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Cultura

O rap do adeus de Gil Scott-Heron

Compositor, cantor e ativista poltico, o pai do gnero musical faleceu na noite de sexta-feira (27), em Nova York

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247 – A poesia negra americana, do ativismo político, dos guetos, do jazz, do soul e do hip hop perdeu um de seus maiores expoentes na noite de sexta-feira (27). Gil Scott-Heron, 62 anos, um dos precursores do rap, morreu no centro médico St. Luke's de Manhattan, em Nova York, vítima de uma enfermidade. Heron, cuja fusão de ativismo político, versos recitados e percussões minimalistas valeu-lhe o apelido de "padrinho do rap" era soropositivo há cerca de duas décadas e mantinha forte dependência de cocaína – chegou a cumprir pena de um ano e meio na prisão por posse de drogas. Segundo informa neste sábado o jornal "New York Daily News", o artista, foi internado após contrair uma doença em turnê pela Europa.

Scott-Heron se tornou símbolo da contracultura com a música A Revolução não será televisionada (de 1971), na qual recorreu à palavra falada como uma crítica à superficialidade da sociedade de massa, recheada de referências culturais e políticas (de Tim Leary a Nixon, seu grande inimigo, de Natalie Wood a Jackie Onassis). Anos mais tarde, essa provocativa mensagem inspirou dezenas de cantores de rap, de Common e Public Enemy a Kanye West, a utilizar fragmentos das canções de Scott-Heron para compor suas próprias músicas.

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O músico, nascido em Chicago, foi criado no sul dos Estados Unidos por sua avó. Filho de um pai ausente -  Gilbert "Gil" Heron, apelidado de "The Black Arrow", o primeiro jogador negro que se juntou ao Celtics em Glasgow -, estourou na cena do jazz e da poesia de Nova York no final dos anos 60. Acompanhado por um piano e ao som de bongôs lançou, com a raiva contida de um poeta negro inconformado, seus discursos inflamados. Seu segundo álbum Pieces of a Man é, até hoje, considerado um dos melhores discos da década de 70. Nele, Scott-Heron contou com o apoio magistral de uma banda composta por alguns dos melhores músicos de jazz da sua geração: Bernard Purdie, Brian Jackson, Ron Carter e Hubert Laws.

A revolução da música disco atropelou Scott e os músicos do soul de sua geração e a tribo do rap, que muito deve à sua figura, não fez muito esforço para trazê-lo de volta – apesar de seu trabalho ser um dos mais sampleados até hoje. No final do anos 80, o músico passou a fumar crack e se envolver em encrencas. Em suas turnês pela Europa, especialmente na Inglaterra, tornou-se habitué do Jazz Caffe, em Londres, onde já no final da década de 90 fez apresentações gloriosas. Plateias, repletas de homens brancos o reverenciam como uma das vozes mais singulares da música dos últimos quarenta anos.

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Após a notícia da morte do "padrinho do rap" ser divulgada, o vocalista do Public Enemy, Chuck D, lamentou a perda em seu perfil no Twitter. “Fazemos o que fazemos e como fazemos devido a você", escreveu o rapper, que trabalhou recentemente em um projeto com o músico.

Embora tenha afirmado em muitas ocasiões que se considerava um pianista, Scott era ao mesmo tempo poeta e romancista, além de um ideólogo radical negro que para compor se inspirava no movimento, no tempo, nos lugares e nas mudanças de estação. Entre as mais de 120 canções que compôs, destacam-se o primeiro hino negro americano contra o apartheid na África do Sul, "Johannesburg", e a reflexão sobre o alcoolismo contemporâneo "The Bottle".

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Scott-Heron foi ainda professor de escrita criativa, poesia e romance na Universidade de Johns Hopkins e na do Distrito de Columbia, ambas na capital americana.

 

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