Governo transforma Belém em polo de bioeconomia com apoio da Itaipu para a COP30
Centro de Inovação abrigará startups e impulsionará negócios sustentáveis; cidade recebe maior investimento da história da Itaipu fora do Paraná
247 - Na preparação para sediar a COP30, a cidade de Belém, no Pará, começa a se consolidar como referência em bioeconomia na Amazônia. Com apoio do governo federal e da Itaipu Binacional, a capital paraense recebe uma série de investimentos voltados ao desenvolvimento sustentável e à valorização de saberes locais. A iniciativa contempla, entre outras ações, a criação do Centro de Inovação e Bioeconomia de Belém (CIBB), que abrigará cerca de vinte startups e funcionará em um casarão histórico no centro da cidade. As informações são do portal da COP30, mantido pelo governo federal.
O projeto integra o Convênio 71, que também prevê a reforma de Unidades de Valorização de Recicláveis (UVRs), ações de educação ambiental e a aquisição de um barco movido a hidrogênio. O objetivo, segundo o governo, vai além da preparação logística para o evento climático da ONU: trata-se de deixar um legado estruturante e permanente à cidade. “A realização da COP em Belém nos coloca diante de uma responsabilidade histórica, que é transformar a cidade em um exemplo de como o desenvolvimento pode ser guiado por princípios de sustentabilidade, justiça social e inovação”, afirmou Olmo Xavier, diretor de Infraestrutura da Secretaria Extraordinária para a COP30 da Casa Civil.
Instalado no Casarão Higson, prédio tombado e vizinho ao Mercado Ver-o-Peso, o Centro pretende aliar tradição e inovação. A escolha do local levou em conta a localização estratégica e a integração com a economia da biodiversidade, já presente nas feiras da região. “É possibilitar que as pessoas tenham maior ganho e maior produtividade. E isso ficará de legado para Belém, para as próximas gerações”, destacou o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, Euler Sizo.
Para Carina Pimenta, secretária nacional de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente, o espaço será fundamental tanto para fomentar negócios inovadores quanto para popularizar o conceito de bioeconomia. “No cerne da bioeconomia, e também da economia criativa, está a capacidade de inovação que enxergamos nos empreendimentos, na habilidade das pessoas de criarem produtos e serviços que respondem a questões concretas da sociedade”, observou.
Além das startups, o CIBB contará com um café no térreo e um restaurante no terraço, ampliando a conexão com a população local e o turismo. O local pretende atrair negócios de segmentos como biojoias, bioperfumaria e fitofármacos, promovendo cadeias produtivas sustentáveis que se relacionam diretamente com a floresta.
Investimento recorde da Itaipu Binacional
A participação da Itaipu Binacional na preparação da COP30 marca um momento inédito. O aporte de R$ 1,3 bilhão para obras e projetos em Belém é o maior já feito pela empresa fora de sua área de atuação tradicional. “A Itaipu tem como missão, além de produzir uma energia barata de qualidade, o compromisso socioambiental. E não existe no mundo melhor objetivo socioambiental do que a COP30”, afirmou o diretor-geral brasileiro da companhia, Enio Verri, durante visita às obras ao lado do presidente Lula, em fevereiro.
Belém como vitrine da bioeconomia amazônica
O potencial econômico da bioeconomia é vasto. Um relatório do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) estima que o setor pode movimentar até US$ 7,7 trilhões no mundo até 2030, com produtos de base biológica que substituem os convencionais. Em Belém, iniciativas locais já dão forma a esse futuro — como o projeto “Filha do Combu”, idealizado por Dona Nena, agricultora e empresária da Ilha do Combu.
Há quase duas décadas, ela produz chocolates artesanais orgânicos a partir de cacau cultivado em sistema agroflorestal. “É uma forma também da gente se fixar no campo e gerar renda para a comunidade”, explicou. “As pessoas perguntam por que eu não faço uma loja na cidade, e eu respondo que é porque lá não vai gerar emprego para as pessoas daqui. O objetivo é que as pessoas daqui não precisem sair para ir buscar trabalho lá fora.” O empreendimento já ultrapassa R$ 1 milhão em receita anual e foi visitado por Lula e Emmanuel Macron, durante anúncio de um programa conjunto de R$ 5,4 bilhões para bioeconomia na Amazônia brasileira e na Guiana Francesa.
Compromisso com o futuro
Em 2024, o presidente Lula instituiu a Estratégia Nacional de Bioeconomia, com foco em práticas sustentáveis, repartição justa de benefícios e valorização dos saberes tradicionais. O plano inclui agricultura regenerativa, produção florestal sustentável e respeito aos direitos de povos indígenas e comunidades tradicionais.
Com a COP30 se aproximando, Belém se transforma em vitrine de um modelo de desenvolvimento que alia preservação ambiental, geração de renda e inovação. A expectativa do governo é que a cidade se torne símbolo global da transição para uma economia mais verde e justa.
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