HOME > Coronavirus

Boulos e Erundina: ‘o neoliberalismo mostrou sua irresponsabilidade social, é preciso uma revolução solidária’

Coluna na Folha de S. Paulo reforça a necessidade sanitária da quarentena, mas afirma que ela fará novas vítimas da fome e da miséria, caso não haja “compromisso social” dos governos

Luiza Erundina e Guilherme Boulos (Foto: Facebook/Divulgação)

247 - A deputada federal pelo PSOL, Luiza Erundina, assinou coluna na Folha de S. Paulo com o ex-presidenciável e dirigente do MTST, Guilherme Boulos, onde colocam a revisão de conceitos políticos e econômicos em decorrência da pandemia do coronavírus. Para eles, “a onda neoliberal” está mostrando sua verdadeira “face: a irresponsabilidade social”.

Os psolistas colocam a pandemia como sendo “a maior a crise desde a Segunda Guerra Mundial”, afirmando que, com a crise causada pelo vírus, “estamos ‘condenados’ a ser solidários”, uma alusão à frase do filósofo existencialista francês, Jean-Paul Sartre, que certa vez afirmou que o homem estava “condenado” a ser livre.

Eles, desta forma, criticam a política não solidária da agenda neoliberal, que “impôs a ‘austeridade fiscal’ como valor supremo e deprimiu o investimento público” e tirou R$ 9 bilhões do SUS em 2019.

Boulos e Erundina reforçam que “Para sobreviver precisamos contar uns com os outros. É solidariedade ou morte”, denunciando setores, na política e no empresariado, “os que preferem ficar ao lado da morte”.

O “drama” da propagação do coronavírus, para eles, é que o vírus já chegou nas periferias, onde falta água e muitos não têm moradia. Por isso, afirmam, é preciso urgência para ajudar esta setor da população. “Só em São Paulo são 25 mil pessoas morando nas ruas, e há outras milhares sem saneamento básico adequado. São elas que precisam da nossa ação de forma urgente”, diz o texto que reforça o efeito econômico “devastador” sobre o mais pobres.

“Há 40 milhões de brasileiros na informalidade e no subemprego, que trabalham de dia para comprar o jantar” enquanto que “quem tem poupança e altos rendimentos pode se virar bem” com isolamento social, ressalta. Neste sentido, a coluna reforça a necessidade sanitária da quarentena, mas afirma que ela fará novas vítimas da fome e da miséria, caso não haja “compromisso social” dos governos.

Erundina e Boulos ainda criticaram a política de Jair Bolsonaro, que “é o pior exemplo”, pois “nega sistematicamente a pandemia”, atrasou o combate à propagação do vírus e desinformou a população.

“Quando tomou medidas, tardias e insuficientes, incluiu a possibilidade de suspensão de contratos de trabalho por quatro meses, sem pagamento de salários. Teve que recuar horas depois ante um país indignado”, reforçam. “Bolsonaro não é capaz de liderar o Brasil diante da crise. Tem que sair”.

Eles afirmam que Bolsonaro já não é mais simplesmente um “grave problema democrático”, mas um problema sanitária.

"Por medidas que salvem o povo, não os bancos"

Na coluna, os dois psolistas ainda defenderam algumas medidas diante da crise. “Defendemos medidas que salvem o povo, não as corporações ou os bancos”, disseram. O PSOL, apresenta, desta forma, a revogação do “infame” teto de gastos para liberar investimentos na saúde; a suspensão de cobranças de água, luz, gás e aluguel; o impedimento de despejos e o acolhimento da população de rua; a proibição de demissões, “com o governo arcando parte dos salários e ajudando pequenos e microempresários”.

Reforçaram também “o pagamento imediato e sem burocracias da renda básica para todos os desempregados e trabalhadores informais”, que foi aprovado no Congresso; e a participação em iniciativas solidárias da sociedade. “O momento exige uma revolução solidária”, ressalta o texto.

“Que essa crise possa ao menos deixar o legado de novos valores” e não o “horror do ‘cada um por si’ e da falta de empatia”. “Uma oportunidade para rever nosso caminhos”. E concluíram: “o legado solidário que reoriente profundamente a forma como organizamos nossa sociedade. Que a gravidade do momento inspire saídas ousadas, apontando um futuro em que a vida das pessoas tenha mais valor que os lucros dos bilionários”.