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Cultura

Gabba, gabba, hey: dez anos sem Joey Ramone

O vocalista da banda mais influente do rock jamais ser esquecido por seus milhes de fs

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Marco Damiani_247 - “One, two, three, four!” – quando Joey dava a ordem, a massa sonora dos Ramones descia sobre a audiência botando todo mundo pra pular. Ele mesmo, ficava na dele. Com seus 2m02, o mesmo jaco preto de couro, longas, malhadas calças jeans abertas em “v” atrás do microfone, o máximo que ele fazia eram uns passos à frente, alguns pulos. Ficava no controle, incendiando sem se queimar. E cantava muito. Com a mesma força do começo ao fim. Afinado, rascante, modulado, berrado, raivoso, lá em cima. Nada das micagens do Mick Jagger, nenhuma das caretas de Johnny Rotten, zero do aparato tecnológico que cerca Bono, de resto, seu amigo pessoal. Joey ficava lá, no meio do palco, atrás dos óculos escuros muitas vezes de lente azul, botando a voz grave à frente do baixo de Dee Dee, da bateria de Mark, da guitarra de Johnny. Tornou-se assim, ele mesmo, sem adereços, o maior de todos no coração de seus milhões e milhões de fãs no mundo inteiro. O líder de fato da banda que mais influenciou os grupos de rock que foram seus contemporâneos ou apareceram depois, do punk ao havy, hard core e indie, classics e news. Sobre todos os Ramones tiveram algo a ensinar, mas ninguém chegou aos pés do carisma de Joey.

Na boa, Joey era um sujeito que muita gente gostaria de chamar de amigo. Calado, tímido, reflexivo, ele parecia não encontrar direito seu lugar no mundo, a não ser quando estava compondo e, claro, em cima do palco. No Queens, a periferia de Nova York, nasceu, sem dúvida, para isso, em 1951. Cantou em algumas bandas pequenas até se juntar a Dee Dee e Johnny. Faltava um batera e chamaram o parceiro Mark. Os quatro, naqueles meados dos 70, foram parar na boate C.B.G.B., abrindo o primeiro show, em 16 de agosto de 1974, com Blitzkrieg Bop, composição inaugural da banda. Havia uns cinco ou seis caras assistindo, mas um deles, por sorte, registrou a performance em vídeo. O ingresso custava o simbólico um dólar. Mas os caras empolgaram, chamaram a atenção do dono da casa e foram convidados a voltar noite após noite. A entrada passou a custar US$ 2, US$ 3, US$ 5! Era o sucesso imediato de público e, com eles, nascia um grande vocalista de rock, capaz de modular os acordes duros da banda, cantando alto os versos que ele mesmo escrevia sobre a família desfeita, as drogas pesadas, as ruas sujas, a garota perdida para a K.K.K. (leia-se, Johnny). Era Joey, aquele magrão ali.

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Assustados, os Estados Unidos de cara boicotaram os Ramones. Eles não tocavam em rádios, eram acusados, como todos do nascente movimento punk, de quererem destruir a cultura e os costumes da pátria. Osso. Para compensar a não exposição, eles saíam pela estrada, mandando ver em boates pequenas do interior, fazendo a cabeça ali, a vivo, direto sem cortes, de milhares de garotos e garotas que, muitos deles, montariam suas próprias bancas. Com toda aquela altura, Joey se enfiava sem reclamar em vãs apertadas, mal trocava palavras com os demais. Era quem tinha a saúde mais frágil. A personalidade mais fechada.

Em 1977, no ano novo, os Ramones foram para a Inglaterra e arrasaram. Está registrado em It´s Alive. Na volta, sempre as dificuldades de sempre nos EUA. Juntos, criando em meio a drogas e brigas internas, eles chegaram a dividir o mesmo apezinho em Nova York, colchões pelo chão, aquelas coisas. E não abandonavam o C.B.G.B. O sucesso de massa chegou sem que eles bem percebessem ou ligassem tanto para isso. Joey mal fazia questão de falar nas coletivas, brecado por Johnny, que assumiu o comando interno da banda. Eles dois foram os únicos fundadores que jamais saíram dos Ramones. 

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Ao morrer vítima de um câncer linfático, em 15 de abril de 2001, Joey deixou milhões de fãs entristecidos, mas, para cada um, um tipo de lição. Tirada de suas letras, de suas performances, de seu jeito discreto, porém brilhante, de levar a vida. Para mim, é a que mais ficou: você pode ser uma estrela sem recorrer a estrelismos.

Assista agora ao vídeo do clássico “Sheena is a Punk Rocker”

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