CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Cultura

Atmosfera punk em Londres

No pas onde surgiram as mais influentes bandas do gnero, manifestantes saem s ruas para protestar e barbarizar movidos por uma fria que o punk-rock descreveu como ningum. Assista aos vdeos

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Natália Rangel_247 – O movimento punk está invadindo as ruas de Londres. Alheio a partidos políticos ou organizações trabalhistas, uma multidão de insatisfeitos e revoltados com o sistema policial e sócio-econômico vigente no país invadiu com fúria as ruas de Londres, como se inspirados pelos versos do clássico do punk rock, Anarchy in the U.K.: “I am antichrist, I'm anarchist/Don't know what I want/But I know how to get it/I wanna destroy the passerby”. A aparente anarquia sem objetivos claros senão destruir não se sustenta a uma avaliação mais cuidadosa da situação que, como diz uma outra faixa punnk dos Sex Pistols, sugere que os distúrbios dos últimos dias tinham um quê de tragédia anunciada: “God save the queen/Her fascist regime/It made you a moron/A potential H bomb”. Os protestos cresceram em espiral depois que Mark Duggan, pai de quatro filhos, foi morto em um confronto com a polícia. Ele não estava armado. A repressão policial aos mais pobres e a discriminação das minorias étnicas é um antigo problema da capital britânica.

Sir Mick Jagger também abordou o movimento descontrolado das massas na música Street Fighting Man: “Hey! Said my name is called disturbance/I'll shout and scream, I'll kill the king I'll rail at all his servants”. E ironicamente utiliza a palavra “disturbance”, a mais escrita nos jornais e revistas ingleses nos últimos dias. O repertório de canções de bandas como Sex Pistols, The Clash e Joy Division ilustram à perfeição o clima de insatisfação, revolta e ausência de perspectivas que ficou evidenciado com violência. Os três dias de protestos estão sendo classificados como os mais violentos do país desde os anos 1980. Milhares de trabalhadores invadiram as ruas e incendiaram viaturas policiais e ônibus de dois andares, saquearam lojas de luxo e enfrentaram a força policial com coqueteis molotov, cabos de aço, paus e pedras. Há poucos meses, um outro protesto ocupou o centro de Londres: eram estudantes contrários aos brutais cortes no orçamento adotados pelo governo na área social. Em março, 250 mil foram às ruas contra a aprovação do pacote com medidas de austeridade elaborado para enfrentar a crise econômica inglesa. O governo fez um ajuste doloroso em suas contas e criou um clima de salve-se quem puder – nada mais apropriado à ideologia punk que o niilismo provocado pela insegurança diante do futuro como na letra da música “This is England”, do The Clash: “This is England/We can chain you to the rail/This is England/We can kill you in a jail/The British boots go kick them/Got 'em in the head/Police ain't watching'”

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Com o agravamento da crise social na Inglaterra, o país já apresenta os piores índices de mobilidade social entre as nações desenvolvidas do mundo, segundo a UE. A desigualdade assumiu proporções escandalosas e, segundo relatório da União Europeia, os 10% mais ricos na Grã Bretanha possuem renda cem vezes mais elevadas do que os mais pobres. O hiato entre ricos e pobres jamais fora tão largo. Este retrato socioeconômico não deve ser desprezado na hora de avaliar os ataques dos últimos dias. É sintomático que os distúrbios tenham se iniciado justamente em um dos bairros mais pobres de Londres: Tottenham. A região registra atualmente o quarto mais elevado índice de crianças carentes e nível de desemprego na casa dos 8,8%, o dobro da média nacional britânica. Alheia a tudo isso, a ministra do interior, Thereza May, se reuniu com os chefes da Scotland Yard para analisar a extensão dos estragos, informou que foram feitas 215 prisões e arrematou: “Não há desculpa para que haja violência nas ruas. Os responsáveis serão colocados nas mãos da Justiça e enfrentarão as conseqüências”. O tom taxativo da ministra menospreza a força da multidão que emergiu com força e violência no país. É bom lembrar que no século passado sir Jagger já cantava: “Ev'rywhere I hear the sound of marching, charging feet, boy/'Cause summer's here and the time is right for fighting in the street,/oh, boy”. E ainda há pouco mais de seis semanas até o fim do verão do hemisfério norte. A sequência de vídeos começa com London's Burning, do Clash. Confira a letra:

London's burning! London's burning!

All across the town, all across the night
Everybody's driving with full headlights
Black or white turn it on, face the new religion
Everybody's sitting 'round watching television!

London's burning with boredom now
London's burning dial 99999

I'm up and down the Westway, in an' out the lights
What a great traffic system - it's so bright
I can't think of a better way to spend the night
Then speeding around underneath the yellow lights

London's burning with boredom now
London's burning dial 99999

Now I'm in the subway and I'm looking for the flat
This one leads to this block, this one leads to that
The wind howls through the empty blocks looking for a home
I run through the empty stone because I'm all alone

London's burning with boredom now...
London's burning dial 99999

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO