A volta do bruxo

Claudio Tognolli_247 – Jimmy Page, guitarrista fundador do Led Zeppelin, lançou nesta quinta-feira, aos 67 anos de idade, o seu site oficial (www.jimmypage.com). Era o único grande guitarrista sem dispor de um site pessoal. Mas, reservado que sempre foi, James Patrick Page guardou-se o direito de cadastrar os internautas, e dar-lhes senha personalizada, para que possam acessar a vasta paleta de imagens que o site oferece.

A retidão de Jimmy Page, ou reserva, se preferirem, está estampada nas fotos do site: todas trazem uma marca d’água, como uma cédula, para impedir o uso indiscriminado das imagens. Page trai a modéstia quando bota no site seus discos preferidos: toda a sua preferência é por coisas que ele mesmo gravou.

A desconfiança atávica de Jimmy Page com a mídia não é nova: data de 1980, quando o baterista do Led Zeppelin, John Bonham, morreu na mansão do guitarrista –encontrado morto, afogado no próprio vômito, com 13 rolinhos de presunto e 40 doses de vodka no estômago, segundo laudo pericial. A morte de Bonham e a do filho do cantor do Led Zeppelin, Karac Plant, vitimado nos anos 70 por uma virose rara, foram devidamente espetadas na conta de Jimmy Page: a mídia referia que as mortes tinham sido geradas pela ligação de Jimmy Page com a obra do bruxo negro Aleister Crowley.

Jimmy Page morou por anos a fio na casa de Crowley, chamada de Mansão Bleskine, às margens do Lago Ness, na Escócia –ladeada por um cemitério medieval. Duas obras odiadas por Jimmy Page relatam que, na mansão, o guitarrista promovia rituais satânicos . As obras, inéditas no Brasil, são “The Hammer of the Gods”, de Stephen Davies, ex-repórter do The New York Times, e “Stairway to Heaven”, de Richard Cole, ex-chefe de palco do Led Zeppelin.

Há no You Tube dois vídeos pouco visitados, reportando visitas à mansão de Crowley que Page habitou:

http://www.youtube.com/watch?v=J8xCSVhmy6c&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=OhcFRXJScak&feature=related

Hoje Page mora em Londres:

http://www.youtube.com/watch?v=pzhSPWcB0yg

O legado de Jimmy Page é multifacetado: produzia ele mesmo os discos do Led Zeppelin. Trouxe ainda nos anos 60 o modelo “Unplugged”, adotado pela MTV só nos anos 90. Prescrutou afinações celtas, como a famosa DADGAD, empregada no hit “Kashmir”, já no começo dos anos 70 (e tais afinações só foram redescobertas nos anos 90, com a febre da “world music”). Inventou novas técnicas de microfonagem. Elevou à enésima potência as escalas pentatônicas, as de cinco tons, dos blues, que nos anos 60 aprendeu a tocar com Jeff Beck e Eric Clapton. Anteviu a mistura de instrumentos do Oriente Médio com o rock n roll. Fez do Theremin, instrumento inventado na União Soviética, nos anos 20, um modelo de delírio lisérgico.

Page anuncia no novo site que pretende gravar vôos solo: é o que todos esperam.