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Cultura

Black Friday: impulso consumista dos pais pode ser mau exemplo para as crianças

Crianças podem ser contaminadas pelo consumismo desenfreado estimulado pela Black Friday em fase que ainda estão formando princípios e valores

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Tiago Pereira (Rede Brasil Atual) - O Código de Defesa do Consumidor (CDC), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e até mesmo a Constituição Federal, proíbem a veiculação de publicidade infantil destinada ao público menor de 12 anos. Ainda assim, em tempos de celebração do consumismo, como é o caso do período da Black Friday, que ocorre na próxima sexta-feira (29), o público infantil acaba sendo exposto à publicidade de produtos não especificamente direcionada para esse tipo de público. É o caso, por exemplo, das lanchonetes que oferecem descontos, no modelo “leve mais pagando menos”, na compra de alimentos de baixo valor nutritivo.

Os pequenos também são indiretamente afetados pela euforia que toma conta do comércio durante a data. Mas principalmente os pais devem observar os seus próprios comportamentos diante da excitação pelo consumo desenfreado e os reflexos que essas práticas podem acarretar nas estruturas cerebrais ainda em formação.

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O programa Criança e Consumo, do Instituto Alana – que debate questões relacionadas à publicidade infantil e pensa caminhos para minimizar os efeitos da comunicação mercadológica – lançou nesta semana uma campanha nas redes sociais com a pergunta: “O que a Black Friday ensina para as crianças?”.

O articulador socioambiental do instituto, JP Amaral, diz que os mães e pais devem atentar para as consequências do consumismo exacerbado, principalmente no atual contexto de crise ambiental. É hora de mostrar às crianças que não é possível “comprar, comprar e comprar, sem pensar nas consequências para a natureza”. Os responsáveis devem conversar com as crianças para que compreendam o funcionamento de uma data como a Black Friday, e combatendo valores que pregam que o “ter” é mais importante que o “ser”, que podem distanciá-las do convívio social mais saudável.

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“É passar os valores do convívio familiar, do brincar livre e até mesmo repensar e refletir sobre a suposta necessidade de qualquer tipo de produto que está sendo vendido. O principal papel dos pais é a intermediação. A criança basicamente repete ou reflete aquilo que os pais estão fazendo. Datas como Black Friday não vão fugir disso. Se a criança vê os pais correndo para as lojas e comprando compulsivamente, ela acaba entendendo aquilo como uma data importante e, até mesmo, como um comportamento natural. É isso que tem que ser pensado”, afirmou o articulador.

Ele lembra que, até os 12 anos, o cérebro da criança é como uma “esponja”, que absorve facilmente informações e valores propagados no seu entorno. A exacerbação desses valores materialistas, segundo o especialista, pode estabelecer na criança a crença de que é preciso possuir certos objetos para pertencer a certos grupos ou se integrar a determinados ambientes. A falta destes itens pode acarretar até mesmo em violência psicológica, estimulando o bullying entre colegas de escola, por exemplo. O apelo à violência também pode chegar à criança, caso ela presencie junto aos pais as ferrenhas disputas pelos últimos produtos em promoção que, às vezes, descambam para a agressão física.

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Amaral também afirma que o eventual interesse suscitado nas crianças pela onda consumista da Black Friday também deve ser usado para explicar noções elementares sobre educação financeira e o valor do dinheiro. Novamente é o tipo de preceito que os adultos também devem ficar atentos. Ainda que a data possibilite a aquisição de produtos a preços atraente, o consumo por impulso pode acarretar em dívidas, que também terão impacto negativo no convívio familiar, afetando os pequenos.

Desapego

Para fugir do impulso do consumo, o articulador do Instituto Alana sugere que mães e pais participem junto com as crianças das feiras de trocas de brinquedo, que são promovidas periodicamente em diversas cidades do país. Nesses eventos, os pequenos ainda desfrutam do convívio coletivo e se aproximam dos espaços públicos, como praças e parques. “O divertido é as crianças poderem trocar. Nesse momento, elas estão aprendendo muitos valores, como a questão do afeto e empatia com a outra criança que quer o seu brinquedo, a negociação, a cooperação e o compartilhamento. No convívio, ela percebe que não precisa possuir aquele objeto. E ainda aprende bons valores, que são essenciais para a nossa sociedade e elabora o senso crítico de mundo que vai levar por toda a vida”, destacou Amaral.

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