Presidente da COP30 convoca mutirão global por ação climática com foco em soluções locais e cooperação internacional

247 - O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, divulgou nesta quinta-feira (8/5) uma nova carta pública convocando um “Mutirão Global” pela ação climática. O documento aprofunda a proposta de uma mobilização sem precedentes para enfrentar a crise ambiental e apresenta os quatro pilares da conferência que será realizada de 10 a 21 de novembro, em Belém (PA). A iniciativa visa integrar ações locais e globais para acelerar soluções de baixo carbono e ampliar a resiliência diante das mudanças do clima. A informação é da Agência Brasil.

A carta sucede o primeiro comunicado oficial lançado em março, que delineava a visão estratégica da presidência da COP30. Agora, Corrêa do Lago detalha especialmente o pilar da Mobilização e antecipa que os outros três — Agenda de Ação, Negociação e Cúpula de Líderes — serão aprofundados futuramente. O Mutirão Global é o principal instrumento apresentado neste novo momento, com o objetivo de reunir governos, setor privado, movimentos sociais, organizações da sociedade civil e indivíduos em torno de uma agenda climática transformadora.

“O que buscamos é um movimento com estrutura global, mas enraizado em ações locais, que responda à urgência do momento”, afirma Corrêa do Lago no texto. A proposta é inspirada em práticas já em curso em diferentes territórios, como agricultores que adotam técnicas regenerativas com apoio comunitário, jovens que instalam painéis solares em áreas vulneráveis e empresas de tecnologia que trabalham para descarbonizar data centers. A carta destaca ainda o papel de comunidades afrodescendentes, indígenas e tradicionais como protagonistas de ações de educação climática, restauração ambiental e justiça social.

Para apoiar essa transformação, a presidência da COP30 anunciou também a formação de quatro “Círculos de Liderança”, estabelecidos em abril: o Círculo dos Presidentes da COP, o Círculo dos Povos, o Círculo dos Ministros das Finanças e o Balanço Ético Global. Cada um deles terá atuação independente e paralela às negociações oficiais, com o objetivo de ampliar o impacto das decisões e incluir diferentes formas de liderança nos processos da conferência.

A carta é publicada em um contexto alarmante: segundo a Organização Meteorológica Mundial, 2024 caminha para ser o ano mais quente já registrado. Diante desse cenário, Corrêa do Lago reforça que a COP30 precisa marcar uma virada definitiva na resposta climática global. “Chegou a hora de passar da visão à ação com uma cadeia de soluções em escala exponencial”, diz o presidente da conferência.

Inspirado pela encíclica Laudato Si’ e pelo legado do Papa Francisco, o documento também enfatiza a necessidade de ampliar a consciência coletiva por meio de diálogos inclusivos entre diferentes setores da sociedade — acadêmico, político, cultural, religioso e comunitário. Para Corrêa do Lago, é fundamental reconhecer e fortalecer as contribuições de jovens, mulheres, povos indígenas e comunidades tradicionais, cujas visões são essenciais para soluções climáticas mais justas e eficazes.

A carta finaliza com um chamado à inovação e à cooperação global, ressaltando que novas formas de colaboração internacional são urgentes para enfrentar os desafios do século XXI. “Precisamos alinhar esforços, compartilhar inteligência e integrar tecnologias emergentes com saberes ancestrais”, defende Corrêa do Lago. Como exemplos de inspiração, ele cita as florestas tropicais e a internet: sistemas complexos, resilientes e interconectados, que oferecem modelos para pensar um futuro sustentável e inclusivo.