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Cultura

Amargo pesadelo expõe as limitações da modernidade

Em "Amargo Pesadelo", um clássico de John Boorman, quatro amigos urbanos de classe média resolvem fazer uma aventura: descer as corredeiras de um rio que, em breve, será represado; assim, deixam a cidade em busca de fortes emoções, mas o pode parecer uma aventura padrão exibida na Sessão da Tarde, com homens desafiando corredeiras em meio a uma paisagem exuberante, logo transforma o que era belo num verdadeiro desafio pela sobrevivência, com cenas que podem chocar os mais conservadores

Amargo Pesadelo - filme de John Boorman (Foto: Paulo Emílio)
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Por Ricardo Flaitt, para o Brasil 247 – Por mais que o homem reinvente o mundo por meio da tecnologia, a discutível segurança da cidade perde-se quando se tem de sobreviver contra as forças da natureza e dos instintos dos homens mais próximos de suas raízes.

Em "Amargo Pesadelo", quatro amigos urbanos de classe média resolvem fazer uma aventura: descer as corredeiras de um rio que, em breve, será represado. Assim, deixam a cidade em busca de fortes emoções.

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Num primeiro momento, "Amargo Pesadelo" pode parecer uma aventura padrão exibida na Sessão da Tarde, com homens desafiando corredeiras em meio a uma paisagem exuberante. No entanto, o filme de Boorman transforma o que era belo num verdadeiro desafio pela sobrevivência, com cenas que podem chocar os mais conservadores.

Os quatro personagens condensam várias personalidades contrastantes, que dão um tempero a mais ao filme, pois, diante do perigo, cada personalidade reagirá de um modo, cada um fará um julgamento, uma nova escolha e estabelecerão uma sentença. Lewis (Burt Reynolds) é o valente desbravador; Ed (Jon Voight) é o sujeito calado, inseguro; Bobby (Ned Beatty) o típico solteirão, gorducho, fanfarrão, animal fora do habitat urbano; e, por fim Drew (Ronny Cox), intelectualizado, repleto de princípios e moralidade.

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Ao se depararem com os desafios naturais, começam a sentir que a aventura não será tão simples. Somado à natureza, incluem-se os nativos (caipiras), que se comportam como se aquele espaço de terra estivesse sendo agredido/invadido pelos suburbanos. Deste modo, não é só a natureza que se revolta contra o homem, mas também se personifica nos moradores da região.

O homem "civilizado" das cidades, arvorado em sua organização do meio, ainda é preza fácil perante as forças das naturezas (do meio e do homem). Como Nietzsche escreveu no livro "Genealogia da Moral", somos todos animais, temos dentro de nós um instinto para matar, que só não são exteriorizados porque foram criadas as leis. São elas que sufocam nossos desejos mais primevos.

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"Amargo Pesadelo" é um grande filme, mas foi ofuscado e acabou esquecido pelo grande público devido ao sucesso de "O Poderoso Chefão" e "Cabaret", que levaram praticamente tudo no Oscar. Destaque para a cena (veja acima) do duelo de banjos entre o caipira interpretado por Billy Redden e o intelectual Drew. Antológica.

Curiosidades: O título original é "Deliverance", que significa libertação. O autor do livro, James Dickey, faz uma ponta como o xerife. Para reduzir os custos de produção e dar maior realidade ao filme, os atores foram seus próprios dublês; por exemplo, Jon Voight realmente subiu aquela encosta. Com o mesmo intuito os habitantes de locais próximos foram escalados nos papéis do pessoal que mora nas colinas.

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Outros filmes interessantes de John Boorman: "Inferno no Pacífico" (1968) e "Esperança e Glória" (1987).

AMARGO PESADELO
(Deliverance, 1972, EUA).
Direção: John Boorman.
Roteiro: James Dickey baseado em livro de sua autoria.
Elenco: Jon Voight (Ed), Burt Reynolds (Lewis), Ned Beatty (Bobby), Ronny Cox (Drew), Ed Ramey, Billy Redden, Seamon Glass, Randall Deal, Bill McKinney, Herbert Coward, Lewis Crone, Música: Eric Weissberg. Fotografia: Robert Richardson.
Drama / Aventura.
109 minutos.

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– Indicação ao Oscar: Filme, Diretor, Montagem.
– Indicação ao Bafta: Fotografia, Som, Montagem.
– Indicação ao Globo de Ouro: Filme dramático, Diretor, Roteiro, Som, Ator em filme dramático (Jon Voight)

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