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Cultura

Eduardo Marinho: “O nosso atual modelo de sociedade está agonizando”

O artista plástico citou a atual "lógica do consumo" e a "produção sempre centrada no lucro" como alguns dos problemas que inviabilizam o sistema capitalista. “Eu não saberia precisar quando, mas esse modelo não se sustenta mais por muito tempo”, disse em entrevista à TV 247. Assista

Eduardo Marinho (Foto: Divulgação)
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247 - O programa “Um Tom de resistência”, apresentado por Ricardo Nêggo Tom na TV 247, recebeu o ativista social e artista plástico Eduardo Marinho. Oriundo da classe média alta e filho de um ex-coronel do Exército, Eduardo, que também chegou a ingressar nas fileiras militares antes de optar por uma ideologia de vida mais humanista e menos capitalista, viveu a realidade de morar nas ruas, onde, segundo ele, pôde conhecer melhor o ser humano e a sua verdade sob a estrutura social que vivemos.

Para Eduardo, “o que falta é consciência da realidade. Mas há um trabalho muito minucioso, uma estruturação social para impedir essa tomada de consciência. Eu não saberia prever em quanto tempo, mas esse atual modelo de sociedade está entrando em agonia. Essa lógica do consumo e descarte em massa está inviabilizando a vida no planeta. A produção sempre centrada no lucro, sem se preocupar com o envenenamento das águas, das terras, dos ares. Isso é um crescendo que não tem como seguir indefinidamente. Vai chegar num ponto em que ficará insustentável”.

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Eduardo entende que a sociedade ainda está “em processo de humanização”, o que levaria algum tempo para que essa necessária reestruturação se configurasse. “O tempo histórico leva gerações. É ilusão a gente pensar que no espaço de uma vida, de umas poucas décadas, nós veremos mudanças significativas na humanização da sociedade. Existe todo um processo. Nesse tempo de agonia, que podemos chamar de morte do atual modelo, vai se preparando o nascimento de um outro modelo de sociedade. Agora, o que será necessário para isso acontecer, eu não sei. Mas já chegamos à conclusão de que a coisa é séria. Tem muitas outras coisas acontecendo no planeta, por trás da cena pandêmica que estamos acompanhando, onde já chegamos a quatro mil mortos por dia, que não está sendo falada. Enquanto estamos sob esse impacto da pandemia, as calotas estão derretendo. Já se soltou um bloco de gelo da Antártida, do tamanho do norte da Grã Bretanha. Cientistas preveem que nesse derretimento o nível do mar vai subir assustadoramente. É mais um impacto negativo que se fará presente dentro dessa atual estrutura”.

Perguntado se seria possível uma reestruturação social pós-pandemia, seguindo a ideologia neoliberal vigente que prega o estado mínimo, mas cujos governantes defensores do modelo desfrutam do máximo que esse mesmo estado pode lhes oferecer, Eduardo analisa que “os neoliberais pregam estado mínimo para o povo, mas querem o estado máximo no apoio aos financiamentos, às empresas, aos bancos. Veja a dificuldade com que o governo liberou o auxílio emergencial, que é um valor ridículo, uma mixaria vergonhosa, e a facilidade com que liberou milhões para os bancos. Sem consulta, sem debate e sem dizer não. Nisso, percebemos que quem está no poder são os bancos e o governo está submetido, sequestrado pelo poder econômico e financeiro. Esses personagens de agora deixam isso mais transparente. Estamos à beira de uma tragédia.”

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Instigado a fazer uma comparação entre os governos de Lula e a atual gestão Bolsonaro, Eduardo Marinho fez uma analogia dizendo que Lula foi o “capataz” bonzinho, cujo estilo é melhor para os mais pobres, mas não pode libertá-los da escravidão. “Estamos numa fazenda de ‘escravos’, cujos donos são os banqueiros internacionais que têm a elite local como cúmplice. Em todos os países que foram colonizados, a elite local é quem trai a sua nação por ter admiração pelo colonizador e desprezo pelo seu próprio povo. A elite que protesta na Venezuela e na Bolívia é a elite branca que protesta em inglês. No Brasil, quem derrubou o PT usando o pato da Fiesp como símbolo foi essa mesma elite branca, cuja mentalidade é colonizada e se sente superior ao resto do povo. O PT caiu pelas virtudes e não pelos defeitos. Quando preto começou a entrar na universidade e pobre começou a frequentar aeroporto, essa elite se incomodou”, explicou.

Outros temas como racismo e a influência das religiões neopentecostais na política brasileira também foram abordados durante a entrevista.

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