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Cultura

A força da compositora Amy Winehouse

Sempre lembrada por sua voz poderosa, a cantora inglesa também foi uma compositora intuitiva, engraçada e que contextualizou a poesia do soul tradicional em um cenário pop e contemporâneo

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A voz da cantora inglesa Amy Winehouse sempre impressiona e encanta quem a escuta pela primeira vez. Resgata a atmosfera dramática do jazz e do soul, reverbera histórias pungentes e revela uma intérprete capaz de usar a própria voz com a desenvoltura reservada às grandes divas, emprestando nuances aos versos como bem entende. O virtuosismo vocal de Amy, no entanto, não foi o seu maior trunfo. Ela também se revelou uma compositora genuína em um gênero que o tempo sequestrou a uma determinada época. Com aquele visual emprestado às cantoras das décadas de 1950 e 1960, ela criou uma caricatura daquelas que foram as suas musas inspiradoras, as cantoras do jazz e do R&B, como Aretha Franklin, Nina Simone e Ella Fitzgerald. E da mesma maneira que despenteava cada fio daquela cabeleira todas as noites, Amy reverenciava as divas que tanto amava com toda a irreverência do mundo. E imprimiu isto em suas letras revelando-se uma compositora madura e intuitiva. E talvez este seja um dos legados mais preciosos da artista – ela contextualizou a poesia do soul tradicional em um cenário pop e contemporâneo de uma forma que há muito não se via.

E fez isso com a naturalidade e intimidade de quem dialoga com membros de sua própria família, que era o que a música negra, repertório que Amy cresceu escutando na casa dos pais, representava para ela. Amy incutiu em suas composições a dor desbragada e a solidão imensa das divas e aliou às suas letras, sempre muito pessoais, algo que ela tinha de sobra: senso de humor. Ela sabia rir com graça das próprias tragédias, como nos versos autoindulgentes de Rehab em que diz: “The man said 'why do you think you're here?' I said 'I got no idea./I'm gonna, I'm gonna lose my baby,/So I always keep a bottle near'”. Essa canção, letra e música, foi composta pela cantora em uma brincadeira entre ela, seu pai e o produtor Mark Ronsom a partir do "no, no, no". O restante da faixa surgiu nos 15 minutos seguintes.

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Em Fuck me Pumps (do primeiro álbum, Frank), Amy é implacável com certa futilidade feminina em uma música que tem uma das melodias de abertura mais cativantes de seu repertório: “When you walk in the bar,/And you dressed like a star,/Rockin' your F me pumps./And the men notice you,/With your Gucci bag crew/Can't tell who he's lookin' to". Para depois explicar: "Cuz you all look the same”. Entre as letras mais tristes, que muitas vezes ela cantou embriagada e chorando no palco, está My tears dry on their own (do disco Back to Black, que lhe rendeu cinco prêmios Grammy), uma das mais delicadas de seu repertório: “He walks away/The sun goes down,/He takes the day but I'm grown/And in your way/In this blue shade/My tears dry on their own”.

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