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Cultura

'Neopentecostalismo é a religião do neoliberalismo', diz Gilberto Nascimento

Escritor discorreu sobre o crescimento das igrejas evangélicas no país e ponderou sobre possibilidades de diálogo com a esquerda

Edir Macedo e Gilberto Nascimento (Foto: Reprodução | Felipe L. Gonçalves/Brasil247)
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Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta quarta-feira (01/12), o jornalista Breno Altman entrevistou o escritor Gilberto Nascimento sobre o crescimento das igrejas evangélicas e sua relação com a política brasileira.

“O neopentecostalismo é a religião do neoliberalismo porque tem essa coisa do empreendedorismo, da busca por prosperidade, por ganhar bem. E é um discurso que ressoou com setores menos privilegiados da população. A teologia da prosperidade diz que a riqueza é uma bênção de Deus, que ele quer ver as pessoas ricas e prósperas, então basta doar a Deus e, por tabela, à igreja e ao pastor, que você irá receber”, começou explicando o jornalista.

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Assim, a lógica das igrejas fundamentalistas se assemelharia mais à de uma empresa que quer aumentar seu poder de influência sobre a população e a política para obter benefícios financeiros. Nascimento reforçou esse argumento contando que chegou até a ler o livro do pastor Edir Macedo, publicado em 2007, “e não consegui ver ali fundamentação política ou ideológica”. 

Nesse sentido, o grupo — que não é único e homogêneo, chegando até a existir evangélicos de esquerda — não teria um projeto de poder de construir um Estado teocrático cristão: “Acho que se eles conseguissem, iam adorar, mas não dá para dizer que têm esse projeto. Por enquanto têm relações mais pragmáticas e fazem alianças em torno de interesses e objetivos específicos”.

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Por isso, também se trata de um grupo que, apesar de ter suas preferências políticas, se transforma a cada governo “para poder se dar bem com o grupo que for”. O jornalista destacou que os evangélicos da Assembleia do Reino de Deus e da Universal, os dois grupos mais poderosos e conservadores, chegaram a demonizar o Partido dos Trabalhadores e Lula, mas, quando ele venceu as eleições, “embarcaram de maneira intensa no governo”.

“Aliás, mesmo nas eleições de 2018, com Bolsonaro, que era o candidato mais próximo ao que eles queriam, Edir Macedo começou apoiando Geraldo Alckmin, porque se pensava que ele tinha mais chances de ganhar do que Bolsonaro”, ponderou.

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Relação com Bolsonaro

Com o presidente Jair Bolsonaro, Nascimento alertou que o ativismo evangélico conservador se fortalece cada vez mais, atingido seu ápice e conseguindo poder e cargos dentro do governo, mais do que só capacidade de influência.

“Ao longo dos anos, mesmo com uma agenda ultra conservadora, esses grupos se amoldavam aos governantes, tentando fazer avançar suas pautas, mas se ajustando ao governo do momento. Com Bolsonaro, houve uma identificação muito maior, uma simbiose, uma união, de conseguir até cargos em Ministérios e no próprio STF [em referência ao ministro André Mendonça]”, discorreu.

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Por outro lado, ainda que Bolsonaro tente fortalecer a relação com o fundamentalismo religioso adotando, por exemplo, discursos negacionistas, este muitas vezes acaba encontrando respaldo mais entre os líderes evangélicos e até católicos, do que entre os próprios fiéis.

“No começo os grupos evangélicos também buscaram negar, minimizar a pandemia, mas depois assumiram uma posição mais discreta porque a maioria dos fiéis são de origem simples, pessoas que precisaram seguir trabalhando e, portanto, parte do contingente que mais perdeu parentes. Não dava para ficar sustentando o discurso negacionista”, refletiu.

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Relação com a esquerda

No passado, a esquerda tinha boas relações com grupos religiosos, principalmente os católicos adeptos da teologia da libertação. Hoje em dia, porém, o diálogo é praticamente inexistente. 

Nascimento criticou a esquerda nesse aspecto. Ele afirmou que existe muito preconceito com relação aos evangélicos e “não entendem esse mundo”, mas reconheceu que existem iniciativas de mudar o cenário. 

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Além disso, ele destacou o papel de grupos de jovens fiéis que atualmente estão buscando desmistificar a visão que existe da pessoa evangélica, “mostrar que nem todos são seguidores do Silas Malafaia”. “Mas quem é conservador vai continuar sendo conservador e quem é progressista vai continuar sendo progressista”, sustentou. 

Entretanto, quando chega na hora de votar, embora pese a condição religiosa, o jornalista argumentou que a condição material e financeira pode chegar a pesar ainda mais: “Acho que essa podia ser a pauta de diálogo entre a esquerda e os evangélicos. Porque uma pessoa de origem muito simples, por mais que vote em função do pensamento religioso, perdeu muitos parentes devido ao negacionismo de Bolsonaro e ainda tem lembranças de quando sua vida era melhor nos governos PT”.

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