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Livros de Graciliano Ramos entram em domínio público

Obras do mestre da literatura podem ser publicadas sem pagamento de direitos autorais aos herdeiros

Livros de Graciliano Ramos entram em domínio público

247 – A rica obra do renomado autor brasileiro Graciliano Ramos, entre elas o clássico "Vidas Secas", alcançou recentemente o status de domínio público. Isso significa que livros inéditos, como o poema "Os Filhos da Coruja", lançado pela editora Todavia, podem agora ser publicados sem a necessidade de pagamento de direitos autorais aos herdeiros do escritor. A iniciativa faz parte de um projeto coordenado pelo pesquisador Thiago Mio Salla, que visa explorar diferentes perspectivas e oferecer edições críticas da vasta obra do autor.

Apesar da entrada no domínio público abrir espaço para diversas edições, a família do autor expressou descontentamento, classificando a situação como uma "sacanagem enorme", segundo reportagem da Folha de S. Paulo. Ricardo Ramos Filho, neto de Graciliano Ramos, lamenta a desconsideração das instruções explícitas deixadas pelo avô, que proibiam a publicação de textos feitos sob pseudônimo após sua morte. Segundo a legislação brasileira, os herdeiros têm controle total sobre a obra por 70 anos após o falecimento do autor.

Diversas editoras, incluindo Todavia, Antofágica, Clube de Literatura Clássica e Companhia das Letras, estão aproveitando as oportunidades proporcionadas pelo domínio público para lançar edições das obras de Graciliano Ramos. A Companhia das Letras, por meio do selo Penguin-Companhia, planeja disponibilizar uma trinca de romances, incluindo "Angústia", "São Bernardo" e "Vidas Secas", tornando a obra mais acessível ao público.

Apesar da concorrência, a editora Record, que publica Graciliano Ramos desde os anos 1960, continuará editando seus textos. A empresa planeja lançar um box com os principais romances do autor, uma versão de bolso de "Vidas Secas" e o volume "Prefeito Escritor", com relatórios da vida política do autor antes do sucesso literário.

A família de Graciliano Ramos continuará recebendo direitos autorais da editora Record por mais cinco anos, com parte do montante destinado ao Instituto Graciliano Ramos, que apoia o Innocence Project Brasil. Apesar de ser favorável à disponibilização gratuita da obra, Ricardo Ramos Filho lamenta a comercialização sem pagamento de direitos autorais permitida pela legislação vigente, e nos últimos anos, buscou sem sucesso alterar as leis que regem o domínio público.