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Cultura

O "mau garoto" Yves Saint-Laurent

O gnio que revolucionou a moda ao criar o smoking feminino na dcada de 1960 retratado em nova biografia que fala de sua tumultuada relao com Pierre Berg e da amizade colorida com Andy Warhol

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Por Patrícia Lobo_247 - O título original do livro que relata a vida de um dos maiores estilistas de todos os tempos, Yves Saint Laurent (1936-2008), é “Mauvais Garçon”, ou seja, Garoto mau, em português. A edição brasileira, no entanto, não manteve a tradução literal e optou por uma versão genérica: Saint Laurent – A Arte da Elegância (Editora Larousse). A autora Marie-Dominique Lelièvre, jornalista do jornal francês Libération, retrata a trajetória do gênio da moda desconstruindo o mito e revelando a sua face mais trangressora e humana. Um Yves Saint Laurent passional, inquieto e eternamente insatisfeito desponta das páginas de sua biografia que relata o seu vício em cocaína e álcool, as brigas, às vezes violentas, com o parceiro Pierre, e os altos e baixos do que foi a sua maior obsessão: o trabalho de estilista.

A leitura revela o intrigante universo de Yves Saint Laurent, a sua genialidade transparece na mesma proporção que seu ar misterioso e perturbado. Nascido na Argélia, o estilista carrega em sua trajetória uma angústia incomum e uma discreta tristeza, como se ele estivesse o tempo todo à parte do todo. A obra retrata diversos momentos importantes, entre eles está a dificuldade, enquanto jovem, de lidar com a sexualidade. Em um trecho, a autora transcreve uma fala de Saint-Laurent: “Há duas facetas na minha juventude: era feliz com minha família, mas não na escola”, diz ele, que era ridicularizado pelos colegas, que o chamavam de “bichinha”. Um dos primeiros trabalhos do estilista foi com o já consagrado Christian Dior, trinta anos mais velho que Saint Laurent.

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Ambos partilhavam de um temperamento reservado e tímido e Dior simpatizava com o jovem Yves e foi um incentivador de sua carreira. Em outro trecho o estilista é assim descrito: “Yves organiza bailes juvenis, participa de festas a fantasia. Gosta de se exibir; é tagarela. Nenhum dos amigos faz perguntas sobre sua sexualidade, ainda que todos o considerem um pouco efeminado...”. Saint Laurent revolucionaria o tradicional guarda-roupa feminino ao criar o smoking para mulheres, em 1966. O traje era composto de uma blusa transparente e uma calça masculina – marca que se consagraria no universo da moda e passaria a desfilar em todas as suas coleções, além de influenciar outros criadores. O Le Smoking foi um divisor de águas na forma como as mulheres se vestiam, festejado por artistas como Marlene Dietrich e um símbolo da liberdade feminina. Intenso e impulsivo, tornou-se um grande amigo de Andy Warhol, frequentou a Fábrica do artista em Nova York e manteve com ele um relacionamento ambíguo – a autora sugere que existiu entre eles um romance e o artista retratou Saint Laurent em uma famosa tela.

Não são poucos os escândalos relacionados ao universo das passarelas, os altos e baixos da carreira do estilista, o abuso de álcool e drogas e as idas e vindas dos amores. Assim a autora o apresenta aos leitores: “O jovem, antes casto, agora faz sexo em ritmo frenético. Nostálgico da África do Norte, entrega-se a vulgaridade com os jovens árabes. Sob as pontes do Sena, ajoelha-se, como dizia Marlene Dietrich, diante de belos garotos do mediterrâneo... Faz para eles uma gentileza oral. Um boquete diriam outros. O que lhe trazem tais ações beneficentes? Muito mais imagens do que sensações. Roteiros que alimentam a imaginação. Masoquista, Yves é mais mental que sensual. E, além disso, manipula o companheiro. Furioso com essas relações, ciumento, e também inquieto, Pierre começa a segui-lo. Um jogo engraçado e compulsivo...”.

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O jovem Pierre a quem ela se refere é Pierre Bergé, seu primeiro amante e co-fundador da marca YSL, que seria seu amigo por toda a vida, mesmo depois de ser acusado e condenado por desvio de dinheiro na empresa, fato que é mencionado em um dos capítulos do livro: “Naquele mesmo momento, um novo escândalo atinge Pierre Bergé, investigado por abuso de informação privilegiada. Um relatório documentado da Comissão de Operações da Bolsa (COB) indica que em meados de 1992 Pierre Bergé vendera discretamente 120 mil ações Saint Laurent na Suíça, exatamente antes da publicação dos (maus) resultados da empresa. Com o processo penal, corre sério risco de ser condenado a dois anos de prisão e de pagar uma multa que poderia chegar a dez vezes o montante dos lucros realizados, o equivalente a 300 milhões de francos (57 milhões de euros)”. A dívida chegaria a um milhão de francos, e um acordo encerrou a pendenga sem maiores prejuízos à marca ou à amizade do casal. “O divórcio foi inevitável, mas o amor nunca parou”, declarou certa vez Pierre sobre o companheiro.

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