HOME > COP30

Na COP, Lula defende transformar dívidas de países pobres em investimento para transição energética

Presidente diz que países ricos devem converter dívidas em investimentos verdes e afirma que cuidar do clima é garantir a sobrevivência da humanidade

Lula fala a jornalistas na COP30, em Belém (Foto: Reprodução)

247 - Durante coletiva com jornalistas na COP30, em Belém, na noite desta quarta-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que países ricos e grandes corporações precisam contribuir mais fortemente com a transição energética global, propondo que parte da dívida dos países pobres seja transformada em investimento climático.

 “Os bancos multilaterais, que cobram uma exorbitância de juros dos países africanos e dos países pobres da América Latina, precisam transformar parte dessa dívida em investimento para que a transição energética seja verdadeira”, declarou Lula.

O presidente também citou diretamente empresas petroleiras, mineradoras e grandes grupos econômicos, defendendo que os setores que mais lucram com atividades poluentes devem financiar a transição em curso.

A fala ocorre no momento em que o Brasil pressiona por um acordo sobre financiamento e abandono dos combustíveis fósseis, temas que vêm travando as negociações da cúpula climática. Lula disse enxergar risco real para o multilateralismo caso os líderes globais se mantenham distantes das demandas da população.

 “Se a gente não tiver um comportamento condizente com a aspiração do povo, da juventude, das mulheres, estaremos colocando em risco a democracia e a credibilidade.”

Belém no mapa do mundo

Lula celebrou o impacto da realização da COP na Amazônia e o fortalecimento da presença da sociedade civil nos debates. Ele destacou a participação recorde de 3.500 indígenas, além de movimentos sociais, juventude, mulheres e empresariado.

O presidente lembrou que muitos duvidaram da capacidade da capital paraense de sediar o evento — e aproveitou para responder às críticas, que incluíram recentemente declarações do chanceler alemão Friedrich Merz sobre condições da cidade.

 “Isso aqui fez uma COP melhor do que Copenhagen, Dubai, Paris, Londres, do que a COP de qualquer lugar. Aqui, o povo foi mais povo.”

Lula afirmou que o mundo agora sabe que, além da histórica cidade do Oriente Médio, existe uma Belém na Amazônia brasileira, e que colocar a floresta no centro do debate climático era objetivo estratégico do governo.

Combustíveis fósseis e urgência climática

Ao tratar da redução das emissões de gases do efeito estufa, o presidente reforçou o compromisso brasileiro com uma economia de baixo carbono e disse que o planeta não poderá continuar dependente de petróleo e carvão.

 “Se os combustíveis fósseis emitem muitos gases, precisamos pensar em como viver sem isso, e construir a forma de como viver.”

Negociações continuam sob pressão

O discurso de Lula ocorre enquanto a presidência brasileira da COP30 tenta fechar acordos antes do previsto, apesar das resistências de alguns países — entre eles, a Arábia Saudita, segundo negociadores.

A expectativa é que novas versões do texto sejam apresentadas até sexta-feira, incluindo avanços em:

  • financiamento climático
  • transição energética
  • redução da desigualdade de impactos
  • adaptação às mudanças já em curso

Lula se reuniu nesta quarta com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e com principais negociadores internacionais para tentar destravar consensos.

Artigos Relacionados