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Cultura

GOG: o hip hop é de esquerda

Rapper ressalta que governos petistas dialogaram com movimentos de periferia, mas limitando seus espaços de poder na cultura; veja vídeo na íntegra

Rapper GOG (Foto: RAFAEL BEREZINSKI / DIVULGAÇÃO)
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Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta segunda-feira (02/05), o jornalista Breno Altman entrevistou o rapper Genival Oliveira Gonçalves, o GOG, sobre o gênero e a cultura no Brasil, já que ele é também um formulador de políticas culturais.

Sendo um dos pioneiros do hip hop no Brasil, o artista explicou que o hip hop surgiu “no enfrentamento ao caos urbano”, veio de estratégias de ocupações e resistência em espaços inclusive mentais da diáspora africana. O que faz com que esteja “sempre em conflito porque o sistema imposto jamais vai concordar com as minhas letras”.

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“Nenhuma música fez um trabalho tão profundo quanto o hip hop no sentido de se colocar, expor e denunciar, mas não como um denuncismo. É em primeira pessoa, no meu caso, escrevo em primeira pessoa, são minhas vivências. Não é no sentido do ego, mas da vivência e consciência negra”, contou.

Por isso, para ele, o hip hop é de esquerda. Apesar de o movimento ter criado e lutado por seu espaço sozinho, com resistência e ocupando espaços inicialmente “invisíveis”, “conversando com territórios periféricos, negros e querentes, com um trabalho apaixonante que é o hip hop”, foi o campo progressista que se prestou a dialogar e entender esse movimento. 

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“Para 16 anos de pseudo esquerda, tivemos 500 anos da direita no poder, ou as pessoas acham que a monarquia era progressista? Só me resta me identificar mais com a esquerda, a esquerda sempre teve mais proximidade e quando o hip hop, que nasceu sem ser percebido, vai crescendo passa a ser observado e a esquerda vem buscar o diálogo. Mas a esquerda não se resume ao Partido dos Trabalhadores. É uma estratégia de pensamento, não um partido”, ponderou.

Com isso, para GOG, a música e a cultura de forma geral têm o potencial para a transformação social, para a superação de preconceitos e para garantir fartura a todos, algo incompatível com os projetos de direita.

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Políticas culturais 

Segundo o rapper, se avançou muito durante os governo Lula e Dilma. O rapper inclusive foi membro do Conselho Nacional de Políticas Culturais da ex-presidente. Assim, foi taxativo: “tiveram a coragem de nos receber, mas o medo de colocar a política na nossa mão. Isso faz parecer que não avançou nada, mas não é bem assim, No plano simbólico, que é o mais importante, nos receberam. Foi de uma coragem que hoje falta”.

Ele reiterou que houve avanços durante os períodos petistas, mas não foi suficiente. GOG defendeu que as políticas culturais devem ser entregues nas mãos dos coletivos, são os próprios que devem decidir o que é necessário, ajudando a compor os mandatos públicos.

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“Não podemos entregar a cultura na mão de um partido, não pode ser uma política de governo porque se acaba o governo, acaba a política. Precisa se transformar em política de Estado”, agregou. 

Por isso, para ele, espaços como o Conselho Nacional de Políticas Culturais não podem ser perdidos no futuro, já que nele foi possível que os próprios artistas discutissem como o campo cultural podia ser melhor trabalhado pelo Estado, “e eu consegui trazer a diversidade, a cara do povo, a cara da comunidade. Não podemos perder esses espaços”.

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Por outro lado, o rapper criticou a Lei Rouanet, que ainda não atinge expressões artísticas da periferia e dá o dinheiro, arrecadado de impostos que a população paga, na mão de empresários, permitindo que eles decidam o que são expressões culturais “relevantes”. Isso, na visão de GOG, é preocupante principalmente do ponto de vista da disputa do campo simbólico e ainda mais após o golpe de 2016.

“A partir do governo Temer toda a política cultural passou a ser feita pelo empresário. Até o governo Dilma, com todas as críticas, tínhamos um rapper como membro do Conselho. Isso é um marco. Ocorre uma desconstrução e uma descontinuidade porque é a cultura que transforma. Quando você só fala de coisas do coração [exemplo em referência à música sertaneja], você não fala de revolução”, argumentou.

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Portanto, esse deve ser o trabalho da esquerda no que diz respeito à cultura. GOG, que possui filiação política, mas que não quis revelar qual, destacou que um novo governo Lula terá de gastar mais com cultura “e incluir um livro na cesta básica, porque livro também é alimento, alimento para a mente. Precisamos apostar no simbólico”.

O rapper também vê a cultura como um ponto de diálogo que pode permitir à população entender a máquina do Estado e o motivo, por exemplo, que Lula precisa realizar uma aliança com Geraldo Alckmin, como citou. “Precisamos também focar na auto-gestão e em participar de mandatos públicos, atuar como coletivo, não colocar nossa solução nas mãos de um dono da verdade, salvador da pátria”, enfatizou.

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