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Cultura

Mostra “Histórias da Amazônia” revela devastação e ameaças a indígenas

Em formato híbrido, a obra exibirá filmes do pioneiro Adrian Cowell e de novos realizadores, em tempos de luto por Bruno Pereira e Dom Phillips

Stella Oswaldo Cruz Penido, Adrian Cowell e o cinegrafista Vicente Rios em Belo Horizonte, 2009 (Foto: Divulgação/COC/Fiocruz)
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Por Carlos Alberto Mattos - A memória do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips estará pairando sobre um evento que começa nesta segunda-feira no Memorial Darcy Ribeiro (Beijódromo) do campus da Universidade de Brasília, com toda a programação transmitida online para o Brasil inteiro. Históriasda Amazônia: Mostra Adrian Cowell de Cinema Socioambiental vai relembrar a obra de um cineasta pioneiro em levar ao conhecimento do mundo a devastação da Amazônia e as constantes ameaças aos seus povos originários.

Adrian Cowell (1934-2011) foi um inglês nascido na China que vasculhou a Amazônia com sua câmera altamente reveladora. A amizade com Chico Mendes foi um dos elos mais fortes de Cowell com a Amazônia, muito embora suas viagens à região remontem a 1958, quando veio pela primeira vez numa expedição de jovens cineastas. Era fascinante ouvir os relatos do documentarista sobre sua militância contra a especulação depredadora, suas incursões floresta adentro junto aos Villas Boas, Apoena Meirelles, Sidney Possuelo, etc. E muita malária, que atingiu também sua mulher e seu permanente colaborador Vicente Rios.

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O antológico A Tribo que se Esconde do Homem, de 1970, já registrava a saga dos irmãos Villas Boas, na década de 1960, para contatar e levar para o Xingu os índios Panará ou Kren-Akarore. A série A Década da Destruição, veiculada na BBC inglesa, acompanhou em várias frentes a destruição da floresta ao longo dos anos 1980 e tornou-se peça-chave do movimento em sua defesa.

Como parte de seu ativismo, Cowell ainda escreveu dois livros sobre índios brasileiros, The Heart of the Forest e The Tribe that Hides from Man, além de um livreto sobre a série A Década da Destruição.

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A parceria de Cowell com o brasileiro Vicente Rios foi uma das mais sólidas do documentarismo mundial. Juntos, em dezenas de filmes e programas de TV, eles fizeram a crônica da colonização, do desmatamento e dos incêndios na floresta. Documentaram as campanhas ambientalistas, a morte de Chico Mendes, a criação das primeiras reservas extrativistas e os primeiros contatos com os índios Uru Eu Wau-Wau. Sempre com o apoio da Universidade Católica de Goiás e a codireção, produção local e fotografia a cargo de Rios.

A ligação com o Brasil foi tamanha que Cowell doou todos os seus filmes brasileiros à Universidade Católica de Goiás. Ele explicou o motivo: “Primeiro, porque meu parceiro, Vicente Rios, é de lá. Depois, porque devo isso ao Brasil, que sempre me deu muito. Nunca tive dificuldade para filmar aqui. Lembro que um dia chegamos com duas câmeras numa fazenda acompanhando um fiscal do IBAMA que ia multar o proprietário. É claro que ele não assinaria um papel autorizando as imagens de sua punição por um crime ambiental. Mas, para minha surpresa, ele assinou!”A mostra Histórias da Amazônia tem como objetivo estimular reflexões, debates e a ampliação do conhecimento público sobre temas socioambientais de grande relevância para a Amazônia, num momento crítico para o país e o planeta, Durante cinco dias, serão realizadas seis sessões de longas e curtas metragens, contando com a exibição de filmes emblemáticos de Cowell e equipe, e de trabalhos recentes de uma nova geração de cineastas que seguem seu legado e inspiração. Junto com a exibição dos filmes, haverá mesas de debate sobre o tema de cada sessão, com a participação de lideranças de povos indígenas e de movimentos sociais, de cientistas, parlamentares, cineastas e representantes de entidades socioambientais.

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Confira toda a programação no site da mostra e o acesso às sessões online na plataforma AmazôniaFlix.

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