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Ator Udo Kier, de “Bacurau” e “O agente secreto”, morre aos 81 anos

Com mais de cinco décadas de carreira e mais de 200 filmes no currículo, Kier construiu uma trajetória marcada por personagens excêntricos

Udo Kier (Foto: Reprodução)

247 - O ator alemão Udo Kier, um dos nomes mais singulares e prolíficos do cinema internacional, morreu neste domingo (23), aos 81 anos. A informação foi divulgada pela revista americana Variety e confirmada por seu companheiro, o artista Delbert McBride.

Com mais de cinco décadas de carreira e mais de 200 filmes no currículo, Kier construiu uma trajetória marcada por personagens excêntricos, interpretações intensas e parcerias com alguns dos mais importantes diretores do mundo. No Brasil, ficou especialmente conhecido por sua participação em “Bacurau” (2019) e “O agente secreto”, do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho. As causas da morte não haviam sido divulgadas até a última atualização desta reportagem.

Nascido na Alemanha em 1944, Kier se tornou uma figura cult no cinema europeu e americano. Seu trabalho chamou atenção pela versatilidade e pelo olhar sempre disposto a explorar limites dramáticos. Ao longo da carreira, colaborou com nomes como Lars von Trier, Paul Morrissey, Gus Van Sant, Werner Herzog, Rainer Werner Fassbinder, Dario Argento, Walerian Borowczyk, Charles Matton, Guy Maddin e Alexander Payne.

Entre suas obras mais lembradas, destacam-se suas participações em filmes ligados ao artista Andy Warhol, especialmente “Carne para Frankenstein” e “Sangue para Drácula”, ambos dirigidos por Paul Morrissey e produzidos por Warhol. Segundo a Variety, “nessas produções, Kier imprime aos personagens uma combinação de assombro e humor, trazendo versões sombrias e, ao mesmo tempo, cômica e desajeitadas dos ícones do cinema”.

Kier ganhou projeção nos Estados Unidos em 1991, quando Gus Van Sant o escalou para “Garotos de programa”, ao lado de River Phoenix e Keanu Reeves. O papel abriu portas para novas produções e consolidou sua imagem como um ator capaz de transitar entre o cinema independente, o terror, o drama e o experimental.

A partir do fim dos anos 1980, Udo Kier iniciou uma parceria duradoura com o diretor dinamarquês Lars von Trier. Após aparecer em “Epidemia”, esteve em “Europa” (1991) e em vários episódios da série “The Kingdom”, ao longo das décadas de 1990 e 2000. Os dois trabalharam juntos novamente em títulos que marcaram a filmografia de Trier, como “Ondas do destino”, “Dançando no escuro”, “Dogville”, “Melancolia” e “Ninfomaníaca – Volume 2”.

No Brasil, Kier ganhou notoriedade ao interpretar o antagonista em “Bacurau”, produção que recebeu elogios internacionais e ampliou o alcance do cinema nacional. Sua participação em “O agente secreto”, atualmente em cartaz, reforçou a relação artística com Kleber Mendonça Filho e o aproximou do público brasileiro.

Considerado um ícone cult, Udo Kier deixa um legado marcado pela ousadia, pela entrega artística e pela disposição em assumir papéis pouco convencionais. Sua morte encerra uma carreira singular, celebrada por críticos, cineastas e admiradores ao redor do mundo.

Não há informações sobre velório ou cerimônia fúnebre até o momento. Novos detalhes devem ser divulgados pela família ou por representantes do ator nos próximos dias.