu Parquetec, Irineu Colombo. A embarcação será utilizada na coleta seletiva das ilhas de Belém, numa ação que alia inovação tecnológica, sustentabilidade e inclusão social.
O projeto integra o conjunto de iniciativas de apoio de Itaipu à COP30, desenvolvido em parceria com o Governo Federal. Ao todo, a empresa investiu R$ 1,3 bilhão em obras de infraestrutura e projetos que deixarão um legado permanente para a população da capital paraense.
Durante o lançamento, o ministro Celso Sabino destacou a importância das ações da hidrelétrica para a cidade. “Todas as pessoas que moram em Belém do Pará têm uma gratidão e uma dívida muito grande com a Itaipu. Eu vim aqui, em nome do povo do Pará, para dizer muito obrigado pelo que vocês fizeram em nossa cidade, pelas intervenções que a Itaipu Binacional fez para preparar Belém para receber o maior evento de debate climático do planeta”, afirmou o ministro.
O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, ressaltou que o BotoH2 simboliza a transição energética em curso na empresa, que hoje investe também em biogás, biometano, petróleo verde e energia solar. “Não há lugar melhor para fazer esse lançamento do que em um encontro como esse, em que 194 países estão presentes, refletindo sobre o nosso futuro. Nada melhor do que estar neste local para a gente avaliar a importância do respeito à natureza e da extrema urgência de salvarmos o planeta”, declarou.
Já o diretor-geral paraguaio, Justo Zacarias, destacou o papel inovador da Itaipu na diversificação de sua matriz energética. “Temos que reconhecer e parabenizar pelo enorme grão de areia que Itaipu colocou aqui na COP30”, disse, enfatizando que o barco movido a hidrogênio mostra o compromisso da empresa com o futuro da energia limpa.
Para Irineu Colombo, do Itaipu Parquetec, o lançamento representa o amadurecimento de quase duas décadas de pesquisas sobre hidrogênio verde. “Hoje somos parâmetro para quem quiser vender soluções para o Brasil, como as empresas que trabalham tecnologia e observam que aqui tem conhecimento”, afirmou.
O BotoH2 ficará sob a responsabilidade da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), da Universidade Federal do Pará (UFPA). A instituição irá monitorar o uso da embarcação e seu abastecimento com hidrogênio verde — produzido pela própria universidade —, além de utilizá-la em projetos de pesquisa e educação ambiental. O convênio também prevê o fortalecimento da coleta seletiva em Belém, com o apoio a quatro cooperativas de catadores locais.
Com 1,5 tonelada de peso, 9,5 metros de comprimento e 3 metros de largura, o barco é construído em alumínio e possui capacidade de carga de até 9 toneladas. O sistema de propulsão combina motor a hidrogênio e painéis solares fotovoltaicos, com um banco de baterias integrado. A embarcação é silenciosa e livre de emissões poluentes, tendo como único subproduto do motor água pura.
Apresentado na COP30, o protótipo do BotoH2 foi concebido como um modelo replicável para outras regiões do Brasil e da América Latina. Além da coleta seletiva, poderá ser utilizado em transporte de passageiros, turismo sustentável e projetos sociais em comunidades ribeirinhas, demonstrando o potencial do hidrogênio verde como solução para a descarbonização da navegação interior.
