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Coronavirus

Não teremos vacina para todos em 2021, e Brasil deve enfrentar 2ª onda de Covid-19, alerta professor da USP

"Não iremos aumentar a velocidade de produção das vacinas. Muito provavelmente, em janeiro, teremos a vacina chinesa. Em março, teremos a inglesa. As duas, no entanto, não serão suficientes para cobrir a população brasileira", diz Gonzalo Vecina Neto, médico e professor da USP

(Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Reuters)
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Sputnik - Qual a relação entre a 2ª onda de COVID-19 na Europa e o atual estágio pandêmico que o Brasil vive? Gonzalo Vecina Neto, médico e professor da USP, fala sobre o tema.

Em junho, o médico, pesquisador e professor Adam Ian Kaplin, da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, publicou um importante estudo na plataforma medRxiv sobre o aumento da taxa de infecção pelo coronavírus com a chegada do inverno no hemisfério norte.

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Na época, a publicação poderia ter sido interpretada como um aviso diante da iminente segunda onda de COVID-19 na Europa e nos EUA. O alerta, porém, não foi ouvido. Agora, governos se viram obrigados a impor restrições tão duras quanto as implantadas no começo do ano.

Adam Ian Kaplin, em entrevista para o portal R7 no início de novembro, falou do estudo e traçou um prognóstico para o Brasil. Segundo ele, "a gente observou que quando esquenta, existe uma queda de 70% [do número de novos casos], o que é ok. Mas é importante saber que quando esfria, você tem um aumento de 200% a 300%".

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"Se não houver uma vacina até o começo do próximo outono, em março, o Brasil corre risco de passar por uma nova alta de infecções", sentenciou o renomado médico.

Diante do quadro grave apresentado pelo especialista, a Sputnik Brasil ouviu com exclusividade Gonzalo Vecina Neto, médico, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), fundador e primeiro diretor da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

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Para Gonzalo Vecina Neto, "pode haver esta possibilidade [segunda onda] no Brasil. O fato é que a primeira onda nunca acabou. Esperamos que ela se reduza como foi na Europa, onde de fato houve o fim da primeira onda, um estágio de calmaria. Agora, mesmo por lá, a COVID-19 recrudesceu. E recrudesceu por uma série de razões, como o frio europeu e dos EUA, o fim das férias, um aumento nos encontros pessoais... São algumas das explicações mais importantes".

Neste sentido, a explicação de Gonzalo Vecina Neto é interessante para compreendermos o alerta feito por Adam Ian Kaplin para o Brasil. O professor da USP acredita que, apesar do frio ocasionar um aumento de casos, como sustenta o estudo do médico britânico, a relação entre calor e COVID-19 não foi confirmada.

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"Acreditava-se que o vírus sofreria em lugares quentes. Isso não se confirmou, e aqui ele fez um estrago. São 160 mil mortes. Vimos em Cuiabá, Piauí. A questão de temperatura para o vírus, acredito que seja indiferente. A questão somos nós. No frio, nós nos agrupamos e ficamos em locais fechados".

Gonzalo sustenta que a única possibilidade para o Brasil evitar uma segunda onda de contágio é a chegada das vacinas ao país. Porém, de acordo com o médico, é preciso ter paciência.

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"Não iremos aumentar a velocidade de produção das vacinas. Muito provavelmente, em janeiro, teremos a vacina chinesa. Em março, teremos a inglesa. As duas, no entanto, não serão suficientes para cobrir a população brasileira. Não há doses para isso. Portanto, a probabilidade de uma segunda onda existe e é grande".

Sobre a falta de doses imunizantes para população, e diante da possibilidade de entrarmos em março com outra explosão no número de casos, o professor fez um diagnóstico conhecido: "isolamento, higiene e máscaras. E vamos esperar pelas vacinas".

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Em julho, em estudo também publicado no servidor MedRxiv, cientistas examinaram mais de cinco mil genomas do coronavírus, que foram colhidos nas primeiras fases da pandemia na cidade de Houston e em uma segunda onda de infecções mais recente e em curso.

Feitas as análises, os especialistas chegaram à conclusão de que quase todas as estirpes presentes na segunda onda passaram por mutação, conhecida como D614G, que aumenta o número de "picos" da coroa do coronavírus, permitindo, assim, união mais eficaz a células e, consequentemente, infecção mais rápida.

Questionado sobre as constantes transformações do vírus e a possibilidade disso infringir em algum problema na produção das vacinas, Gonzalo Vecina foi cético.

Para ele, "com relação à mutação, de fato o vírus mudou. É comum acontecer isso. Do ponto de vista imunológico, essa mudança não interfere na eficácia das vacinas".

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