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Cultura

A internet e a solidão feminina

Será que os homens ficaram todos feios, casados e desinteressantes? Duvido. Então qual seria o problema? Respondo sem pestanejar: a internet

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Ultimamente vejo muitas mulheres reclamando que faltam homens minimamente atraentes, solteiros e interessantes no “mercado”. Quantitativamente, a proporção entre homens e mulheres não mudou muito nas últimas décadas. Logo, o problema não é quantitativo. Homossexuais? Tampouco houve uma bolha – sem trocadilhos, por favor – de pessoas saindo do armário das ultimas décadas. Aumentou um pouco, mas nada fora do normal. Então o problema seria qualitativo? Será que os homens ficaram todos feios, casados e desinteressantes? Duvido. Então qual seria o problema? Respondo sem pestanejar: a internet.

Eu não estou sendo catastrofista e achando que a internet é a causa de todos os males da humanidade. Da maioria deles, sim, mas não de todos. Deixo claro também que sou muito grato à internet por ter nos trazido coisas incríveis como calculadoras de churrasco online, sites pornográficos com busca detalhada por cor de cabelos e – Deus salve a internet! – pelo vídeo do Sílvio Santos e o bambu. Mas por essa queixa das mulheres a grande rede de computadores é sim a culpada. Acompanhem o raciocínio a seguir.

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Dos anos oitenta pra baixo, você crescia uma criança brincando com outras crianças. Crescia um adolescente fazendo o que quer que fosse com outros adolescentes. Crescia um jovem entre outros jovens. Simples assim. E desse jeito, um adolescente crescia fazendo besteiras com as mulheres, sem jeito, falando bobagens, tentando alcançar a base dois – mesmo sem saber o que diabos era a base dois – e por aí vai. Desenvolvia-se um mínimo trato social com as mulheres. Alguns aprendiam bem e viravam conquistadores. Outros, meu caso, mais tímidos, aprendiam a escrever ou a tocar violão para suprir a falta de gogó. Mas mesmo nós, os nerds, aprendíamos a lidar com as mulheres. À nossa maneira, mas aprendíamos.

Aí veio a internet e seu mundo “virtual”. Na internet o trato pessoal acabou. Você está a quilômetros de distância da pessoa e provavelmente ela nunca te viu antes. Assim crianças e adolescentes crescem tendo um milhão de “amigos” virtuais, centenas de “conquistas” de internet, feitas a partir da mistura bem feita de frases de efeito e cantadas clássicas de filmes, tudo ao alcance do mouse. Essa espécie de trampolim para a desinibição funcionaria, não fosse o efeito colateral devastador que ele tem: o de diminuir a quantidade e a qualidade das relações pessoais que acontecem pessoalmente entre duas pessoas (foi de propósito o pleonasmo, não precisam mandar e-mail pro editor me demitir).

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E assim, as mulheres, sempre mais maduras do que nós homens, aderiram à essa nova onda virtual, mas continuaram vivendo fora dela, atitude que não foi seguida por muitos homens dessa geração. E assim, nos bares, boates, praias e outros lugares de azaração onde não se encontra velhos usando palavras como “azaração”, as mulheres têm suas escolhas limitadas a alguns poucos homens que ainda preferem o bom e velho olhos nos olhos, ou a alguns homens da internet perdidos, que não vão saber o que falar e onde por as mãos (nem se é para por a mão em algum lugar), e que vão tentar se aproximar com frases de efeitos e cantadas retiradas de algum site com “As 50 melhores cantadas do mundo”. E essa frase foi provavelmente a maior frase do mundo sem um ponto. Mas voltando ao assunto, por isso, mulheres, só lhes restam duas opções: se infiltrar na internet e buscar os homens na marra, ou se divertir com os poucos que se mantiveram sociais e dividi-los entre vocês. E a não ser que vocês ofereçam banda larga barata, varem a noite jogando no computador ou usem lingerie com motivos de pixels ou do Mario, é melhor irem se resignando com a escassez e catarem os poucos que ainda restam. Ou, na pior das hipóteses, cartas para a redação.

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