A Música Brasileira que o Brasil Não Conhece (Parte 1)
Do Ceará: a música universal da banda Dona Zefinha e o estilo refinado do cantor e compositor Paulo Façanha
Khalil Gibran
Amigo leitor, hoje, inicio uma série de artigos nos quais mostrarei brasileiros que,
mesmo fora das grandes mídias, realizam um trabalho musical intenso e de altíssima
qualidade. Os textos aqui publicados contarão também com vídeos e mostrarão músicos
vindos de vários estados brasileiros, fora do eixo Rio-São Paulo.
Atualmente, o Ceará é reconhecido como um dos estados mais cosmopolitas em termos
de música. Bandas de reggae, rock, MPB, bossa, jazz e blues, de tudo existe. A noite de
Fortaleza tem sempre uma gama de opções para quem quer curtir boa música. Porém,
não é somente da capital que vem a produção musical do Ceará.
A banda Dona Zefinha é um desses exemplos. Formada na cidade de Itapipoca, em
2000, o grupo apresenta uma obra consistente e contribui de forma singular para o
desenvolvimento cultural do estado.
A banda é praticamente uma família, tendo como integrantes os irmãos Ângelo Márcio
(percussão e saxofone), Paulo Orlando (percussão e vocal) e Orlângelo Leal (marimbal,
guitarra e banjo), esse último líder do grupo. Além deles, ainda contam com Maninho
(bateria), Wagner Ferreira (baixo), Ivanildo Franco (pífano, percussão e vocal) e Joélia
Braga (percussão, vocal e figurinos), esposa de Orlângelo.
Em 2001, o grupo lançou seu primeiro álbum, “Cantos e Causos”, gravado ao vivo
no Teatro José de Alencar, em Fortaleza-CE. Rapidamente ganhou notoriedade na
imprensa local e o respeito do público. Em 2007, em meio a uma consistente agenda
de shows pelo mundo inteiro, lançaram o “Zefinha Vai à Feira”, em que demonstraram
mais maturidade e uma pluralidade notoriamente perseguida. Atualmente o grupo está
em estúdio, preparando o terceiro disco, ainda sem título, que comemorará os 10 anos
de carreira.
A performance ao vivo da Dona Zefinha é o grande diferencial dos artistas, unindo a
música aoo teatro, à arte do palhaço com uma brasilidade ímpar.
Mesmo sem gravadora, sem rádio e sem aparecer na tv, a banda tem sua agenda sempre
lotada, realizando shows por todas as partes do país, e também no exterior, como Coreia
do Sul, Alemanha, Argentina e outros.
Vale ressaltar que o trabalho do grupo não se restringe somente à música. Os meninos
também são grandes atores e mantêm uma atividade constante de teatro em suas
agendas, trabalhando como apresentadores de eventos culturais, atividade esta que já
tive o prazer de presenciar, e pude conferir o banho de talento e descontração que eles dão.
O grupo estava erradicado até bem pouco tempo em Fortaleza, porém, recentemente,
resolveu andar na contramão do sistema, em mais uma demonstração de inovação e
responsabilidade cultural. Montaram, na cidade de Itapipoca, a Casa de Teatro Dona
Zefinha, um centro de atividades culturais que servirá à comunidade e será o QG de
criação do grupo, contando com estúdio de ensaio, acervos, espaços para oficina e o que
eles chamam de hospedagem solidária, local destinado a abrigar visitantes, além de uma
vasta memória do grupo.
Diante de todas as dificuldades que um artista independente encontra no Brasil,
Orlângelo e seus companheiros têm uma grande vitória para contar: são várias famílias
vivendo de forma bastante digna exclusivamente da arte. Uma vitória conseguida com
talento, esforço, dedicação e uma fé nos sonhos que somente os grandes artistas têm.
Quem quiser conhecer um pouco mais do trabalho dessa rapaziada, pode acessar os
links: http://www.donazefinha.com.br/
http://www.casadeteatrodonazefinha.blogspot.com/
Segue também uma fantástica performance da banda durante o Tangolomango, em
2007, Fortaleza-CE:
Outro nome que tem grande força na música cearense é o do cantor e compositor Paulo
Façanha. Tendo iniciado sua carreira cantando na noite de Fortaleza, sua cidade natal,
aos 17 anos, o artista tem hoje uma vasta obra, contando com 03 discos de carreira e
participação em 10 outros trabalhos.
Seu primeiro álbum foi lançado em 1996. Intitulado “Parto”, traz o talento e o vigor
da nova música que nascia com Paulo Façanha. Em 2000, viu sua parceria com Beto
Paiva em “Quando a Noite Chegar” se transformar em hit nacional na voz do amigo
Jorge Vercillo. Neste mesmo ano, lançou seu segundo disco, “Paulo Façanha”, com
participações especiais de Flávio Venturine e do violonista Manassés de Sousa. No seu
terceiro CD, lançado em “Vida é pra gastar”, produzido por Júnior Meirelles, ex-diretor
musical e guitarrista de Ney Matogrosso, Jorge Vercillo mais uma vez deu o ar da graça
no trabalho do parceiro e amigo. Em 2011, prepara-se para lançar “Tantos Versos”, que
vem para comemorar seus 25 anos de carreira.
Com um carisma fora do comum e um estilo próprio de cantar, compor e tocar violão,
Façanha está alçando voos maiores em sua trajetória. Recentemente, realizou um
aclamado show no Teatro Carlos Gomes, Centro/RJ, onde o artista dividiu o palco
com Jorge Vercillo. Casa cheia, público vibrante, técnicos da melhor qualidade e alta
performance. Foi essa a impressão passada em matéria na revista carioca JG News.
Logo após o evento, Façanha participou do Festival Nacional de Música de Tatuí, onde
conseguiu a quarta colocação, uma vitória significativa para a música do nordeste, já
que foi o único representante da região na final. O Festival teve 467 músicas inscritas.
O Brasil começa a conhecer agora um artista que há muito tempo os cearenses
aprenderam a admirar e gostar: Paulo Façanha, que de mansinho, com passos firmes,
fez a sua base em Fortaleza e hoje é considerado um dos mais completos intérpretes da
nova música feita no Ceará.
Para fechar seu currículo, vale salientar que Paulinho, como é conhecido entre os
amigos, teve ainda participação hiper especial no disco de um dos monstros sagrados da
música popular brasileira: Raimundo Fagner. Com Fagner e Jorge Vercillo dividiu os
vocais na faixa “É fácil de entender”, do disco “Fortaleza”.
Para quem quiser conhecer melhor o trabalho de Paulo Façanha é só acessar o site:
www.paulofacanha.com.br
Segue também dois vídeos do artista ao vivo; o primeiro ao lado de Jorge Vercillo
cantando “Ela Une Todas as Coisas”, de Jorge Vercillo e Jota Maranhão:
O segundo catando “Calabouço”, de sua autoria:
Khalil é cantor e compositor
www.twitter.com/khalilgoch
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