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    O que é o humor, afinal?

    O povo brasileiro já ri das piadas politicamente incorretas, mas não adianta tentar enfiar goela abaixo piadas ruins e idiotas somente porque são politicamente incorretas

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    Todos nós já rimos de uma piada maldosa, principalmente quando contada por um tio babaca. Piada de negro, loira, gordo, nerd, paralítico ou deficiente. É fato que muitas vezes damos risada de piadas que são até mesmo sem graça, somente pelo desejo de soltar o famoso: “HAHAHA OOOOW, SNAP!”. Só que agora essas piadas se expandiram e chegaram aos humoristas profissionais, o que tem gerado uma certa fúria por parte dos brasileiros que cresceram condicionados a acharem que minorias precisam ser alvo de extra-proteção.

    Seguindo um modelo americano de piada, a galera do Brasil decidiu fazer humor com tudo, desde piadinha sobre ter visto uma placa engraçada até sacanear mulher estuprada… E a pergunta que todo mundo se faz nesse momento é: o que é engraçado?

    Existem dois extremos nesse assunto. Uns dizem que minorias NÃO podem ser sacaneadas. Já outros defendem que TODO tipo de piada deve ser contada. Eu já acho o seguinte: todo extremo é idiota.

    O que nós temos no Brasil, nesse momento, é uma metralhadora de piadas politicamente incorretas sendo contadas somente porque são politicamente incorretas. É o humorista fraco que tenta fazer com que as pessoas dêem risada de um cadeirante somente porque ele é cadeirante. Algo como: “HAHAHA OLHEM GENTE, OLHEM, ELE TEM SÍNDROME DE DOWN, HAHAHAHA”. Isso não é humor, isso não é piada, isso é apenas idiotice.

    Mas peraí, então não pode fazer piada com quem tem síndrome de down? Sim, pode. O pensamento de que não se deve incluir minorias nas piadas é simplesmente burro e preconceituoso. Sim, é preconceituoso. A partir do momento em que você assume a postura de que o cara na cadeira de rodas não pode ser sacaneado, você está apontando o dedo pra ele e tratando como desigual, dizendo que ele é um pobre coitado que merece a nossa pena, está segregando e impedindo que o indivíduo possa se sentir incluído dentro do contexto normal da sociedade. Em resumo: se você deixa de fazer uma boa piada com um cadeirante só porque ele é cadeirante, você é um preconceituoso de merda.

    O principal é: que tipo de piada é a certa a se fazer? Ora, dane-se! Não existe tipo certo, o que existe é o mesmo pra qualquer outra piada: o que é engraçado e o que não é engraçado. Você falar: “abrece um estuprador porque ele dá sexo pra mulheres feias” é simplesmente sem graça e uma tentativa extremamente fracassada de fazer polêmica cômica. Em contrapartida nós temos exemplos brilhantes de piadas envolvendo negros, pobres, loiras, gordos e deficientes por aí, contadas até mesmo por gênios como Chico Anysio. O povo brasileiro começa a se adaptar pra rir das piadas politicamente incorretas, mas não adianta tentar enfiar goela abaixo piadas ruins e idiotas somente porque são politicamente incorretas. Nesse caso, amigo, você é apenas um humorista meia boca.

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