Jean Wyllys explica hipocrisia dos homofóbicos: inveja da liberdade
"Eu só forçaria a porta do armário de um canalha que estivesse publicamente condenando os homossexuais. Ficar no armário é uma coisa, agora, permanecer no armário, atacando os homossexuais, é outra. Isso eu jamais vou admitir. Canalhas como este deputado republicano do Ohio, nos EUA, que é um verdadeiro espelho da hipocrisia dos homofóbicos que acusam o nosso orgulho e nos chamam de 'gayzistas': todos estes, na verdade, sentem inveja da minha, da sua, da nossa liberdade", diz ele, ao comentar o caso do deputado homofóbico Wes Goodman que renunciou após ser flagrado numa relação homossexual
Por Jean Wyllys, em seu facebook
Criador da psicanálise (campo do conhecimento encarregado de dar conta da construção das subjetividades e da dinâmica dos desejos e das pulsões humanas), Sigmund Freud, disse - não com essas palavras, claro - que jamais conseguimos erradicar os desejos que nos assaltam: o que fazemos é recalcá-los. Mas, como, segundo Freud, recalque não significa erradicação, todo desejo recalcado pode retornar sob uma máscara. Um exemplo simplista (perdoem-me, psicanalistas amigos, essa simplificação, mas é o que é possível aqui no Facebook): uma pessoa que tem um desejo sexual por outra do mesmo gênero, mas que não pode realizá-lo por repressão social, recalca esse desejo, que acaba retornando sob uma máscara (a do ódio homofóbico, por exemplo).
O armário, para gays, lésbicas e bissexuais, também é uma estratégia de defesa. Fazer o coming out é bom em todos os sentidos, porque viver com medo é viver pela metade, mas cada um sabe onde o sapato lhe aperta o calo. Muitos e muitas desfrutam dos prazeres da homossexualidade e bissexualidade no armário, numa gestão esquizofrênica e carregada de culpa da própria vida. Fazer o coming out também é ser potencialmente vítima de violência, simbólica e real. Por tudo isto, eu não condeno alguém que se mantenha no armário. Tenho apenas uma exceção...
Eu só forçaria a porta do armário de um canalha que estivesse publicamente condenando os homossexuais. Ficar no armário é uma coisa, agora, permanecer no armário, atacando os homossexuais, é outra. Isso eu jamais vou admitir. Canalhas como este deputado republicano do Ohio, nos EUA, que é um verdadeiro espelho da hipocrisia dos homofóbicos que acusam o nosso orgulho e nos chamam de "gayzistas": todos estes, na verdade, sentem inveja da minha, da sua, da nossa liberdade.
[No livro “O fim do armário”, que eu já recomendei aqui a vocês, tem um longo e muito interessante capítulo sobre o “outing”, que é justamente a prática de tirar outras pessoas do armário sem seu consentimento. E o autor defende justamente a mesma única exceção que eu faço aqui. Vocês podem adquirir o livro na pré-venda: http://catarse.me/fim_armario]
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